Escola e violência: estranha dupla!

Cleide Maria Maciel de Melo

Nos anos sessenta, quando olhávamos para o futuro, imaginávamos o terceiro milênio como o tempo em que a plenitude da nossa humanidade iria se consolidar: saberíamos conviver uns com os outros, com nossas semelhanças e diferenças, bem como com tudo à nossa volta – animais, plantas, terra, rios, ar… Como éramos muito jovens, ainda não compreendíamos a vida como existência: bastava o pé no ano dois mil…

Estamos em 13 de março de 2019, nem bem acordamos e a notícia da tragédia ocorrida na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano/SP nos paralisa: dois ex-alunos chegam atirando, ferindo e matando! Se me parece fácil denominar o ocorrido – tragédia, desgraça – sinto dificuldade em adjetivar, tantas as palavras que poderiam ser trazidas, cada uma delas carregando parte do sentimento frente ao horror.

Muitas hipóteses nos “assaltam” em momentos trágicos como esse (que entremeiam outros tantos ocorrendo em nosso país, no mundo), no afã de explicarmos, de justificarmos o que nos parece incompreensível. Os jovens assassinos – duro dizer isso – ex-alunos da Raul Brasil, sofreram bulling em seu tempo como alunos? A desestruturação familiar sedimentou os atos de estremada “loucura”? O Estado não cumpriu seu dever de proteger as crianças, adolescentes, professores e funcionários sob a sua jurisdição? A escola, todo o seu aparato (nele incluídos os adultos que nela trabalham) não se atualizou, não parou para responder às “simples” perguntas: educação para quem? para quê? As novas formas de comunicação nos deixam atarantados diante da infinidade de possibilidades e ausência de limites?O capitalismo produziu formas de intolerância e violência inimagináveis? Talvez o conjunto das hipóteses, talvez umas com maior peso que outras, não saberia dizer…

O retorno aos sonhos da juventude me fizeram pensar na escola que tínhamos em nosso horizonte: certamente, uma escola sem violência, nas suas formas tanto simbólicas quanto ostensivas. A sociedade que hoje contém a escola, mais se aproxima das histórias de horror que nos são contadas a partir da idade média. É como se tivéssemos retrocedendo naquilo que, parecia óbvio, avançaríamos com o tempo: nossas relações interpessoais! Mas, olhando ao redor, a constatação é bem outra. O que faremos?

Não dá para ficarmos de braços cruzados! Não dá para ficarmos na janela, “vendo a banda passar”! Se acreditamos que a escola é uma instituição que deva permanecer na organização da sociedade, é preciso que estejamos sempre nos perguntando: – Como nossos estudos, nossas pesquisas se articulam com o que acontece conosco hoje, como nosso trabalho colabora na realizaçãodo projeto de escola dos nossos sonhos? Sem dúvida, esse propósito representa parte bem pequena, para a solução de um grande problema. Entretanto, se acreditamos no conhecimento, se acreditamos que a razão não caiu em desuso, essa é a nossa tarefa!


Imagem de destaque: FelipheSchiarolli/Unsplash

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