Inovações Tecnologias e Inovações Pedagógicas: Texto I – exclusivo

Henrique de O. Fonseca

“Henrique, qual o assunto você gostaria de refletir sobre a Educação?” Bom, essa foi a questão que brotou de imediato na minha cabeça após receber o convite para participar do Pensar a Educação em Pauta. No início foram tantas possibilidades e dúvidas que me senti imobilizado! Como eu, um reles mortal, poderei escrever na companhia de nomes consagrados da área acadêmica? Ainda sendo historiador, será que devo escrever sobre temas mais abrangentes e aproveitar a oportunidade (sendo o Boletim a representação de um oásis para o prisional meio acadêmico)? Por que não tratar de algumas questões do seu interesse, mas que você ainda não desenvolveu? Você vai dar conta de uma empreitada como essa? …. Enfim, essas foram apenas algumas das indagações que me deixaram atordoado, mas, pensando melhor, considerei sobre as possibilidades que poderia explorar. Nessas circunstâncias surgiu, enfim, um questionamento que, ao invés de estremecer minhas estruturas, me estimulou: que tal abordar sobre temas relacionados às inovações tecnologias e inovações pedagógicas?

Nasceu, assim, o que será o foco das minhas próximas participações no “boletim”. Mas vale demarcar a perspectiva que aqui proponho, não restringirei o foco apenas ao universo público educacional, quero debater sobre temas relacionados às novas produções do mercado e seus desdobramentos na realidade educacional, procurando compreender como vem se delineando esse novo cenário escolar cada vez mais poroso aos avanços tecnológicos. Nesse sentido, serão recorrentes nos futuros artigos, assuntos relacionados à: inovação de materiais didáticos, sistemas de ensinos, convênios escolares, questões e incongruências legais, propostas educacionais…

“Henrique, mas qual a importância disso?” Essa foi outra questão que me afligiu subsequentemente, porém, algumas informações rapidamente deram coro ao meu ímpeto. Segundo algumas pesquisas, aproximadamente 65% dos alunos da educação básica terão empregos no futuro que não existem atualmente[1], o que evidencia como os sistemas de ensino deverão ser profundamente alterados nos próximos anos. Se pensarmos na realidade brasileira, essa relação entre educação e trabalho ganha contornos mais preocupantes, pois, conforme dados apresentados pela empresa de consultoria McKinsey & Company, diferente de alguns países mais desenvolvidos, no Brasil existe uma profunda distância entre a formação profissional educacional e a realidade profissional, ou seja, há um descompasso com o que é ensinado e com o que é cobrado pelo mercado[2]. Mas para além das questões relacionadas ao trabalho, as inovações tecnológicas vêm transformando as relações sociais de forma ampla, criando novas configurações de comunicação e diferentes maneiras de atuação em sociedade, instituindo novos meios de exposição pública, o que implica em modificações nas relações e nos objetivos educacionais. 

Nesse nosso novo cenário, o debate sobre tecnologias e inovações vem ganhando destaque nas reflexões pedagógicas. Os próximos artigos visarão trazer à tona alguns desses temas e quem sabe, utilizando esse espaço virtual, suscitar novos debates e novos questionamentos.

[1] “65% of today’s grade school kids will end up at jobs that haven’t been invented yet” sources as United States Department of Labor, Futurework — Trends and Challenges for Work in the 21st Century” was published on Labor Day 1999.

[2] Conferir: MOURSHED, M; FARRELL D., BARTON D. Educação para o trabalho: Desenhando um sistema que funcione. McKinsey & Company, 2012, disponível em: http://www.mckinsey.com.br/LatAm4/Data/E2E%20-%20portugues%20final.pdf

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