Memórias de alunos e alunas sobre a escola e o ensino de ciências e biologia – Parte II

Martha Marandino*
Vinicius Santos**
Barbara Milan***

Organizando memórias

Esta série de textos trás parte dos depoimentos recolhidos na atividade “Memórias de aluno: dimensões da trajetória pré-profissional” do curso de Metodologia do Ensino de Ciências Biológicas II da Faculdade de Educação da USP. Confira a primeira seleção de memórias.

Continuando a percorrer memórias….

“Trabalhos de grupo: em biologia, houve dois trabalhos em grupo que eu me lembre. Um sobre “A importância do abraço” e outro uma tentativa de Iniciação Científica, em que pesquisamos sobre clonagem terapêutica. As aulas de ciências no Ensino Fundamental não tinham trabalhos em grupos, acho que eram mais em duplas ou individuais, e não eram na sala, mas para casa, para entregar depois. Aulas expositivas eram bem mais comuns, com poucos aderidos ao que o/a professor/a falava. Em biologia, as aulas muitas vezes acabavam em alguma conversa sobre algum aspecto da vida, não necessariamente conteúdo ‘biológico’. Lembrei que a minha professora de ciências da sétima série aplicava um ‘Soletrando’, em que as notas dos alunos se baseavam em quão bem eles conseguiram soletrar uma palavra ‘biológica’ correta (ex.: Ácido desoxirribonucleico). O laboratório da escola era uma sala que servia de depósito de outros materiais. Nunca tive experimentos. Pra não dizer que nunca pisei no laboratório, um dia a professora de biologia conseguiu limpar e arrumar o laboratório sozinha, e mostrou alguns materiais em acervo úmido (fetos, lagartos, águas vivas) e foi quando vi um microscópio pela primeira e única vez na escola. Era um corte de tecido nervoso, mas eu não consegui enxergar porque não sabia focar o aparelho. Nunca tive trabalhos de plantar, de montar uma horta, nada disso. Por outro lado, minha professora usou o tempo de algumas aulas (se me lembro, 50 minutos/aula) para passar um documentário, The Shapeof Life. Eu amava ver aquela diversidade de formas de vida, sobretudo as estrelas do mar predadoras. As aulas normalmente não eram nada (NADA) surpreendentes, mas tinha uma relação afetiva muito forte com a professora, apesar dela faltar BASTANTE. Eu amava quando sabia que era aula dela. Nunca tive saídas de campo ou visita a museus de ciências/biologia. Na minha escola também não existia (e ainda acho que não existe) feira de ciências. Pensando agora, que falta imensa de oportunidades, de estímulos… Não sei nem de onde veio a motivação pra estudar biologia, só sei que ela veio cedo, por eu gostar muito de natureza, de paisagens, de documentários de animais e das minhas professoras de ciências, mas em especial da de biologia. Nunca tive livros de biologia. Usei pouco o “Caderno do aluno”, porque minha professora era mais falante, não seguia muito um protocolo. Quando ela faltava, às vezes deixava uma lista de exercícios de vestibular, o que a gente era incapaz de fazer porque nunca tinha estudado o que era pedido. Aliás, foi muito emocionante o ano passado, quando eu comecei a trabalhar em um colégio de elite de SP, e ganhei da bibliotecária a coleção do Amabis, depois de 5 anos de graduação de biologia foi a primeira vez que toquei num livro didático de biologia. Não me lembro de provas de biologia, não sei se tínhamos. O ENEM eu só fiz porque a coordenadora da escola me inscreveu, porque eu não sabia o que era, para que servia. Minha lembrança de prova do ENEM era o nervosismo”. (Anônimo)

“Uma das experiências mais memoráveis que tive aconteceu durante o ensino médio, e foi quando a turma, conduzida pela professora, saiu da classe para explorar o jardim da escola e identificar as características das plantas de acordo com o que havia sido trabalhado em sala, o que ajudou a fixar o conteúdo e também incentivou um maior apreço por ele, uma vez que a rotina cansativa de aulas expositivas havia sido quebrada por essa atividade mais lúdica”. (Jônatas)

“Durante o meu período escolar, feito completamente no ensino público, tive algumas experiências que foram mais marcantes. Tive vários professores inspiradores que me abriram os olhos sobre a realidade que eu estava vivendo, como uma professora de História, que infelizmente não lembro o nome, mas que sempre elogiava as minhas respostas dos exercícios, e essa atitude me deixava muito animado com a escola, como se eu estivesse fazendo algo muito certo e que me motivava a aprender mais todas as matérias. O contato com os professores me mostrou como era possível que eu conseguisse também fazer o ensino superior, já que todos os docentes tinham feito e alguns tinham histórias de vida parecidas com a minha quando tinham a minha idade, fazendo com que eu fosse a primeira pessoa da minha família a cursar uma faculdade. Eu tive alguns professores excelentes, outros professores que já estavam desmotivados, mas, no geral, o período escolar foi uma boa experiência e eu só tenho a agradecer aos professores que não desistem de seus alunos”. (Duilio)

“Uma memória que marcou em aulas de ciência foi a primeira vez em que utilizei um microscópio, na sexta ou sétima série. A professora colocou uma mosca no estereomicroscópio e pediu para os alunos desenharem o que observaram. Fiquei bastante impressionado na época com a mosca e com o microscópio em si, e com a quebra na rotina das aulas”. (Matheus)

Desenho da Isa


* Martha Marandino – Profa. Associada da FEUSP.
**Vinicius Santos – Graduando em Licenciatura em Ciências/EACH/USP, Bolsista PIBIC de Iniciação Científica da FEUSP.
***Barbara Milan -Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Educação da FEUSP, Bolsista PAE.

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