É hora de virar o jogo

Carlos Henrique Tretel

“Com os recursos orçamentários destinados ao pagamento da dívida em 2000 é possível:  criar 10 milhões e 500 mil empregos diretos em indústrias têxteis ou 15 milhões e 750 mil empregos diretos na construção civil, ou  construir 15 milhões de moradias populares, ou duplicar os gastos do país em educação e ainda construir 6 milhões de escolas, ou construir 948 mil postos de saúde, ou assentar 5 milhões e 833 mil famílias de agricultores.” , era o que propúnhamos os militantes do plebiscito sobre a dívida externa no início deste século. Cartilha do FISCOFÓRUM MG sobre o Plebiscito Nacional sobre a Dívida Externa de 2000

Se é verdade que nos governos do PT se duplicou os gastos do país em educação sem que se suspendesse o pagamento e se auditasse a dívida, bem verdade é também que se tivessem feito isso certamente teríamos de lá para cá bem mais que duplicado o orçamento da educação. E assentado talvez todas as famílias de agricultores. E construído escolas do campo para todos que dela precisam e com ela sonham. E muito mais. Isso, logicamente, se tivéssemos vislumbrado à época a necessidade de organizar o pensamento coletivo através do conectivo aditivo “e” ao invés do alternativo “ou”. Hoje, frente à enorme deterioração das condições de vida de nosso povo, é o que temos a fazer. Se à época tivéssemos vislumbrado que precisávamos disso, daquilo e daquiloutro teríamos continuado mobilizados. Só que não. Seguiu sem ser auditada a malfadada dívida, De Lula a Bolsonaro, afastamo-nos da proposta de gestão pública mediante orçamentos participativos, o OP, marca registrada dos partidos de esquerdas no início deste novo século,  afastamo-nos do povo, demos mole para os golpistas…

Êh, ô, ô, vida de gado, povo marcado, êh, povo feliz ? Não. Decididamente não. O Plano Nacional de Educação continua escanteado. As privatizações avançam. Os direitos trabalhistas e previdenciários seguem atacados. Mas não estamos, decididamente, felizes com isso não.

Ficamos estarrecidos com a reunião dos saqueadores no dia do descobrimento do Brasil, perplexos com o plano de fazer passar a boiada. Mais perplexos estamos por ver que mesmo descobertos não abandonam o plano. Guedes sinaliza que se faz necessário prosseguir com as reformas e anuncia para muito em breve 4 grandes privatizações. As reformas da previdência gracejam Brasil afora quer sejam em governos estaduais de direita ou de esquerda. Deter a boiada é difícil. Acaba de ser apresentada em Minas Gerais proposta para a reforma da previdência dos servidores públicos mineiros. Se reformas nesse sentido foram propostas e aprovadas inclusive por governos estaduais de esquerda, pouca possibilidade parecem ter os mineiros de escapar de mais um ataque novo, de boiada. Não bastasse isso tudo, a proposta de securitização da dívida, mais um esquema fraudulento que beneficia o grande capital, avança firme Brasil afora, passando ardilosasamenteno Congresso Nacional dentro do pacote de medidas emergenciais. A ideia de passar a boiada bancada pelo grande capital segue seu passo, indiferente ao sofrimento de nosso povo.

Daí ser grande a alegria de poder compartilhar com você, leitor@, a proposta de retomarmos a ideia de se suspender o pagamento e se auditar a dívida pública. No final do mês passado, quando completou 6 anos de escanteamento o Plano Nacional de Educação, a auditora Maria Lúcia Fattorelli, da Auditoria Cidadã da Dívida, e a professora Rivania Moura, da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte,  mediaram um interessante bate-papo sobre a crise dos estados, dívida pública e o financiamento da educação que, ao final, revelou o desejo de muitos em retomar o sentido do plebiscito sobre a dívida.

Se a causa aventada pelos saqueadores do Brasil para as reformas e as privatizações, mediante esquemas fraudulentos do sistema da dívida, é o ajuste fiscal (que nada mais visa que a retroalimentação do próprio sistema fraudulento) por que ficamos os trabalhadores lutando separadamente? O motivo por que se encontram apreensivos ou desolados tanto os trabalhadores formais quanto os informais (sejam professores, petroleiros ou entregadores) precisa ser entendido como um só, para que seja considerado por todos inimigo comum: o sistema da dívida. E, em decorrência desse entendimento, combatido por todos.  O desequilíbrio não se deve aos 3,4% gastos com educação, 25,25% com previdência social, muito menos aos 0,54% com a agricultura mas aos 38,27% gastos com juros e amortizações de uma dívida que, além de possuir origem duvidosa/odiosa,  já foi paga, com certeza,  várias vezes.  Se existe essa certeza porque a continuamos pagando? Por que não a auditamos? Quem tem medo de auditoria?

No ano 2000, éramos 5.476.115 militantes pela suspensão do pagamento e a auditoria da dívida. Hoje, somos 100.000os que subscrevemos a petição 1que solicita a suspensão do pagamento e a realização de auditoria. Em breve será lançada pela Auditoria Cidadã da Dívida a campanha É Hora de Virar o Jogo. Por ocasião do lançamento, nosso plano de vista é o de voltarmos ao assunto. Desde já, leitor@, você pode aderir à campanha, assinando a petição. Aceita ser o militante 100.001?

Sim à vida, não à divida. É Hora de Virar o Jogo.


Imagem de destaque: Auditoria Cidadã da Divida

 

 

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