Monitoria em Sociologia. Eis uma questão! – exclusivo

Maria Antoniêta Albuquerque de Souza

A questão que aparece com frequência quando se trata de monitoria em Sociologia é: por que a sua participação tem sido irrelevante em programas de apoio e fortalecimento acadêmico na graduação? A costumeira ausência do uso dessa ferramenta de ensino e aprendizagem em Sociologia contribui para que, também, o aluno não vislumbre a sua adequação e utilidade. Poderia ser alegada como justificativa para isso, a incipiente prática e/ou contextualização de conteúdos disciplinares, favoráveis ao ensino de “bancada”, ainda no grau Médio.

Diante do exposto não parece estranho que os alunos de Enfermagem e Fisioterapia, da Universidade de Pernambuco. UPE Campus Petrolina, ao cursarem a disciplina Sociologia da Saúde (1º e 2º períodos respectivamente, e uma turma extra com variação de período) manifestassem impressões semelhantes às citadas. E, que as mesmas fossem se alterando no decorrer do semestre letivo. Na experiência de monitoria com essas turmas, assim como nos discentes, pairava sobre a aluna-monitora a insegurança quanto aos seus papéis, o valor e a pertinência da própria atividade, até porque são raros os relatos sobre esse tipo de vivência.

Nos primeiros encontros prevalece na abertura para o reconhecimento da monitoria o princípio da identificação: ´se o colega de graduação em curso de saúde gosta de Sociologia e pode compreendê-la, eu…’. O que auxilia na valorização desta função para si, a profissão e o curso.

Contudo, permanecem fantasmas que atrapalham a relação professor-aluno e a disposição para a aprendizagem. Eles assumem a forma de resistência alimentada no imaginário sobre a complexidade da Sociologia, manifestada na resistência, nos medos da avaliação, da reprovação, da dificuldade para a compreensão e a aprendizagem. A monitoria aparece, então, como uma possibilidade de apoio para o questionamento desses fantasmas. A simples facilitação das rotinas, existentes em quaisquer disciplinas, como os esclarecimentos de dúvidas sobre horários, prazos e atividades a realizar, localização de textos para as aulas, número e dispensa de faltas, conversas sobre as experiências relacionadas a situações idênticas, contribuem para reduzir as tensões e que acentuam ruídos na comunicação cotidiana aluno-professor-aluno. O apoio logístico ao professor na organização da sala de aula conforme a utilização de técnicas de didática facilita, também, o funcionamento das aulas e a utilização produtiva do tempo.

Acompanhada sempre pela professora a aluna-monitora, na medida do possível, compartilha o planejamento da disciplina, as leituras antecipadas referentes às aulas, e a exposição e discussão de conteúdos em sala. Isso, também é relevante para o desenvolvimento de aptidões e competências necessário ao seu crescimento pessoal e profissional enfermeira e para a sua formação em docência.

Para além das contribuições que potencializam as aulas dialogadas e o uso de recursos visuais e técnicas de trabalho em grupo, a monitoria facilitou a organização e a operacionalização de atividades variadas. Não obstante a reduzida carga horária (45h/a) e o numero de alunos (40) das turmas regulares, foram realizados seminários temáticos sobre a construção de identidades e subjetividades, sobre a medicalização da vida social, com esforços de contextualização. Da mesma forma os alunos exercitaram a produção e a exposição de banners com esses temas, em áreas abertas da universidade.

Mas, não se pode deixar de ressaltar a experiência da monitoria com o pequeno grupo que compôs a turma extra (8 alunos, sendo 7 repetentes). Nesse, foi possível aplicar algumas técnicas de ABP – Aprendizagem Baseada em Problemas. A própria estrutura e organização do grupo tutorial promove uma maior interação entre os alunos e alunos-professor, e a dinâmica operada no grupo distingue no texto, sistematicamente, conceitos, objetivos, argumentos, resultados. Assim, a batalha com os fantasmas fortalecidos pela condição de aluno repetente foi, praticamente, vencida no inicio da disciplina com a ABP. Por vários motivos, incluindo uma maior segurança, uma motivação e um interesse na aprendizagem, os acadêmicos apresentaram-se mais tranquilos na primeira avaliação, onde os conteúdos foram trabalhados com a instrumentalização ABP.

Destaque-se que o ritmo de apresentação dos conteúdos, as referencias básicas, a carga horaria da disciplina, foram os mesmos dos oferecidos às outras duas turmas regulares. Mas, parece inegável o maior aproveitamento e a satisfação dos alunos da turma extra com a disciplina. Mesmo que outros variados fatores possam ter influenciado e não tenham sido considerados, duas coisas podem ser ditas. É muito provável que o rendimento da turma tenha sido melhor no primeiro bloco da disciplina com a ABP, e neste momento a monitoria foi menos participativa e requisitada que nas turmas maiores onde este técnica não foi utilizada.

O que vale refletir sobre a importância da mediação da monitoria na interação entre aluno-aluno – aluno-monitor – aluno-professor. Assim como, sobre a sua contribuição facilitadora no cotidiano da disciplina ao longo do semestre letivo. Ademais, a manifestação da vontade de alguns alunos de concorrer à vaga de monitoria em Sociologia da Saúde, sinaliza, nas três turmas, que a vivência da experiência reduz preconceitos e má informação sobre o estatuto dessa disciplina nos cursos de saúde.

Maria Antoniêta Albuquerque de Souza – Socióloga, profa. Adjunta da Universidade de Pernambuco, Campus Petrolina.

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