Cebolas picadas

Ivane Laurete Perotti

        – arde nos olhos o pó que se solta dos astros –

       “Somos todos feitos do mesmo pó de estrelas…”  Carl Sagan

Na trama das camadas, não só as cebolas misturam gases: o universo é resultante de combinações que, a depender do contexto, matam. Há cordas invisíveis equilibrando os braços da criação como se marionetes capengas disputassem a atenção de um manipulador. Das cordas despregam-se ácidos e intenções. No Lineu, Allium cepa, o caminho interior prima pela vacuidade: quanto mais você desfolha o bulbo, mais encontra o vazio aparente. A-p-a-r-e-n-t-e!

Inevitável o laço que permeia as amarras: cebolas e estrelas têm ácidos em comum. Têm? Na retórica dos pontos, a química fica por conta dos transcendentalistas, astrônomos, filósofos e mestres na arte dos topoi: a lógica dialética move o mundo nas costas de um Aristóteles falecido e no rastro de uma geração destituída da leitura de/do mundo. “As premissas são mais importantes do que se chegar à verdade…”? ‒ ars inveniendi para Cícero: polêmicas desnutridas de compasso para nós, os mortais dependurados no limbo das falcatruas discursivas. Tanto barulho em prato raso; pouca sopa, ou, sopa nenhuma – metáforas retilíneas!

Verdades: cebolas picadas diante dos olhos.

Cebolas picadas: verdades em tábua de corte, fusões sem água corrente.

Persuasão: efeito retardado do ácido sulfúrico marinado em manteiga quente. Do ácido ao óxido! Taxonomia das misturas compensadas em métodos repetidos e castigados. Métodos?

A simplicidade do método é premissa científica, prova de que a elegância se faz com o deitar de poucas camadas, mesmo sob a maquiagem dos tipos catalogados pela contemporaneidade massiva. Ser e sofrer comungam uma questão linear: do ponto ao ponto, do pó ao pó. Basta ventilar os olhos úmidos, proteger as cebolas picadas e fazer do choro uma alternativa para os últimos fins. Sem meios, sem rodeios, os gases presenteiam o ambiente, constituem-no, desnudam e inventariam.

Entre disputas e desafios, os argumentos colhidos na experiência quase diáfana das histórias esquecidas descascam-se em ações performativas e constituem a problemática das formações sociais. Vade retro aquele que nega o lugar comum das instituições de direito: legitimidade, boa-fé… tão necessários quanto a nossa capacidade de sonhar e sonhar e sonhar. Ironia: óbvia e transparente. Mas, se pensar arrebatasse a alma cética, só de ciência sistêmica viveria a humanidade e esta escrita seria enquadrada no Muro das Lamentações. De que outra forma o riso suplantaria o choro?

Há cebolas picadas; outras, bulbos precoces, arremetem as camadas impúberes sobre falsas tábuas de salvação: acúmulo de óxidos sulfúricos! Ou, metáforas da vida política em solo do Brasil ainda e sempre colonial.

                “As lágrimas não doem… O que dói são os motivos que as fazem cair (…)” Mário Quintana

                                

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