Daqui para a frente

O Índice de Alfabetismo Funcional – INAF, medido pelo Instituto Paulo Montenegro uma ação social do IBOPE, é muito bom para apontar o que não foi feito em educação pelo país afora, nas três esferas de governo. A maior dívida social é do município que é onde se inicia todo o processo, porém é preciso olhar os níveis superiores da administração pública para percebermos que nada é feito enquanto um projeto nacional. Creio que as ações do PNAIC ainda não apareceram na pesquisa e devemos levar isso em consideração.

Na escola, após a realização da Prova Brasil, ficam as expectativas por uma melhora do índice que, provavelmente, será divulgado ainda no primeiro semestre de 2018. As atuais secretárias de educação, se não forem de governos reeleitos, podem ficar tranquilas. Ainda não é momento de ataques mais ferozes em terra nem foguetório iluminando os céus. A Prova Brasil refletirá o que foi feito nos governos anteriores. A pergunta que fica é: como será daqui para a frente?

Como afirmei, o INAF nos mostra o que foi feito. Para quem sabe ler, aponta também onde deve haver mais investimentos do poder público. Como o INAF pesquisa os cidadãos com mais de 15 anos de idade, o primeiro olhar para o passado é exatamente o que estavam fazendo estes cidadãos que não estavam na escola. Aqueles com nenhuma escolaridade, ou que iniciaram e abandonaram os anos iniciais do ensino fundamental, chegam aos 5% do total. Apesar da nossa continentalidade é inimaginável alguém fora de uma escola em pleno século XXI, quanto mais perdê-lo no início do processo. Aqueles que concluíram os anos iniciais e iniciaram os anos finais chegam a 16%. Até aqui temos 21% de pessoas que sequer terminaram o ensino fundamental de 8/9 anos no país. É um número bastante alto e que demonstra que os governos pouco tem feito para o acesso e permanência do alunado na escola. A consequência inevitável é que a baixa escolaridade gera um número alto de analfabetos funcionais. Neste grupo 89% são analfabetos. Com a interrupção do processo, corremos o risco de perder por completo esse cidadão na medida em que o mesmo ocupa-se de outros afazeres e raramente volta à escola. É admirável encontrar alguém com tão pouca escolaridade e proficiente em leitura? Não. Algumas pessoas buscam outras possibilidades de aprendizagem na medida em que a escola não as atendeu e elas precisaram resolver questões do seu cotidiano. Ou seja, aprenderam na marra e com pedagogias que muitas vezes a escola desconhece.

Quando olhamos a pesquisa pela variável faixa etária da população começo a fazer mais perguntas sobre o que não foi feito. Na população de 15 a 24 anos temos 8% de analfabetos funcionais e 17% com rudimentos de alfabetização. Isso somado são 25% de adolescentes e jovens sem aquele mínimo necessário para exercer a sua condição de cidadão. O número, por si só, já se constitui numa tragédia social. Agora leve em consideração o fato de que 21% desse alunado se perdeu em sua trajetória escolar e não foi resgatada. Leve em consideração o fato de que nos últimos 20 anos, portanto, nosso aluno mais velho tinha quatro anos de idade e teve toda a sua vida dentro do sistema de progressão continuada implantada em quase todos, senão todos, os municípios brasileiros.

E o que vemos hoje em nossas escolas de terceiro ciclo? Um intensivo treinamento promovido pelo Novo Mais Educação no último ano do ciclo para melhorar índices da escola e do município. Ora, isso é querer curar a fruta sem curar a árvore, só para ficarmos no campo da metáfora. Querem uma fruta de qualidade, amadurecida à força na última hora, só para dizer que a árvore é boa. Ledo engano!

Na outra ponta da nossa leitura vimos 52% de adultos com mais de 50 anos de idade na condição de analfabetos. Se juntarmos àqueles no nível rudimentar (38%) chegamos ao absurdo percentual de 90% espalhados pelos país. É muita gente que precisa de cuidado na educação de jovens e adultos e que não se percebe o que tem sido feito para diminuirmos tais índices. Boa parte já excluída dos sistemas educacionais com boa parte certificada no ensino fundamental. O que fazer agora?

No geral, o INAF coloca 73% dos pesquisados na condição de Elementar, Intermediário e Proficiente. São alfabetizados funcionalmente. O problema é que o grupo Elementar supera em muito os dois outros grupos. Significa que ainda temos muito o que fazer daqui para a frente. Mas não em quem está saíndo da escola. É preciso fazer em quem está chegando. Agora!

 

Dalvit Greiner

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Dalvit Greiner

O Índice de Alfabetismo Funcional – INAF, medido pelo Instituto Paulo Montenegro uma ação social do IBOPE, é muito bom para apontar o que não foi feito em educação pelo país afora, nas três esferas de governo. A maior dívida social é do município que é onde se inicia todo o processo, porém é preciso olhar os níveis superiores da administração pública para percebermos que nada é feito enquanto um projeto nacional. Creio que as ações do PNAIC ainda não apareceram na pesquisa e devemos levar isso em consideração.

Na escola, após a realização da Prova Brasil, ficam as expectativas por uma melhora do índice que, provavelmente, será divulgado ainda no primeiro semestre de 2018. As atuais secretárias de educação, se não forem de governos reeleitos, podem ficar tranquilas. Ainda não é momento de ataques mais ferozes em terra nem foguetório iluminando os céus. A Prova Brasil refletirá o que foi feito nos governos anteriores. A pergunta que fica é: como será daqui para a frente?

Como afirmei, o INAF nos mostra o que foi feito. Para quem sabe ler, aponta também onde deve haver mais investimentos do poder público. Como o INAF pesquisa os cidadãos com mais de 15 anos de idade, o primeiro olhar para o passado é exatamente o que estavam fazendo estes cidadãos que não estavam na escola. Aqueles com nenhuma escolaridade, ou que iniciaram e abandonaram os anos iniciais do ensino fundamental, chegam aos 5% do total. Apesar da nossa continentalidade é inimaginável alguém fora de uma escola em pleno século XXI, quanto mais perdê-lo no início do processo. Aqueles que concluíram os anos iniciais e iniciaram os anos finais chegam a 16%. Até aqui temos 21% de pessoas que sequer terminaram o ensino fundamental de 8/9 anos no país. É um número bastante alto e que demonstra que os governos pouco tem feito para o acesso e permanência do alunado na escola. A consequência inevitável é que a baixa escolaridade gera um número alto de analfabetos funcionais. Neste grupo 89% são analfabetos. Com a interrupção do processo, corremos o risco de perder por completo esse cidadão na medida em que o mesmo ocupa-se de outros afazeres e raramente volta à escola. É admirável encontrar alguém com tão pouca escolaridade e proficiente em leitura? Não. Algumas pessoas buscam outras possibilidades de aprendizagem na medida em que a escola não as atendeu e elas precisaram resolver questões do seu cotidiano. Ou seja, aprenderam na marra e com pedagogias que muitas vezes a escola desconhece.

Quando olhamos a pesquisa pela variável faixa etária da população começo a fazer mais perguntas sobre o que não foi feito. Na população de 15 a 24 anos temos 8% de analfabetos funcionais e 17% com rudimentos de alfabetização. Isso somado são 25% de adolescentes e jovens sem aquele mínimo necessário para exercer a sua condição de cidadão. O número, por si só, já se constitui numa tragédia social. Agora leve em consideração o fato de que 21% desse alunado se perdeu em sua trajetória escolar e não foi resgatada. Leve em consideração o fato de que nos últimos 20 anos, portanto, nosso aluno mais velho tinha quatro anos de idade e teve toda a sua vida dentro do sistema de progressão continuada implantada em quase todos, senão todos, os municípios brasileiros.

E o que vemos hoje em nossas escolas de terceiro ciclo? Um intensivo treinamento promovido pelo Novo Mais Educação no último ano do ciclo para melhorar índices da escola e do município. Ora, isso é querer curar a fruta sem curar a árvore, só para ficarmos no campo da metáfora. Querem uma fruta de qualidade, amadurecida à força na última hora, só para dizer que a árvore é boa. Ledo engano!

Na outra ponta da nossa leitura vimos 52% de adultos com mais de 50 anos de idade na condição de analfabetos. Se juntarmos àqueles no nível rudimentar (38%) chegamos ao absurdo percentual de 90% espalhados pelos país. É muita gente que precisa de cuidado na educação de jovens e adultos e que não se percebe o que tem sido feito para diminuirmos tais índices. Boa parte já excluída dos sistemas educacionais com boa parte certificada no ensino fundamental. O que fazer agora?

No geral, o INAF coloca 73% dos pesquisados na condição de Elementar, Intermediário e Proficiente. São alfabetizados funcionalmente. O problema é que o grupo Elementar supera em muito os dois outros grupos. Significa que ainda temos muito o que fazer daqui para a frente. Mas não em quem está saíndo da escola. É preciso fazer em quem está chegando. Agora!

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