O poder de sinergia humana é uma dádiva

Alzevane Santos Maicá

Meu nome é Alzevane Santos Maicá; nasci no dia 05 de julho de 1974 e comecei a estudar aos 5 anos de idade no pré-escolar da Escola Estadual de 1º Grau Dr. Mário Sperb, destino natural de quem vinha de uma família pobre, filho de pais trabalhadores e semianalfabetos, residente e domiciliado no Bairro Campina, Município de São Leopoldo, região Metropolitana de Porto Alegre/RS. A escola pública foi o início, o meio e parece ser também o fim.

Lembro-me bem da ansiedade e expectativa de ir à Escola: tudo sempre foi bom, belo e desafiante; naquele período só existiam as brincadeiras de crianças e tarefas domésticas impostas pelos meus pais e o restante era sempre o máximo, seja em casa, na escola, nos tios, primos e parentes afins. Compromisso e preocupação eram coisas de adultos, para nós (minha geração de primos e vizinhos) bastava andar nos trilhos e o restante estava perfeito. Assim transcorreu o “primeiro grau”, em oito belos anos onde as narrativas de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) exorcizadas com festas ao som de “bichos escrotos”, se misturavam nos corredores com acesso a salas de aula de piano, laboratórios de química, laboratórios de biologia, salas que hoje seriam chamados de “Gourmet”, e nada mais eram do que as belas técnicas culinárias, intercaladas com as técnicas comerciais, industriais, áudio visuais e por último e não menos importantes técnicas agrícolas. Este período para mim nada marcou nos quesitos econômico e político. Já no quesito educacional, “hoje” percebo, com ênfase, que a educação, o respeito aos professores e o convívio para com os colegas eram simples, ou seja,“Você Era” e simplesmente era respeitado por “Ser”.

Aí sim entra o famigerado ano de 1989: dos 13 para os 14 anos o mundo me bate na cara e mostra a que veio, pois recém saído de uma posição de conforto, de quem estuda em escola as margens de casa, para cair em uma rotina de acordar as 5h45, encarar um transporte público, assistir a aula integral no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o bom e velho SENAI Lindolfo Collor, no qual cursei o Ensino Técnico em Eletrotécnica e Eletroeletrônica, e de volta ao transporte público encarava mais um período noturno na Escola Pública Técnica Frederico Guilherme Schmidt durante os longos quatros anos de formação técnica. Entre uma aula e um “chopp” sempre tinha um espaço para “Lula Lá! Nasce uma estrela. Lula lá! Meu primeiro voto. Lula lá …”, e assim participei com convicção pessoal, acreditando na utopia de que o sonho não acabou, de atos, shows e comícios; comícios esses onde presenciei cerca 350 mil pessoas em Porto Alegre/RS, na frente de um palanque em uma só voz, num só sonho; abro aqui um parêntesis para dizer que apanhei ao chegar em casa, é claro,mas, francamente o poder de sinergia humana é uma dádiva.

Passada a ressaca de uma derrota na eleição, o mesmo debutante manteve-se focado nos três frenéticos turnos de estudo, mas sem dúvida em 1992, posso não ter pintado a cara, pois quem pintava a cara era “filhinho de papai”, sem ideologia ou meramente por modismo, mas lá estava eu, convicto de que fazia parte daquela história. Claro que entre um gole e outro de cerveja, para compensar perdas que somaram dentre tantas outras, entre 1989 e 1996 caíram: Raul Seixas, Airton Senna, Renato Russo e o mais importante, meu Pai.

No entanto, o baile seguiu, pois “baterista bom não para de tocar quando falta luz”. Concluído o Ensino Médio Técnico em Eletromecânica, foquei exclusivamente o profissional, voltando à sala de aula somente em 2001, como bolsista integral no curso de Ciências da Computação na Universidade do Vale dos Sinos (UNISINOS); aí foram dois anos e meio muito traumáticos, pois estava utilizando a faculdade como trampolim profissional.Mas por não ser o que o coração realmente mandava, tranquei o curso no sexto semestre.

Perambulando pela faculdade da vida e adquirindo vivência suficiente no dia a dia, estou hoje cursando o prazeroso Curso de Graduação em Ciências Agrárias no Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari, em busca do que vi e vivi nas Técnicas Agrícolas (lembramlá do primeiro grau?) almejando conseguir, em primeiro lugar, receber conhecimentos técnicos e aprimorar o perfil pessoal, intelectual e, por que não dizer psicológico também? Sei que conhecer pode me tornar uma pessoa melhor, para que depois eu possa multiplicar aquilo que em mim foi cultivado, transmitindo e disseminando o bem.


Imagem de destaque: Ryan Tauss/Unsplash

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