Biografias negligenciadas de homossexuais, mulheres e negros: nuances educativas e performances em logradouros públicos

Vagner Luciano de Andrade

Nota-se que as homenagens preconceituosamente consolidadas no âmbito do Executivo e Legislativo, na maioria das vezes, legitimam o caráter elitista, branco, homofóbico, racista e machista dando nomes aos parques, praças, ruas. Estas são atitudes individualistas que legitimam a cultura branca elitizada como referência de coletividade. Na Copa feminina de Futebol 2019, a jogadora de futebol Marta chamou a atenção para a força e a legitimidade da mulher em épocas de desconstrução de políticas públicas feministas que se encontravam em consolidação na sociedade brasileira.

Marielle Franco. Fonte: mariellefranco.com.br
E eis que a mulher, no Brasil e no Mundo, busca o seu espaço: Anne Frank, Carmem Miranda, Frida Kahlo, Helena Meirelles, Malala Yousafzaie, Olga Benário Prestes, dentre outras mil. E eis que julho é para reforçar essa discussão. Em 03 de julho de 2014, Hanna Cristina dos Santos perdeu sua vida no desabamento do Viaduto dos Guararapes, na Avenida Dom Pedro II, zona Norte da Capital Mineira e o caso se arrasta na justiça há cinco anos. Em 27 de julho, Marielle Franco completaria 40 anos, se não fosse sua bárbara execução em 14 de março de 2018. E nessas histórias de resistência, de luta pela vida e de impotência perante a morte, como estas biografias se expressam posteriormente no âmbito do projeto de sociedade.

Respeitosamente, uma das formas de se lembrar uma história de vida é a denominação de logradouros como aeroportos, alamedas, becos, estradas, parques, praças, rodovias, ruas, travessas, dentre outros tantos pelo Poder público através de projetos de leis que são discutidos e transformados em normas jurídicas. Nos anos iniciais, as crianças aprendem essa temática nos conteúdos de geografia e história. Mas nada se desdobra no sentido de se conhecer a biografia do homenageado. Eis mais uma tarefa para se pensar e se repensar na prática educativa.

Olga Benário. Fonte: Divulgação/Brasil de Fato

E curiosamente, a sociedade brasileira presta milhares de homenagens a figuras masculinas que se destacaram nos cenários social, político, econômico e cultural. Militantes populares costumam ser anulados neste processo por representarem as forças de resistências frente aos mandos e desmandos do capital, que manobram o Estado, transformando o serviço público em algo privado. É claro, histórias intencionalmente silenciadas para vidas que uma minoria elitizada e conservadora deseja apagar. Biografias de homossexuais, mulheres e negros que são ocultadas. Não apagarão! Suas vozes ecoarão!

Memorial da Irmã Dorothy Stang. Fonte: Agência Brasil

A Rede Ação Ambiental, programa de voluntários formados nos cursos de extensão da PBH/SMMA/GEEDA/Sala Verde através do Projeto Biografias Negligenciadas em conjunto com algumas escolas estaduais e municipais, está propondo ao Legislativo, através de eventuais Vereadoras e Vereadores que tenham perspectiva de mandato coletivo, algumas Sugestões de Projetos de Lei com intuito de dar novas denominações à logradouros públicos, em especial parques e praças de Belo Horizonte que, por sua vez tem uma projeção de destaque nos bairros, sendo apropriados pela coletividade do entorno. Se ruas, alamedas, rodovias e praças se prestam a passagem. Praças e parques trazem a vivência contrária, da parada, do lazer, da contemplação e do descanso. Qual é mesmo o nome do parque?

E por isso se tornam memoriáveis para a população. Em Belo Horizonte, muitos parques repetem desnecessariamente a toponímia de seus bairros de localização, como o Parque do COHALA – Conjunto Habitacional Lagoa, em Venda Nova. Assim, visando homenagear importantes pessoas da militância política, cultural e ecológica, do país e do mundo, em especial, negros, mulheres, indígenas, dentre outras identidades reafirmativas, novos projetos são gestados e discutidos.

Carolina Maria de Jesus. Fonte: Literafro

A Rede Ação Ambiental, programa de voluntários formados nos cursos de extensão da PBH/SMMA/GEEDA/Sala Verde através do Projeto Biografias Negligenciadas em conjunto com algumas escolas estaduais e municipais, está propondo ao Legislativo, através de eventuais Vereadoras e Vereadores que tenham perspectiva de mandato coletivo, algumas Sugestões de Projetos de Lei com intuito de dar novas denominações à logradouros públicos, em especial parques e praças de Belo Horizonte que, por sua vez tem uma projeção de destaque nos bairros, sendo apropriados pela coletividade do entorno. Se ruas, alamedas, rodovias e praças se prestam a passagem. Praças e parques trazem a vivência contrária, da parada, do lazer, da contemplação e do descanso. Qual é mesmo o nome do parque?

E por isso se tornam memoriáveis para a população. Em Belo Horizonte, muitos parques repetem desnecessariamente a toponímia de seus bairros de localização, como o Parque do COHALA – Conjunto Habitacional Lagoa, em Venda Nova. Assim, visando homenagear importantes pessoas da militância política, cultural e ecológica, do país e do mundo, em especial, negros, mulheres, indígenas, dentre outras identidades reafirmativas, novos projetos são gestados e discutidos.

Mulheres brancas têm projeções maiores na questão das possíveis homenagens como as grandiosas escritoras, Clarice Lispector e Cecilia Meireles e a Professora Helena Antipoff. Mas as mulheres negras ainda buscam seu lugar de destaque e lutam pelo reconhecimento de seus direitos. Poucos sabem quem foi Carolina Maria de Jesus (1914/1977), negra nascida em Sacramento -MG e grande escritora, autora do livro “Quarto de Despejo”. Todos conhecem a mineira Clara Gonçalves Pinheiro, a popular e maravilhosa Clara Nunes. Mas quem foi Durvalina Gomes de Sá e Ivana Eva Novaes de Souza. Na luta por dignidade mulheres brancas e negras tombaram. Dorothy Mae Stange Marielle Francisco da Silva são exemplos que jamais poderão ser esquecidos. Brutalmente assassinadas por defenderem interesses coletivos. Mas longe da patética dança das cadeiras entre brancos e negros, nos quais o branco está sempre sentado e o negro em pé, desconstruções são empreendidas. De Dandara dos Palmares à Danielle Mitterrand, mulheres se impõem como forças exemplares de luta e de enfrentamento das mazelas, absurdos e desigualdades. Oscilam do desconforto perante a lógica ilógica, do confronto contra o sistema perverso ao conforto de seus lares e de seus lugares de militância. Dentre outras mil, es tu, Brasil, mulher amada!


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Imagem de destaque: Reprodução/Brasil de Fato

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