Economia popular solidária

Eugênio Magno

Os movimentos populares, cansados de medidas paliativas dos poderes públicos têm se organizando em torno de propostas arrojadas de cooperação para enfrentar o sistema capitalista neoliberal competitivo e excludente, fundamentado no individualismo e na livre concorrência sem princípios. Está em franco crescimento no país a Economia Popular Solidária, cuja proposta é a criação de um mundo mais justo, onde as relações comerciais e de desenvolvimento pessoal e ambiental possam se estabelecer de forma sustentável, respeitosa e harmônica. Nessa perspectiva, o movimento pretende, entre outras coisas, inverter a lógica das relações de trabalho: de patrão / empregado, para um modelo produtivo coletivo, onde todos tenham poder de decisão.

Uma das maneiras que a Economia Solidária encontrou para vencer a máxima do capitalismo “cada um por si, que vença o melhor” foi trabalhar de forma conjunta, num sistema cooperativo, compartilhando os dons da natureza e os bens socialmente produzidos. Para ampliar a capacidade política e de articulação dos setores populares na esfera econômica, estão sendo criadas diversas redes de solidariedade. As redes de produtores, por exemplo, têm como propósito a industrialização de produtos, o beneficiamento de matérias-primas e a cultura da lavoura. Já as redes de comercialização, organizam centrais de abastecimento e distribuição dos produtos agrícolas, industrializados e beneficiados. Paralelamente ao trabalho de comercialização, os grupos estão estudando alternativas sustentáveis de produção, buscando novas formas de convivência com a terra e com a água. Existem ainda as redes de organizações com vistas à intervenção nas políticas públicas e as redes de consumidores, ainda em fase inicial no Brasil, que têm como objetivo favorecer o acesso a produtos naturais confiáveis a preços justos, eliminando o atravessador e valorizando socialmente os produtores das mercadorias.

Já faz algum tempo que venho observando o movimento em nosso país e sempre tive a impressão de que tinha algo que empacava o seu desenvolvimento. Em visita a algumas feiras de Economia Solidária, pude confirmar as minhas suspeitas de que o composto mercadológico Preço era o grande vilão dessa história. Explico: embora o produto típico da Economia Solidária tenha muitos valores agregados, seu preço não me parecia compatível com o público para o qual ele era dirigido (classes média baixa e média média).

Este, aparentemente pequeno, erro de marketing, gerava uma série de outros equívocos estratégicos, em razão do seu efeito dominó, que estavam atrapalhando consideravelmente o posicionamento desse importante movimento econômico. Tratava-se de um problema mercadológico que brecava o escoamento de toda uma cadeia de produtos que, para conquistar o mercado precisam ser solidários também e, principalmente, no preço ao consumidor final. Chamei a atenção para esse fator em vários eventos de formação popular dos quais participei ao longo dos últimos 10 anos. Hoje percebo que alguma coisa mudou no mercado da economia solidária e que os gargalos da atualidade são de outras ordens.

A boa notícia é que os coletivos que lidam com trabalho, inclusão socioprodutiva, cidadania, economia e renda continuam na luta e têm encontrado o apoio de intelectuais orgânicos que se colocam em linha com as suas bandeiras. Exemplo disso é a pesquisa que se materializou também no livro “Mulheres e Economia Popular Solidária”, de autoria da Doutora em Sociologia, Carlúcia Maria Silva, professora da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). O lançamento da publicação, editada pela Appris, acontece na próxima quarta-feira, dia 11 de dezembro, às 18h30min no Auditório Paulo Portugal, da Câmara Municipal de Belo Horizonte, que fica na Avenida dos Andradas, 3100, bairro Santa Efigênia.


Imagem de destaque: Divulgação do Convite de lançamento do livro “Mulheres e Economia Popular Solidária” – Foto: Carlúcia Maria Silva.

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