FAMILIA, à sua maneira!

 Aleluia Heringer Lisboa Teixeira

Família fica bem no plural. Não iremos encontrar um modelo universal, talvez seja esta a razão de a clássica frase de Tolstói, escrita em 1877, perdurar até os dias de hoje: “Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira”. Não se tratando de ser feliz ou infeliz, mas há algumas variáveis que fazem com que certas famílias com filhos em idade escolar se saiam melhor que outras no período de quarentena.

No contexto da grave crise econômica que vivemos, a relação com a escola nem sempre é da aldeia que educa, mas sim uma relação judicializada entre o prestador de serviço e o consumidor. Muitos pais e mães perderam drasticamente a renda, outros foram demitidos. Estão preocupados e tensos. Famílias, nesse sentido, estão sobrevivendo cada uma à sua maneira.

Além do impacto econômico, existe a estrutura familiar. O alicerce dará conta de segurar o tempo de turbulência? Os filhos, que antes passavam parte do dia na escola ou cumprindo agendas cheias, agora estão nos apartamentos. Felizes são aqueles que têm um quintal! Falta espaço e faltam os colegas. Não é apenas “fique em casa”, pois não se trata de férias. As tarefas escolares precisam ser mediadas pelos adultos responsáveis, necessidade essa, maior ou menor, dependendo do grau de autonomia da criança. Esse pré-requisito será determinante na qualidade do ambiente familiar que se tornará mais, ou menos, caótico e estressante. O tanto que o meu filho consegue buscar soluções e se organizar impacta diretamente a qualidade da vida dos pais.

Crianças não nascem autônomas. Elas aprendem a ser com o trabalho duro dos adultos responsáveis. Quem insistiu, cobrou e repetiu exaustivamente que “agora não”; “primeiro, isso!”“Vá lá e faça de novo”, ou então “agora, sim!” e, no final do dia ainda leu uma história? Esse é o tipo de investimento de longa duração, chamado de maternidade e paternidade, que é bem diferente de ser amigo dos filhos.

Devido à falta dessa estrutura que envolve autoridade e rotina, alguns filhos na quarentena viraram peso! “Ah! Não sei o que fazer com ele! Ele só quer comer miojo!”. Chama a atenção que, muitas vezes, esse sujeito cheio de vontades tem apenas 3 ou 4 anos!

Não podemos nos esquecer de algumas coisas. Filho um dia foi sonhado. Eles não chegam de repente. São gestados e, nesse período, vão anunciando que também irão mudar nossas vidas. Demandam novas acomodações. Os planos, passeios, viagens e noites não serão mais as mesmas. Filhos nos tiram do centro. Daí nos damos conta, depois que nossos filhos já nasceram, que maternidade e paternidade não são experiências românticas. Eles nos proporcionam uma experiência singular e nos dão a dimensão daquilo que é para sempre. Com eles passamos a entender, de forma bem mais generosa, os nossos pais e, muito provavelmente, agiremos muito parecido, repetindo tudo aquilo que um dia em nossa adolescência, criticamos. Importantíssimo lembrar, neste tempo em que muitos estão se descabelando com os filhos em casa, que eles não pediram para nascer. Nós “os invocamos”, chamando-os à existência. Temos, portanto, responsabilidades para com eles e isso dentro de nossas casas, lugar qualificado de convívio e aprendizagem. Tolstói tinha razão. Cada família carrega, cada uma à sua maneira e intensidade, uma alegria e uma dor. Isso não está sendo dito, mas está nas entrelinhas.


Imagem de destaque: @unitednations / Unsplash

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