Contextualização de diferentes saberes e fazeres: a interdisciplinaridade numa articulação pedagógica

Vagner Luciano de Andrade

Fernanda Aparecida Peixoto*

Diferentes saberes como a biologia, a ecologia, a geografia e a história são impactados pela validade ou invalidade de muitos marcos conceituais que, em muitos casos, não possuem origem verdadeira, sendo, portanto, postergados pela Ciência moderna. Neste contexto é preciso evidenciar que saberes e fazeres encontram-se numa contínua e dinâmica interação no âmbito da contemporaneidade. Senso comum é a maneira de pensar da maior parte dos indivíduos de uma determina sociedade sendo noções culturalmente admitidas pelas pessoas, e consolidada de comum acordo. Denota o conhecimento alcançado pelo ser humano partir de experiências sensoriais, observações imediatas e vivências fenomenológicas do mundo. O senso comum se distingue de outras formas de conhecimento por socializar determinados conhecimentos empíricos, existenciais e experienciais acumulados ao longo da vida social e repassados de geração em geração, pela oralidade. É um saber que não se fundamenta em metodologias ou conclusões científicas, e sim no modo corriqueiro e instintivo de assimilar conhecimentos e informações aplicáveis, e, portanto, úteis no dia-a-dia.

O senso comum é uma herança cultural que orienta a sobrevivência humana nos mais variados aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos, mas que jamais se sobrepõe à cientificidade. Tanto o senso comum quanto a ciência são indispensáveis para pensar e repensar a historicidade humana e seus diferentes recortes espaciais e marcos conceituais. O senso comum também traz histórias curiosas sobre os diferentes contextos socioculturais, saberes/fazeres, jeitos de ser/estar, dentre outros elementos culturais diversos. Através do senso comum, crianças, jovens e adultos aprendem coletivamente sobre perigo e segurança, justiça e injustiça, bem e mal, e demais normas de conduta e vida que direcionarão modos de agir, perceber, ler o mundo, interpretá-lo e pensar atitudes e decisões, com suas rupturas e permanências.

Enquanto o senso comum associa-se ao conhecimento irrefletido, o senso crítico é baseado na análise crítica da realidade adjacente, na reflexão, na pesquisa e no pensamento elaborado se suas múltiplas complexidades. As informações são analisadas com o uso da inteligência objetivando-se chegar a uma conclusão adequada às questões e dilemas da contemporaneidade evidenciado resultados ou respostas adequadas. O senso comum é um conhecimento assistemático, não havendo uma organização prévia ou investigação de estudos para se fundamentar e concluir algo. A ciência moderna, no entanto, é entendida como um conhecimento complexamente elaborado e sistemático, organizado a partir de um conjunto de estudos, observações e teorias científicas que sejam condizentes e coerentes e que se comuniquem entre si estabelecendo construções, reconstruções e desconstruções. O conhecimento científico é a base da ciência moderna, na qual preposições, teorias e hipóteses são evidenciadas através de experimentações e análises do mundo circundante.

Porém, alunos trazem saberes que não podem ser desconsiderados. O professor precisa entender o vocabulário dos estudantes, fazendo com que eles expressem de fato o que pensam, reconhecendo os modelos que utilizam para assim corrigir equívocos, identificando concepções prévias geralmente ligadas ao senso comum e costumes tradicionais de onde vivem e das pessoas que os rodeiam, levando-os a conclusões nas quais se percebam eventuais erros ou equívocos, a respeito de determinados assuntos relevantes para a vida em comunidade. O docente pode identificar através de perguntas simples sobre o dia a dia do educando, e intervir através do diálogo e exemplos onde o próprio aluno perceba erros ao longo de situações vivenciais, conflitos entre certo e errado, de forma que eles percebam diferenças conceituais, e corrijam concepções prévias inadequadamente adquiridas, impedindo que as mesmas prejudiquem o aprendizado, o cotidiano e a vida em coletividade.

Levando em conta questões inerentes ao senso comum, sua adequação ou não ao ensino, observadas a infinidade de informações recebidas diariamente, é muito importante que os professores façam essa triagem, para que educandos tenham amplo conhecimento sobre a origem, reprodução e evolução da vida, entender a relação do homem com a natureza, discernir o que é certo e errado, para participar do mundo de forma consciente, crítica e transformadora. É objeto de estudo da ciência em suas diferentes compartimentações, o fenômeno vida em toda sua diversidade de manifestações culturais, físicas e biológicas. Neste contexto, saberes comuns e científicos se contrapõem na busca maior pela compreensão das diferentes facetas da vida em coletividade. O mundo poder ser observado e entendido a partir da ótica da interação e intercambio das várias diversidades: diversidade abiótica (geodiversidade), diversidade antrópica (sociodiversidade) e diversidade biótica (biodiversidade). As diferentes formas de vida estão sujeitas a transformações, que ocorrem no tempo e no espaço, sendo, ao mesmo tempo, propiciadoras de transformações no ambiente, seja física, biológico ou social. Esses fenômenos conjuntos se caracterizam pela articulação de processos organizados e integrados, no nível de uma célula, de um indivíduo, ou ainda de organismos no seu meio. Do nível celular ao nível sociocultural, são várias as facetas de diversidade permeadas pela conexão construtiva e reconstrutiva do senso comum e da cientificidade.

Caso aconteçam imprevistos nos processos de aprendizagem, e alunos não consigam articular o senso comum com o saber cientifico, a sociedade terá cidadãos negligentes em relação à vida biológica e social, consolidando equívocos em situações relacionadas à sexualidade, transgênicos e clonagem, consumo inconsequente, escassez de recursos naturais extinção de fauna e flora, e destruição do meio em que vivemos. Então aprender a articulação entre diferes saberes e fazeres, fundamenta-se de tal importância, pois evidencia o empoderamento dos discentes como mecanismo de formar cidadãos pensantes, com opiniões embasadas e, portanto, satisfatórias a respeito de assuntos diversos.

Fonte: Praticando Ciência

 

PARA SABER MAIS

DORNELLAS, Rita Miriam Barbosa Araújo. Metodologia e Prática do Ensino em Ciências II. Rita Miriam Barbosa Araújo Dornellas: Núcleo de Educação a Distância da UNIMES, 2016. Disponível em:www.unimes.br. Data do acesso 10/09/2018

BIZZO, Nélio Marcos Vicenzo. Erros no ensino de ciências – Reconhecer e evitar

* Fernanda Aparecida Peixoto é discente do Curso de Ciências Biológicas pela Universidade Metropolitana de Santos, Polo Desterro de Entre Rios – MG.

Imagem de destaque: Freepik

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