Mineiros discutem a situação das Univeridades Federais e IFTs no Estado

Desde 2015, o Governo Federal brasileiro está reduzindo a verba investida em instituições de desenvolvimento científico e tecnológico. De acordo com a campanha Conhecimento Sem Cortes, mais de 12 bilhões de reais deixaram de ser investidos até agora. Estes cortes afetam profundamente as Universidade Federais e Institutos Federais de Educação Profissional, Científica e Tecnológica que interromperam atividades, reduziram vagas, criaram dívidas e desativaram unidades desde que o contingenciamento de verbas começou. A situação grave destas instituições foi a motivação de uma audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na ultima terça-feira,12.

A reunião foi convocada pelos deputados estaduais Rogério Correia, Doutor Jean Freire e Cristiano Silveira, do PT e reuniu parlamentares estaduais e federais, lideres sindicais, gestores e representantes do movimento estudantil.Todos lembraram o papel da ciência e tecnologia na soberania nacional e a importância do setor para sair da crise em que o país se encontra. Para a Deputada Federal Margarida Salomão (PT) presente no evento o Brasil tem um potencial enorme, que depende da qualidade da universidade. “Nós estamos vocacionados para sermos liderança no panorama mundial, mas não faremos isso sem uma universidade pública, gratuita, autônoma e à altura dos nossos projetos para o povo brasileiro” afirma a parlamentar. Ela ainda falou de como as universidades públicas acolheram a população mais pobre do país nos últimos anos. “Segundo dados da Andifes, 80% dos estudantes das universidades federais vêm de famílias com renda inferior à 3 salários mínimos. Essa é uma mudança significativa no panorama histórico das universidades. Hoje a universidade é do povo, e por isso é preciso é preciso que ela seja defendida pela população brasileira como um bem seu e como garantia do seu futuro.”

Universidades, sindicatos, parlamentares e movimentos estudantis debatem a situação de colapso das instituições federais de ensino em Minas Gerais. Foto: Sarah Torres – ALMG

O contingenciamento atinge o processo de expansão do ensino superior. As instituições mais novas e no interior dos estados são mais prejudicadas, não só no que diz respeito ao oferecimento de vagas no ensino público, mas na realidade social das localidades. O Vice Reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), o professor Carlos Eduardo Rodrigues, lembra que a universidade atende a população das regiões norte, nordeste e noroeste do Estado de Minas Gerais, uma área historicamente desassistida. Para o professor, “não adianta falar que o estado vai se desenvolver se esta área for esquecida. Nós precisamos levar o desenvolvimento e o conhecimento científico e tecnológico para estas regiões.” Ele ainda destacou como o corte de verbas interrompeu a estruturação dos campus de Unaí e Janaúba.

Para os gestores, o baixo repasse de verbas exige que as instituições reduzam postos de emprego e coloquem em cheque a qualidade da educação publica. A situação financeira é um entrave para o cumprimento de metas que alavancariam o desenvolvimento social, econômico e educacional do país, além das metas do PNE em relação ao Ensino Superior.

O contingenciamento de verbas dificulta o cumprimento das metas estabelecidas pelo PNE. Fonte: www.observatoriodopne.org.br/metas-pne/12-ensino-superior

Os participantes da audiência também destacaram como o sucateamento das instituições publicas de Ensino Superior faz parte de um movimento de privatização das universidades e afastamento das classes mais populares deste direito. Cristina del Papa, Coordenadora Geral do Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino (SINDIFES) afirma que as elites brasileiras desejam o afastamento das minorias no ensino superior. “O que a gente vê do lado de lá, são pessoas que não gostam de diversidade, de pobres, negros, índios, quilombolas e não querem essas pessoas dentro da universidade. E como não conseguem ataca a qualidade do ensino, atacam os gestores. O nosso problema não é de gestão. O nosso problema é de financiamento”, afirma. O vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gabriel Luna lembra que os estudantes mais carentes são os mais afetados pelo corte de verbas, sendo que a assistência estudantil é uma dos primeiros investimentos cortados.

O papel de resistência das universidades foi destacado pelos debatedores presentes. Para eles, a histórica capacidade de luta de estudantes, professores e servidores é mais uma vez imprescindível para mudar o cenário. A presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG), Beatriz Cerqueira, destacou a necessidade de mobilização constante de toda classe trabalhadora, assim como o diálogo constante com a população. A professora lembra que “a população não defende aquilo que ela não compreende que está perdendo. É preciso que a gente amplie mecanismos de diálogo.” Ela propõe expandir o diálogo para todas as localidades que tem institutos federais e universidades. “É assim que vamos defender os serviços públicos e seus servidores”.

A reunião encaminhou a criação de uma frente parlamentar em defesa instituições federais de ensino no Estado.

Leia também: Cortes orçamentários comprometem universidades federais – ALMG

 

Imagem de Destaque: Foto: Sarah Torres – ALMG

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Mineiros discutem a situação das Univeridades Federais e IFTs no Estado

Desde 2015, o Governo Federal brasileiro está reduzindo a verba investida em instituições de desenvolvimento científico e tecnológico. De acordo com a campanha Conhecimento Sem Cortes, mais de 12 bilhões de reais deixaram de ser investidos até agora. Estes cortes afetam profundamente as Universidade Federais e Institutos Federais de Educação Profissional, Científica e Tecnológica que interromperam atividades, reduziram vagas, criaram dívidas e desativaram unidades desde que o contingenciamento de verbas começou. A situação grave destas instituições foi a motivação de uma audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na ultima terça-feira,12.

A reunião foi convocada pelos deputados estaduais Rogério Correia, Doutor Jean Freire e Cristiano Silveira, do PT e reuniu parlamentares estaduais e federais, lideres sindicais, gestores e representantes do movimento estudantil.Todos lembraram o papel da ciência e tecnologia na soberania nacional e a importância do setor para sair da crise em que o país se encontra. Para a Deputada Federal Margarida Salomão (PT) presente no evento o Brasil tem um potencial enorme, que depende da qualidade da universidade. “Nós estamos vocacionados para sermos liderança no panorama mundial, mas não faremos isso sem uma universidade pública, gratuita, autônoma e à altura dos nossos projetos para o povo brasileiro” afirma a parlamentar. Ela ainda falou de como as universidades públicas acolheram a população mais pobre do país nos últimos anos. “Segundo dados da Andifes, 80% dos estudantes das universidades federais vêm de famílias com renda inferior à 3 salários mínimos. Essa é uma mudança significativa no panorama histórico das universidades. Hoje a universidade é do povo, e por isso é preciso é preciso que ela seja defendida pela população brasileira como um bem seu e como garantia do seu futuro.”

Universidades, sindicatos, parlamentares e movimentos estudantis debatem a situação de colapso das instituições federais de ensino em Minas Gerais. Foto:  Sarah Torres – ALMG

O contingenciamento atinge o processo de expansão do ensino superior. As instituições mais novas e no interior dos estados são mais prejudicadas, não só no que diz respeito ao oferecimento de vagas no ensino público, mas na realidade social das localidades. O Vice Reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), o professor Carlos Eduardo Rodrigues, lembra que a universidade atende a população das regiões norte, nordeste e noroeste do Estado de Minas Gerais, uma área historicamente desassistida. Para o professor, “não adianta falar que o estado vai se desenvolver se esta área for esquecida. Nós precisamos levar o desenvolvimento e o conhecimento científico e tecnológico para estas regiões.” Ele ainda destacou como o corte de verbas interrompeu a estruturação dos campus de Unaí e Janaúba.

Para os gestores, o baixo repasse de verbas exige que as instituições reduzam postos de emprego e coloquem em cheque a qualidade da educação publica. A situação financeira é um entrave para o cumprimento de metas que alavancariam o desenvolvimento social, econômico e educacional do país, além das metas do PNE em relação ao Ensino Superior.

O contingenciamento de verbas dificulta o cumprimento das metas estabelecidas pelo PNE. Fonte: http://www.observatoriodopne.org.br/metas-pne/12-ensino-superior

Os participantes da audiência também destacaram como o sucateamento das instituições publicas de Ensino Superior faz parte de um movimento de privatização das universidades e afastamento das classes mais populares deste direito. Cristina del Papa, Coordenadora Geral do Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino (SINDIFES) afirma que as elites brasileiras desejam o afastamento das minorias no ensino superior. “O que a gente vê do lado de lá, são pessoas que não gostam de diversidade, de pobres, negros, índios, quilombolas e não querem essas pessoas dentro da universidade. E como não conseguem ataca a qualidade do ensino, atacam os gestores. O nosso problema não é de gestão. O nosso problema é de financiamento”, afirma. O vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gabriel Luna lembra que os estudantes mais carentes são os mais afetados pelo corte de verbas, sendo que a assistência estudantil é uma dos primeiros investimentos cortados.

O papel de resistência das universidades foi destacado pelos debatedores presentes. Para eles, a histórica capacidade de luta de estudantes, professores e servidores é mais uma vez imprescindível para mudar o cenário. A presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG), Beatriz Cerqueira, destacou a necessidade de mobilização constante de toda classe trabalhadora, assim como o diálogo constante com a população. A professora lembra que “a população não defende aquilo que ela não compreende que está perdendo. É preciso que a gente amplie mecanismos de diálogo.” Ela propõe expandir o diálogo para todas as localidades que tem institutos federais e universidades. “É assim que vamos defender os serviços públicos e seus servidores”.

A reunião encaminhou a criação de uma frente parlamentar em defesa instituições federais de ensino no Estado.

Leia também: Cortes orçamentários comprometem universidades federais – ALMG

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