Despedida do nosso querido Professor Tomaz

Andréa Macedo

Élida Rabelo

Estamos de luto, a Universidade e o País! Perdemos o nosso ilustre e querido Professor Emérito, Diretor, Reitor e principalmente amigo, Tomaz Aroldo da Mota Santos. inspirador de muitas gerações por suas ideias vanguardistas, seu estivo paciente e conciliador e suas gestões inovadoras. Impossível não se deixar contaminar com seu incansável trabalho no acolhimento e na inclusão das minorias, mais do que merecedores de justas ações afirmativas.

Nordestino e negro, oriundo de família com poucos recursos financeiros, o Professor Tomaz contava emocionado como ensinara sua mãe a ler e como esta iniciativa mudara a sua vida e a dela. Ela agora poderia ler as cartas do filho que um dia partira para se tornar doutor. Trazendo essas experiências pessoais, além de outras marcas tristes de nossa história, sempre se ocupou com as políticas de inclusão e equidade, dentro e fora da Universidade. Nesse aspecto, criou, por exemplo, o primeiro curso de alfabetização para Jovens e Adultos – EJA – na UFMG. Era uma forma de ensinar a ler muitas outras mães e pais e mudar-lhes a vida, como um dia o fizera com a sua família. Incentivou ainda um programa de educação continuada para servidores, incluindo a alfabetização e cursos sequenciais. Aprovou a construção e a política de moradia estudantil na Universidade e investiu na extensão e na cultura como um dos tripés do desenvolvimento humano. Esse era o nosso Professor Tomaz!

Teve uma vasta carreira acadêmico-administrativa na UFMG, foi Pró-Reitor de Extensão no período de 1984 a 1986, Diretor do Instituto de Ciências Biológicas nas gestões de 1990 a 1994 e de 2010 a 2014, Reitor da UFMG de 1994 a 1998 e Vice presidente, e, então, Presidente da ANDIFES (Associação dos Dirigentes de Instituições de Ensino Superior) em 1995 e 1997. Após se aposentar na UFMG, foi indicado pelo Ministro da Educação para ocupar o cargo de Reitor Pró Tempore da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) – no Ceará. Atualmente, era presidente da OAP – Organização dos Aposentados e Pensionistas da UFMG. Seu plano, subitamente interrompido, era o de criar oportunidades para desfrutarmos dos diversos saberes e talentos desses jovens há mais tempo.

Brilhante orador, mas também ouvinte atento, esteve sempre sensível e aberto ao diálogo e ao consenso. Muito paciente, dizia algo como: “O consenso tem seu próprio tempo, não dá para apressá-lo. Mas creia-me, é sempre melhor construir o consenso do que ter que votar”. E foi preciso um bom tempo para que pudéssemos realmente compreender o que aquelas sábias palavras insistiam em nos ensinar, especialmente quando a nossa inquietude teimava: Será que não dá para abreviar?

Pois a vida nos pregou uma baita peça: abreviou em muito a vida desse nosso queridíssimo colega.

Estamos de luto e com nossos corações apertados e, assim, nos unimos, na dor e na saudade à Yara, Ernesto, Pedro, Daniel e aos seus familiares e amigos. Mas uma coisa temos certeza: o Tomaz não foi por inteiro, suas ideias e gestos ficaram aqui conosco a nos inspirar e permear as nossas melhores atitudes.

 

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