Nem tudo é ruínas e caos!

EDITORIAL Nº248, 16 DE AGOSTO DE 2019

A ideia de que o Brasil é um país cordial e “da paz” foi construída historicamente de costas para a realidade extremamente violenta vivida por boa parte da população pobre. Para estas, muitas vezes, somente restou a alternativa de compactuar e compadrinhar com os poderosos da terra para salvar a própria pele. A contraditória situação de incorporar a ideologia da cordialidade para o tratamento dos “seus” e, ao mesmo tempo, praticar e demandar violência contra os “outros”, é parte desse imenso fenômeno social, político e cultural chamado Brasil.

No entanto, nos últimos anos, a desconstrução do mito da cordialidade tem sido feita, de forma sistemática por vários estudos acadêmicos e, sobretudo, pelos movimentos sociais. Os movimentos sindicais, sociais e culturais de bairros e favelas, feministas, indígenas, negros, LGBTQI e aqueles organizados por vários outros coletivos, têm sido protagonistas e porta vozes de uma contundente denúncia das violências praticadas pelo Estado e por empresas contra as populações mais vulneráveis em todo o país.

Do mesmo modo, foram estes movimentos que, aliados a grupos acadêmicos e a alguns partidos políticos, protagonizaram os maiores avanços na disputa pelo sentido público da ação estatal, logrando, especialmente nas últimas décadas, estabelecer estruturas de Estado e políticas públicas de combate às violências estruturalmente institucionalizadas na sociedade e no Estado brasileiro.

A virulência do combate bolsonarista contra os “ativismos” e contra as políticas de reconhecimento e combate às violências de todas as ordens – do racismo e dos preconceitos às formas mais arcaicas ou modernas de reprodução das imensas desigualdades econômicas que nos assolam – mostra que não apenas os movimentos estavam no caminho certo, mas que haviam conquistado expressivo avanço nas últimas décadas.

O bolsonarismo quer nos fazer crer que tudo é caos e ruínas. Uma das dimensões das políticas da morte apregoadas pelo governo federal é subtrair-nos a esperança. No entanto, é preciso observar os movimentos e suas tradições de lutas, continuamente atualizadas e potencializadas pela crítica e pela criatividade coletivas.  Eles nos dão a certeza de que o bolsonarismo tem sido combatido e pode ser derrotado.

O véu que encobria as políticas e práticas estatais e societárias de racismo, machismo, homofobia e discriminações as mais diversas já foi rasgado e não é mais possível esconder a realidade violenta que ele encobria. Não é mais possível voltar aos “tempos de ouro” cultivados pelo obscurantismo e reacionarismo bolsonarista. Por mais terríveis que sejam os arautos da violência e da ignorância não conseguirão calar as denúncias e os anúncios expressos nos corpos, nos gestos, nas vozes, nas mãos e mentes de milhões e milhões de oprimidos e oprimidas. Em meio à ruína e o caos há milhões e milhões de vozes a dizer: “FACISTAS, RACISTAS, MACHISTAS, NÃO PASSARÃO”!!!

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Nem tudo é ruínas e caos!

A ideia de que o Brasil é um país cordial e “da paz” foi construída historicamente de costas para a realidade extremamente violenta vivida por boa parte da população pobre. Para estas, muitas vezes, somente restou a alternativa de compactuar e compadrinhar com os poderosos da terra para salvar a própria pele. A contraditória situação de incorporar a ideologia da cordialidade para o tratamento dos “seus” e, ao mesmo tempo, praticar e demandar violência contra os “outros”, é parte desse imenso fenômeno social, político e cultural chamado Brasil.

No entanto, nos últimos anos, a desconstrução do mito da cordialidade tem sido feita, de forma sistemática por vários estudos acadêmicos e, sobretudo, pelos movimentos sociais. Os movimentos sindicais, sociais e culturais de bairros e favelas, feministas, indígenas, negros, LGBTQI e aqueles organizados por vários outros coletivos, têm sido protagonistas e porta vozes de uma contundente denúncia das violências praticadas pelo Estado e por empresas contra as populações mais vulneráveis em todo o país.

Do mesmo modo, foram estes movimentos que, aliados a grupos acadêmicos e a alguns partidos políticos, protagonizaram os maiores avanços na disputa pelo sentido público da ação estatal, logrando, especialmente nas últimas décadas, estabelecer estruturas de Estado e políticas públicas de combate às violências estruturalmente institucionalizadas na sociedade e no Estado brasileiro.

A virulência do combate bolsonarista contra os “ativismos” e contra as políticas de reconhecimento e combate às violências de todas as ordens – do racismo e dos preconceitos às formas mais arcaicas ou modernas de reprodução das imensas desigualdades econômicas que nos assolam – mostra que não apenas os movimentos estavam no caminho certo, mas que haviam conquistado expressivo avanço nas últimas décadas.

O bolsonarismo quer nos fazer crer que tudo é caos e ruínas. Uma das dimensões das políticas da morte apregoadas pelo governo federal é subtrair-nos a esperança. No entanto, é preciso observar os movimentos e suas tradições de lutas, continuamente atualizadas e potencializadas pela crítica e pela criatividade coletivas.  Eles nos dão a certeza de que o bolsonarismo tem sido combatido e pode ser derrotado.

O véu que encobria as políticas e práticas estatais e societárias de racismo, machismo, homofobia e discriminações as mais diversas já foi rasgado e não é mais possível esconder a realidade violenta que ele encobria. Não é mais possível voltar aos “tempos de ouro” cultivados pelo obscurantismo e reacionarismo bolsonarista. Por mais terríveis que sejam os arautos da violência e da ignorância não conseguirão calar as denúncias e os anúncios expressos nos corpos, nos gestos, nas vozes, nas mãos e mentes de milhões e milhões de oprimidos e oprimidas. Em meio à ruína e o caos há milhões e milhões de vozes a dizer: “FACISTAS, RACISTAS, MACHISTAS, NÃO PASSARÃO”!!!


Imagem de destaque: Eric Ward/Unsplash

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