Formação docente: a tricotomia da UDESC

Norberto Dallabrida

No jornal Folha de S. Paulo, em 28 de novembro de 2015, Aloízio Mercadante, afirmou: “Se formássemos nossos médicos como formamos nossos professores, os pacientes morreriam”. O atual Ministro da Educação constata que a formação docente dada nos cursos de Pedagogia é frágil e deveria ser mais prática, evitando o excesso de discussão teórica. Embora categórica, a constatação é pertinente.

Uma leitora observou que neste canto do jornal eu tenho analisado e criticado instituições educativas públicas e privadas, mas não coloco a lente sobre a Universidade à qual estou vinculado. Aceitando o desafio, pretendo lançar um olhar sobre a formação de professoras/os para o Ensino Fundamental I e a Educação Infantil na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), oferecida por um Curso de Pedagogia presencial já cinquentenário, um jovem Curso de Pedagogia a distância e um Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE).

Constato que, em relação aos cursos de formação de professores/as para esses níveis da Educação Básica, a UDESC é marcada pela tricotomia. Ou seja, os três cursos que formam docentes atuam praticamente como ilhas que têm pouquíssima ligação entre si. Na graduação há dois cursos de Pedagogia que funcionam em prédios próprios, têm propostas curriculares diferentes e metodologias assimétricas. De outra parte, o PPGE, que tem uma importância estratégica na cultura pós-graduada stricto sensu da Universidade, ilumina pouco os dois cursos de graduação em Pedagogia.

Para serem eficazes, esses cursos formadores de professores/as para o Ensino Fundamental I e Educação Infantil deveriam tender à sinergia. Nos dias que correm, a maioria dos especialistas defende o blended learning na graduação, ou seja, um curso que combine momentos de ensino presencial e atividades a distância mediadas por ferramentais virtuais. Assim, salvo melhor juízo, a UDESC – que nasceu comprometida com o ensino público – poderia oferecer um único curso de Pedagogia consistente e atualizado, fundindo modalidades presencial e a distância. E o PPGE poderia estar mais focado nas pesquisas sobre as metodologias de ensino da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I – espinha dorsal do Curso de Pedagogia.

À luz da dura chamada do Ministro da Educação, os gestores da UDESC deveriam envidar esforços para articular os seus cursos da área pedagógica, visando a melhoria da qualidade da formação de professores/as para o Ensino Fundamental I e a Educação Infantil.

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