Carta ao Pensar a Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais – exclusivo

Charles Moreira Cunha 

Belo Horizonte, 25 de junho de 2015.

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência foi implementado, em nível nacional, através do edital MEC/CAPES/FNDE, em novembro de 2007, com vistas a fomentar a iniciação à docência de estudantes das instituições federais de educação superior e preparar a formação de docentes em nível superior, em cursos de licenciatura presencial plena, para atuar na educação básica pública. Hoje somos um universo ativo de 96 mil bolsistas de diferentes licenciaturas, 300 coordenadores institucionais, somando ainda um grande número de supervisores escolares e professores coordenadores das áreas de formação dentro das universidades.

O PIBID/FaE/UFMG foi pioneiro nesse edital. Com atuação inicial nas áreas de Matemática, Química, Física e Biologia, o programa foi expandido e atualmente responde por 21 subprojetos, sendo: Artes Visuais, Biologia, Dança, Ed. Física, Espanhol, Filosofia, Física, Geografia, História, Interdisciplinar, Matemática, Música, Pedagogia, EJA e anos iniciais, Educação Infantil, Português, Química, Sociologia, Teatro, Licenciatura do Campo, Educação Indígena, a partir dos editais de 2010 e 2012.

A implantação e expansão deste programa na Faculdade de Educação da UFMG consolidarão as diversas ações que traduzem o compromisso e a importância atribuídos pela universidade às disciplinas de iniciação profissional e formação pedagógica que constituem os cursos de licenciatura e Pedagogia na UFMG e faculdade de Educação, locus privilegiado da formação docente.

Pretendemos com o projeto estabelecer uma relação de trabalho colaborativo e diferenciado da UFMG com escolas públicas da Rede Estadual, Municipal e Federal de Ensino. A intensificação do diálogo entre universidade e escola pública no processo de formação inicial de professores permite a sistematização coletiva de diferentes estratégias de aquisição/produção do conhecimento e de produção de materiais didáticos em forma impressa e eletrônica, visando, em última instância, o desenvolvimento da consciência crítica de professores que aprendem com a sua experiência. Compreendemos esse diálogo como fundamental para a melhoria da qualidade de ensino na Educação Básica e na Universidade.

Apesar de cientes de que temos muito por construir, notamos o sucesso e aceitação das atividades planejadas ao longo desses anos, atividades essas avaliadas positivamente pelas escolas parceiras e pela universidade e premiadas na categoria licenciaturas nas três últimas edições da UFMG Jovem que é realizada juntamente à Feira de Ciências do Estado de Minas Gerais em parceria com a Secretaria Estadual de Educação e à Semana do Conhecimento da UFMG.

O PIBID compõe parte da política nacional de educação e pesquisa no ensino superior, sendo a CAPES a instituição coordenadora, que assume uma nova perspectiva a partir do decreto nº 6755 no ano de 2009. No decorrer dos últimos 6 anos, compartilhamos do crescimento em quantidade e qualidade dos investimentos financeiros, intelectual e de trabalho sobre a política nacional de formação inicial e continuada de professores das escolas públicas, resultado em grande parte, atribuído a programas como o PIBID.

No ano de 2015, a sociedade brasileira vive uma grande crise econômica e política. Assistimos, participamos e contestamos muitas das decisões políticas que resolvem, inadvertidamente, quais setores serão impactados, a Educação, como é público, sofreu um acentuado corte no orçamento de 9,4 bilhões de reais, tal realidade, se não for alterada, certamente resultará em impactos na gestão e manutenção das condições de desenvolvimento do PIBID.

O primeiro semestre de 2015, tempo e palco de crises políticas e econômicas no Brasil, anunciou, por diversos momentos, o que constatamos no decorrente mês de junho, quais sejam, vultosos cortes de verbas de custeio, de bolsas dos estudantes, caracterizados como drásticos, superando 50% do universo total até o fim do ano.

Diante desse quadro, assistimos um conjunto de ações, seja dos PIBIDs pelo Brasil todo, bem como de instituições de pesquisa, da imprensa, centros de pesquisa, entre outros, todos defendendo a permanência e ampliação dos investimentos destinados para esse programa que compõe de maneira coerente com os princípios constitucionais que definem como direito de todos, o acesso a uma educação pública e de qualidade, seja ela dentro das escolas da educação básica e também do ensino superior. A reivindicação geral é que se reverta todo o quadro de crise estabelecido e se explicite as condições reais da atual política educacional, permitindo-nos o prosseguimento do trabalho de qualidade que todos temos feito e como é de direito à toda sociedade brasileira.

Charles Moreira Cunha – Coordenador Institucional do PIBID/FAE/UFMG.

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