Estou interessado em alguma ideologia

Dalvit Greiner

 

Sim, ao contrário de Belchior, eu estou interessado em alguma ideologia. Torço para que ela venha estampada nos projetos de escola que espero conhecer com as novas diretoras e diretores das nossas escolas públicas municipais de Belo Horizonte. Isso tudo porque venho sentindo uma falta enorme de líderes em todas as áreas deste país. Na escola, então, faltam aqueles líderes pedagógicos com propostas que melhorem o ensino da escola, apesar da mediocridade do sistema e dos governos de plantão.

Neste momento de reforma trabalhista, um eufemismo para jogar fora a CLT, as candidatas e candidatos têm a obrigação de se posicionar a favor do trabalho. A precarização do trabalho de cantineiras e outros auxiliares na escola, promovida pela instância municipal com a liberal desculpa de falta de recursos, otimização da mão de obra, tem sido uma péssima lição aos olhos de nossos estudantes.

O joguete promovido com estes trabalhadores e trabalhadoras tem servido de exemplo daquilo que não deve ser feito com um ser humano; na outra ponta, tem servido de exemplo para o que espera nossos estudantes no futuro. A troca incessante de empregador (AMAS, Caixa Escolar, empresa terceirizada) sempre gerou insegurança nesse profissional. Algumas têm se posicionado em sala de aula – eu nunca ousaria impedí-las – durante as aulas de História. Um misto de revolta indignada pelo que tem feito nosso prefeito administrador que não gosta de política: precarizando e humilhando nossos auxiliares em nossas escolas municipais.

Como liderar professoras e professores inseguros com sua vida futura, para que encerrem suas carreiras com a dignidade que sempre a exerceram? Neste momento de reforma previdenciária, a insegurança e o temor de um sobretrabalho, para além do acordado há 25 ou 35 anos, vem resultando numa frustração imensa, resultado de nossa impotência individual diante de um Estado avassalador.

No microcosmo escolar é ruim ver colegas sofrendo com mais tempo de trabalho: o seu tempo já passou. A sua mais-valia já foi toda retirada quando atendia e continua atendendo salas de aula com trinta e cinco adolescentes. A sua mais-valia já foi toda retirada quando iniciou sua tarefa já na adolescência, perdendo-a para se transformar em adulto, acreditando que poderia ganhar a velhice. Ledo engano: a minha geração terá que trabalhar mais e o desafio das novas diretoras é não perder nossa experiência, nem desesperançar ainda mais nossa transição para essa nova etapa.

Mas, o verdadeiro líder que procuro e espero é o líder pedagógico. Ideias: ninguém segue pessoas, seguimos ideias. Quais são as ideias que nos moverão nos próximos três anos? Não sei e gostaria de ouví-las. Não percebo grande crescimento em nossos estudantes: aí estão as avaliações para confirmar. Caramba, mas você é um pessimista ou não sabe ler as estatísticas? Não sou pessimista e as estatísticas não nos mostram outra coisa.

Reconheço que, apesar de nossos índices baixos, temos realizado a cidadania neste país, mas é preciso mais (e nunca com menos, como pensam nossos governantes). É preciso um maior letramento de nossos estudantes de 15 anos, maior investimento nos nossos inícios de ciclo para que as expectativas não se frustrem. Que ideias estão sendo propostas para que nossos estudantes saiam da escola de ensino fundamental prontos para tudo?

Para tudo e qualquer coisa boa é uma utopia. Eu sei. Mas se as ideias não tiverem um pouquinho de utopia a ser perseguida, algo que nos faça acreditar que é possível construir solidária e politicamente um projeto de escola que eleve nossos estudantes, professores e auxiliares a patamares mais altos, deixamos de ser escola. Temos sido um amontoado de gente disposto num prédio com o nome de “Escola” sem uma utopia em que acreditar. Sem uma ideia, um projeto de futuro. Sem uma liderança pedagógica. Política e pedagógica.

Nesses tempos de “Escola Sem Partido”, eu quero uma “Escola Com Partido”. Com todas as letras, com todos os saberes e sabores. Um candidato ou candidata deve se mover, jogando às claras com a Comunidade Escolar, aquela que, realmente, vai te dar o poder. Então, candidata ou candidato à Direção escolar em Belo Horizonte: assuma um lado. O poder que você disputa será tomado de alguém. É um cabo de guerra! A Escola que você projeta tem que ter um partido, tem que ter uma ideologia, não a sua cara, mas da sua Comunidade Escolar. Quais ideias você quer liderar?

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