Memórias de minha trajetória no mestrado profissional

Gean Breda Queiros

Um caminho percorrido, quase meio século de vida. Vivências sóbrias. Saudades partidas. Desconfiguro meu mundo para me reconfigurar nesta etapa. Pausa para um café. Um convite para a escrita. Não é fácil falar de si. Um exercício.

Foram necessários alguns anos de experiência para saber o que realmente me afetaria. Sem encontrar caminhos aonde pudesse seguir e portas para abrir, vaguei muito no abstrato e me perdi algumas vezes. Um passado que não quero lembrar. Cheguei ao fundo do poço, mas, mantive a esperança e a fé em Deus.

Sinto que não me formei professor. Me constituí e me desenvolvo sempre ao longo da vida. Minha experiência em sala de aula pode-se dizer recente. Aliás, fazem alguns anos que estou à frente de uma regência. Tive outras experiências e sei reconhecer que foram elas que me trouxeram aonde estou. Os desafios de uma sala de aula foram superados logo no início da carreira como docente, pois vi a forma que deveria guiar meus passos. A fórmula deu certo. Formação ao longo da vida. Sigo atento a tudo e a todos ao redor. Professor não pode enferrujar. Nunca!

Nessa caminhada desafiante, fui ao encontro daquilo que me fazia sentir prazer em estudar, buscando compreender os porquês dos fatos. Como diz a música: eu caçador de mim! O não calar e a inquietude me instigaram a percorrer caminhos e assumir posições que eu não tinha conhecimento e que de repente nunca assumiria.

Assim me constituí docente e avancei por alguns anos até chegar onde estou.

Quando a proposta desse mestrado chegou até meu conhecimento, agarrei-a com inspiração e planejei minha estratégia refletindo e agindo, sabendo que uma vaga seria minha, custasse o que fosse. E custou: muitas madrugadas em exercícios de escritas, gravações de voz e dinâmicas em frente ao espelho. Passa pela sua cabeça o significado de poder frequentar uma universidade pública, federal e ser parte de um curso stricto sensu? As possíveis relações estabelecidas e todo o universo que se abriria a frente?

Conheci muitas pessoas, estabeleci contatos. Fiz amizades, principalmente. Levarei boas recordações dessa turma realmente resistente.

Interessante quando me recordo do meu projeto inicial de pesquisa: hoje ele se enquadra como rabisco, mas a minha base teórica, esta nunca mudou. Aliás, caminho com ela diariamente e tenho a oportunidade de conviver com ela de forma intensa. Essa intensidade fez com que o meu projeto se tornasse vivo e a essa experiência fraternal me fez e faz crescer constantemente.

Penso em situações que jamais poderiam passar pela minha mente. Aprendi a exercitar a ação e reflexão de forma cíclica e contínua. Os encontros formativos que participo na UFES são de fundamental importância e vigor para amalgamar os textos lidos em ambientes externos da universidade e me capacitam a estabelecer diálogos com vários tipos de entes institucionais e institucionalizados. Pensar a inter, a trans e as multidisciplinaridades são meios e formas que os professores doutores desse curso nos colocam com suas sábias e generosas palavras carregadas de saber, sentido e conhecimento. Sou outra pessoa após um ano de mestrado profissional em educação e materializo em meus espaços essa transformação.

As pessoas que me conhecem, enxergam as mudanças fundadas em meus diálogos. Por mais que você domine um campo, sempre que você propõe cultivá-lo, haverá colheita frutuosa. Já consigo externar alguns resultados do que plantei.

Acredito firmemente que esse curso por mais que seja um ritual pré-estabelecido, é uma passagem para algo maior que está por vir, ou seja, um doutoramento. As pesquisas caminham para essa direção. Às vezes me sinto parte da música “Lanterna dos afogados” diante da metodologia, mas a cada passo, uma conquista.

Sou uma pessoa mais feliz atualmente. Realizando o plano que estabeleci para mim, consegui externar nesse espaço de comunhão a vivência e a convivência no meio acadêmico/universitário. Por mais que teça algumas abordagens de um memorial sobre quem sou eu, ainda me vejo com uma escrita técnica rememorando meu passado-presente.

Hoje, enxergo o mundo por um ângulo diferente. Aprendi que ser intelectual não é estar preso, enraizado à minha pesquisa e fazer dela a verdade absoluta, até mesmo porque na academia não existe verdade plena. Aprendi que o caminho da intelectualidade está na forma de enxergar a riqueza que cada um carrega e expressa em sua linha de pesquisa juntamente com o seu tema e problema buscando num prisma qual reflexo seguir. Acredito mesmo, nas relações de trocas entre os pares e nas histórias de vida de cada ser humano. Enfim, resistência sempre!


Imagem de destaque: Priscilla Du Preez / Unsplash

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *