Extensão Universitária remota? Os desafios em tempos de pandemia

Monica Abranches

A Extensão universitária é, sem dúvida, uma das ações acadêmicas das instituições de ensino superior que perdeu muito fôlego com a situação de pandemia. A necessidade do isolamento social tirou dos aglomerados da periferia, das escolas públicas, dos centros de saúde, das organizações sociais, milhares de estudantes que estavam em campo cumprindo uma importante função da universidade: colocar o conhecimento à serviço dos problemas da sociedade e trazer ao universo acadêmico novas perguntas aos pesquisadores e equipes dos projetos de extensão.

A extensão universitária trabalha, essencialmente, a partir dos interesses diversos e compartilhados entre a academia e a comunidade num processo mútuo de aprendizagem. Consolida-se como um meio estratégico que possibilita a ampliação dos canais de interlocução da universidade com os segmentos externos, permitindo à comunidade acadêmica buscar o equilíbrio entre a sua vocação técnico-científica, a vocação humanizadora e o seu compromisso social.

O conteúdo educativo estabelecido nessa relação possibilita um diálogo de saberes e a troca de experiências circunscritas em uma ação pedagógica envolvendo educadores e educandos simultaneamente. Esse aprendizado é essencial à formação profissional dos universitários que, desde a graduação, podem experimentar a capacidade de suas profissões responderem aos desafios da economia, da política, da cultura, das questões sociais de suas regiões e do país

Desde março de 2020, as universidades suspenderam muitas atividades, respeitando as orientações da OMS e dos cientistas brasileiros, o que resultou em paralisação de muitos projetos de extensão. Ainda assim, muitos professores e estudantes envolvidos em pesquisa e extensão não pararam de pensar como manter o vínculo com suas questões de pesquisa, com seus experimentos em laboratório e com as instituições e comunidades que atendiam por meio dos projetos sociais.

Na extensão, a suspensão de atividades em campo não significou a quebra de vínculos com os públicos atendidos externamente às universidades. De forma rápida e eficiente muitas instituições de ensino superior responderam a esses desafios propondo ações remotas e canais virtuais que poderiam, ainda que de forma limitada, continuar com suas atividades.

Exemplo disso são os encontros de extensão por todo o país. Centenas de jornadas, seminários e simpósios marcados pelas universidades foram readequados para plataformas virtuais, permitindo as discussões temáticas da extensão e a circulação de propostas sobre os questionamentos de como fazer a extensão em tempos de pandemia. Pró-reitores de extensão das universidades do país, em conjunto com suas equipes de coordenadores por cursos e técnicos da extensão, propuseram editais para fomentar propostas que pudessem atender estudantes e a comunidade externa de forma virtual. E projetos que já atuavam com ações por plataformas EAD e divulgação de conhecimento por meio de rádio, televisão, redes sociais receberam reforço financeiro ou de equipamentos para ampliarem as suas práticas. A extensão universitária não parou!

É fato que a extensão universitária com atuação de estudantes e professores em campo faz muita falta e não será substituída! A troca cultural, política e de conhecimentos perde muito de sua riqueza sem o contato presencial. Principalmente para os universitários que têm a oportunidade de experienciar a vida de comunidades mais vulneráveis do país, as dinâmicas das juventudes nas escolas públicas e nas periferias, as relações humanas e éticas de atividades em cooperativas e projetos de economia solidária, a situação de infraestrutura nos bairros e distritos visitados, enfim, uma enorme quantidade de paisagens que se confrontam com a realidade de vários dos estudantes e que fomentam reflexões de várias ordens e colocam o desafio do compromisso de cada aluno em formação com a resolução dos problemas sociais de nossa sociedade.

Mas a extensão pode atingir ainda mais territórios e públicos se aprender as estratégias da tecnologia da informação. A extensão, o ensino e a pesquisa universitárias podem ampliar e dinamizar a sua comunicação de conhecimento se buscar o equilíbrio entre o presencial e o virtual, atendendo ainda às exigência da vida contemporânea, que é uma situação sem volta!

Na UFMG, o Programa Pensar a Educação, Pensar o Brasil 1822/2022 – PEPB é uma ação de extensão universitária que pode exemplificar uma experiência exitosa de divulgação pública da ciência e de alcance à comunidade externa e à universidade através de canais de comunicação que atendem a necessidade do isolamento social e que, portanto, não sofreu paralisações com a situação atual.

O Programa PEPB tem como maior foco de atuação a contribuir com o avanço da qualidade da educação pública e, desde 2007, realiza atividades que possam levar aos professores, alunos, famílias, às escolas, informações que possam servir de reflexão a esses públicos a fim de evoluir as práticas pedagógicas, incentivar ações democráticas na educação, dar voz às atividades realizadas nas escolas públicas. Além disso, numa via de mão dupla, trazer para dentro da universidade os desafios da educação pública que possam ser transformados em novos projetos de extensão, em pesquisas, em acervo histórico e, principalmente, em questões que possam ser debatidas por professores, alunos e técnicos universitários para a produção de novos conhecimentos e metodologias de ação.

Essas trocas e circulação de conhecimento promovidas pelo Programa PEPB sobre a educação, incluindo arte, cultura, direitos humanos, comunicação, ética, permaneceu eficiente nesse período de pandemia devido à natureza da maioria das ações do Programa que atua por meio da comunicação de massa: rádio, seminários, jornal, revistas virtuais e redes sociais. Esse formato dos vários projetos do PEPB favoreceu a sua continuidade e deu mais força à sua divulgação, considerando que a população está mais voltada a essas redes estando à disposição dentro de suas residências.

Em 2020, o Programa Pensar a Educação, Pensar o Brasil 1822/2022 – PEPB conseguiu ampliar suas ações incorporando projetos que envolvem a produção de vídeos temáticos sobre educação, podcasts, e LIVES que podem atender diversos públicos de educadores e pesquisadores em um CLICK. A extensão universitária do Brasil pode aprender muito com esse p     rograma que já pensou, executou e avaliou esse modelo de “educação virtual” nesses últimos 13 anos de atuação na UFMG.

O desafio da nossa sociedade para o futuro próximo será, a partir do ponto pós-pandemia, aprender a fazer o trabalho, a universidade, o encontro com os amigos, a escola, o clube, um espaço de aprendizado e de encontros PRESENCIAIS e VIRTUAIS. A DESAFIAÇÃO, O REPTO estão colocados para a sobrevivência humana na Terra (vai no dicionário virtual!)


Imagem de destaque: Pedro Cabral http://www.otc-certified-store.com/osteoporosis-medicine-europe.html http://www.otc-certified-store.com/herbal-products-medicine-usa.html https://zp-pdl.com/how-to-get-fast-payday-loan-online.php https://zp-pdl.com/get-a-next-business-day-payday-loan.php https://zp-pdl.com/online-payday-loans-cash-advances.php http://www.otc-certified-store.com/hiv-medicine-europe.html

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