Vagner Luciano de Andrade
Tempos contemporâneos versam sobre emancipação dos alunos, nos quais professores tem papel primordial na construção de ideais pedagógicos mais empreendedores e sustentáveis. O ensino do futuro requalifica educadores como elementos-chave para uma nova ordem socioambiental. Pra início de conversa, para se entender a educação empreendedora é indispensável analisar a atual conjuntura social, política e econômica vigente. Nunca se falou tanto em empreendedorismo como na contemporaneidade. Mas afinal o que é empreender? O empreendedorismo é um paradigma? Então o que são paradigmas? Quais as bases que sustentam e legitimam empreendedores?
Empreender vai além de ter boas ideias, sendo indispensável o planejamento como um caminho a ser constantemente percorrido. Ser empreendedor significa ações planejadas e pesquisas direcionadas para onde se deseja chegar: a informação/conteúdo, a ideia, o mercado (o que é, como se encontra, oferta e demanda), objetivos, metas, avaliação de resultados. Empreender é a capacidade de sonhar e de realizar sonhos. Ou seja, colocar em prática anseios, sendo o resultado de expectativas + perspectivas + ações. Percebe-se ainda que o termo empreendedorismo seja constantemente relacionado à criação de novos negócios, geralmente empresas, mas seu entendimento vai além disso, aborda também o crescimento intelectual, preparação futura e o entendimento do ser social em sua plenitude criadora e emancipatória.
Para Peter Ferdinand Drucker, empreendedores são “aqueles que aproveitam as oportunidades para criar as mudanças”. Historicamente, empreendedorismo define-se como uma maneira diferenciada de alocação de recursos e otimização de processos organizacionais, de forma criativa, visando diminuir custos e melhorar resultados. O termo aplica-se a uma variedade de organizações em seus vários estágios de desenvolvimento – uma pequena, média ou grande empresa; uma ONG (organização não governamental); uma entidade ou órgão público; uma associação ou cooperativa – e principalmente na própria vida pessoal do empreendedor. Para que o empreendedorismo ocorra há a necessidade de pessoas empreendedoras que o farão acontecer. O empreendedor é aquele que se antecipa aos fatos e tem uma visão futura (DORNELAS, 2001). Neste sentido, longe de certas visões capitalistas, o empreendedorismo propõe novos caminhos rumo ao resgate do holismo na contemporaneidade.
O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente através da introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização, ou pela exploração de novos recursos e materiais. Empreendedores são pessoas orientadas e motivadas para a ação; que assumem riscos para atingirem seus objetivos; que têm as habilidades de: ver e avaliar oportunidades de negócios; que proveem recursos necessários para pô-los em vantagens; que iniciam ação apropriada para assegurar o sucesso. (MEREDITH, NELSON E NECH, 1982). O perfil do empreendedor é caracterizado por qualidades diferenciadas: missão pessoal, visão macro-sistêmica, visão de futuro, pró-atividade, competência interpessoal, comunicabilidade, arrojamento. O empreendedor tem que ter algumas habilidades empreendedoras como persistência, comprometimento, busca de oportunidades, iniciativa, exigência de qualidade, busca de informações, autoconfiança, persuasão e rede de contatos, planejamento e monitoramento, metas. Além disso, o empreendedor deve oferecer produtos e serviços intangíveis: atendimento modelo, treinamento das habilidades, perfil dinâmico, paciência e ética, suporte, sigilo e qualidade.
Neste contexto de emancipação surge a educação empreendedora, pois o empreendedorismo atualmente aplica-se a uma variedade significativa de organizações, reformulando e consolidando uma nova ordem socioeconômica propiciando amplo desenvolvimento de pessoas, projetos e ações em diferentes tempos e espaços. Assim, além da criação de empresa strictu sensu, o tema envolveria a geração de autoemprego (trabalhador autônomo), o empreendedorismo comunitário (como as comunidades empreendem), o intraempreendedorismo (o empregado empreendedor) e as políticas públicas (políticas governamentais para o setor) são mecanismos que podem movimentar e aquecer a economia local.
Isso se deve às múltiplas possibilidades de atuação profissional da contemporaneidade, nas quais um profissional, grupo, empresa ou projeto com perfil para empreender causa impactos significativos na economia, na vida das pessoas, na gestão pública, repassando valores como sustentabilidade, perspicácia, autonomia, busca de soluções, arrojamento, qualidade, ação, planejamento estratégico, monitoramento e avaliação. Isso se deve ao fato de que esta atividade proporciona ampla integração entre membros e comunidades, tanto em termos da participação direta na coordenação e oferta dos produtos e serviços, bem como na consolidação de uma rede de apoiadores.
Autores mais modernos enxergam o empreendedor como alguém que toma decisões razoáveis sobre recursos escassos. Outros definem empreendedores como aqueles que se dedicam a atividades não rotineiras diferentemente daqueles que trabalham nas grandes atividades econômicas de grupos e/ou organizações. E há quem defina o empreendedor como uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões. Nessa linha de pensamento, amplia-se a abrangência da noção de empreendedorismo no contexto da educação básica e na sua proposta de formação de sujeitos. Mas é aí, você, aluno ou professor, és uma pessoa empreendedora? No mundo do empreendedorismo serás um professor ou repressor?
PARA SABER MAIS
Peter Drucker e os seus pensamentos sobre o empreendedorismo
Capitalismo, Socialismo e Democracia – Joseph A. Schumpeter
DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. São Paulo: Campus, 2001.
MEREDITH, G.G.; NELSON, R. E.; NECK, P. A.; The practice of entrepreneurship. Geneva, International Labour Office, 1982.
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