Falta de (e da) educação na crise do Coronavírus

Neila Batista*

Pensando aqui na jornada heroica de trabalhadores e trabalhadoras da SAÚDE, na luta pela vida e na luta contra a morte.

Pensando aqui se a massa de gente, DIRETAMENTE envolvida com a EDUCAÇÃO,  estivesse mobilizada para atuar de forma ativa nessa guerra. Mesmo longe da aglomeração das escolas.

São mais de 50 milhões de estudantes. Some-se aí suas mães, seus pais e ou responsáveis. Acrescente-se o batalhão de mestres, mais o pessoal administrativo das escolas, mais a turma de apoio (portaria, cantineiras, povo da limpeza, manutenção). Falo aqui do ensino regular (que vai da educação básica ao terceiro grau). E não nos esqueçamos das equipes nas secretarias estaduais e municipais de educação, mais o povo do transporte escolar, da produção e venda de uniformes e artigos diversos. Com certeza, mais de 100 milhões de pessoas, se citarmos os cursos livres profissionalizantes, de idiomas, de treinamentos específicos etc. Que poderiam ser tratadas e tratados não como “coisa” passiva nessa crise sanitária, mas como ativistas de promoção da saúde.

E tem assunto pra tudo mundo. Infelizmente, os governos federal e o estadual de Minas só pensam naquilo: qual jeitinho será dado para resolver – burocraticamente – os dramas da paralisação de aulas? E, se depender deles, tudo será feito sem conversar com a sociedade.

Há muito mais coisa que a comunidade escolar ampliada pode ajudar nessa crise. Começando pelas professoras e professores de biologia e química: óbvio. A turma da matemática teria muito a dizer sobre os números e estatísticas em movimento. A geografia, a história, o português (e etimologia desse monte de palavras novas que aprendemos?). O inglês, o francês, o espanhol. E não se trata aqui de se enfiar a prosa oportunista do ensino à distância que, de meio complementar – passaria a ter papel central na “solução” do imediatismo posto pela crise sanitária. Nada disso: a comunidade escolar pode ter, nas suas vizinhanças, nos contatos de Zap, nas demais redes sociais, um papel importantíssimo. Que não se mistura com os remendos autoritários de Bolsonaro e Zema!

Todo mundo aí teria algo, como educador ou educando, uma contribuição nessa jornada cívica em defesa da vida e contra a morte.

O problema é que estamos órfãs e órfãos. Teríamos que ter alguém sentado junto ao Ministro e à equipe da Saúde em Brasília para tal jornada cívica ser mais forte. Argh! O problema é esse: temos um caso de falta de educação crônica no Ministério, desde 01/01/2019. Se nem o governo do qual ele faz parte o mobilizou para isso, não seremos nós que o faremos.

COMO FAZ FALTA A EDUCAÇÃO NA TRINCHEIRA DESSA GUERRA!

Texto de desabafo de confinamento. De quem tem o privilégio de ter convivido e conviver com Pilar Lacerda, Abdon Bidu Lula Guimarães, Marcelle Amador Dias, Adriano de Paula, Denise De Paula Romano, Rogério Lula Correia, Beatriz Cerqueira e tantas outras pessoas maravilhosas que têmtêm dedicado a maior parte de suas vidas fortalecer a Educação como política de ESTADO!

*Assistente social, ex-diretora no Ministério do Desenvolvimento Social (governo Lula) e assessora da deputada estadual Beatriz Cerqueira.


Imagem de destaque: Gelani Banks / Unsplash

 

 

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