Becoming: a vida de Michelle Obama por ela mesma

 Alexandra Lima da Silva

O mês de maio marcou a estreia de Becoming, documentário produzido pela Netflix baseado no livro de autobiográfico de Michelle Obama.

Michelle Obama tornou-se a primeira mulher negra a ocupar o posto de primeira dama dos Estados Unidos, país que escravizou e segregou a população afrodescendente para erguer-se como nação. Mas como própria Michelle Obama afirma, os 8 anos passados na Casa Branca não a definem, sendo a experiência mais um capítulo de vida. Nascida Michelle LaVaugh Robison, filha caçula de Frase Robinson III e Marian Shields, e irmã de Graig Robinson.

As primeiras cenas do documentário mostram os bastidores da turnê de lançamento do livro Becoming. É possível ver todo o brilho e poder pessoal de Michelle Obama, pois ela tornou-se uma mulher negra que lota estádios e que, orgulhosa, diz para uma plateia majoritariamente feminina: “nós não estamos aqui rebolando, nós estamos aqui lendo”. E essa é a tônica de todo o documentário: uma mulher empoderada, autora da própria história.

A menina negra de Chicago que sentia que a mãe preferia o irmão mais velho, não se abateu com a falta de apoio de uma professora do Ensino Médio que a desaconselhou a estudar em Princeton, pois uma universidade de tanto prestígio não seria lugar para ela. A professora dizia que Michelle sonhava voar alto demais, e que não conseguiria.E ela voou. Formou-se em direito e tornou-se advogada.

Michelle Obama é a protagonista única do filme, no qual Barack Obama chega a fazer uma ponta. Pelo filme, é possível perceber que os tempos de primeira dama não foram tão confortáveis para Michelle. Assim como a própria decisão de ter filhos também foi um momento difícil para ela, pois teve que abrir mão de alguns sonhos e se colocar em segundo plano. A narrativa autobiográfica no livro e no filme evidenciam um movimento de reapropriação da própria história. Um momento em que ela parece dizer: “eu sou minha prioridade”. “Minha história me pertence”. O filme evidencia o esforço de mulher para controlar sua própria narrativa. E ela consegue. E inspira outras mulheres a fazer o mesmo: “não se veja como estatística e se apodere de sua história”.

Interrogada sobre o significado de ser a primeira família negra na Casa Branca, ela prefere lembrar que o melhor daquela experiência foi ter a oportunidade de falar sobre a esperança para as pessoas e de como histórias como as dela podem servir de inspiração para que as mudanças aconteçam. Para mim, a principal mensagem do documentário é a de como uma mulher negra pode se apropriar de si mesma e de sua própria história.

 Ela nunca se sentiu invisível.

Para saber mais:

Becoming: Minha história. Direção: Nadia Hallgren. Documentário, Netflix, 2020, 1h e 29.

OBAMA, Michelle. Minha História. Rio de Janeiro: Objetiva, 2018.


Imagem de destaque: Netflix/Reprodução

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