O crescimento do polo médico-hospitalar na sede do município de Petrolina-PE e a centralização/mercantilização dos serviços de saúde

Sidclay Pereira

O Brasil possui o Sistema Único de Saúde (SUS), resultado de um intenso processo de demandas que culminou com a Constituição Federal de 1988 na qual, de acordo com o o Art. 196, “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

A população do município de Petrolina passou de 175.406 habitantes em 1991 para 293.962 em 2010. E estima-se que em 2017 esse número era de 343.219 habitantes. Em menos de trinta anos, a população quase duplicou, uma vez que se consolidou como uma cidade atrativa às pessoas em busca de oportunidades de trabalho e qualidade de vida. No período 2000-2010 a taxa de crescimento geométrico foi 3,01% ao ano, o que é considerada alta. Esse crescimento influenciou, sobremaneira, o aumento das instalações médico-hospitalares.

Seguindo a divisão regional da cidade de Petrolina, as instalações médico-hospitalares totalizam 8 na região Norte, 3 na região Oeste, 16 na região Leste e 63 na região Centro-Sul. Ressalva-se que mudanças podem ocorrer, uma vez que a abertura e o fechamento de algumas unidades seguem a lógica mercantilista dos serviços de saúde. A visível centralização se dá, principalmente, pelos hospitais e clínicas privados. Do total de 63 na região Centro-Sul, apenas 6 são públicos.

Essa centralização não atende absolutamente a população. Petrolina vem crescendo rapidamente nos últimos anos e a ocupação periférica vem sendo feita pela população mais pobre, seguindo a lógica dos grandes centros urbanos brasileiros no século passado. Com isso, milhares de pessoas precisam se deslocar em transporte público (caro e precário) para serem atendidas, o que é ainda mais grave quando tem-se em mente a população nas áreas rurais. Soma-se a isso o grande (e ainda imensurável) fluxo de pessoas oriundas dos municípios vizinhos, tais como Dormentes, Afrânio, Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista, Cabrobó, Orocó e Belém do São Francisco que buscam tratamento na cidade.

A má distribuição das unidades de atendimento causa todos os dias, transtornos aos pacientes que necessitam, por vezes com urgência, de atendimentos em locais distantes de suas residências. Por outro lado, aqueles que dispõem de recursos para pagar consultas e exames particulares têm uma rede centralizada que os atende quase em sua plenitude.

Os resultados encontrados fazem urgir a necessidade de repensar-se o modelo da espacialização dos serviços de saúde no centro urbano em Petrolina. A cidade não está sendo pensada para as pessoas como um todo, estimulando, assim, os espaços de exclusão. O reconhecimento dos serviços de saúde como um direto de todos e dever do Estado passa longe de ser uma realidade.

Essa pesquisa foi desenvolvida pelos graduandos de Licenciatura em Geografia da Universidade de Pernambuco, Campus Petrolina: Aparecido Alves do Nascimento (aparecido_alves00@hotmail.com);Alan Jonathan Passos Cordeiro(ajpc72@gmail.com);    Danielle Landim Ramos de Souza (daniellelandim29@gmail.com);  e Jaciara de Lima Nascimento (jacyliw@hotmail.com), como parte das atividades dos componentes curriculares Região e Regionalização e Geografia Regional do Brasil.

*Sidclay Pereira é licenciado e Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco, Doutorando em Ciências Geográficas pela Université Laval (Quebec, Canadá) e Professor Assistente do Colegiado de Geografia da Universidade de Pernambuco – Campus Petrolina.

Contato: sidclay.pereira@upe.br

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