Balanço de um ano difícil

Editorial do Jornal Pensar a Educação em Pauta, Ano 6 – Nº 226/ Sexta-feira, 14 de Dezembro de 2018

Balanço de um ano difícil para a Educação, para o Brasil.

 

Esta é a última edição de nosso Jornal na difícil travessia desse ano de 2018.Difícil para a Educação. Difícil para o Brasil. Difícil para a Humanidade.

Plano Nacional de Educação abandonado. Orçamento para a Ciência e a Educação em permanente redução. Base Nacional Comum Curricular indesejada e imposta sem debates, na surdina. Universidades públicas sob ataque, com o risco de privatização.

Liberdade de cátedra sob ameaça de censura e perseguição. “Escola sem partido” tentando impor mordaça aos professores.

País estagnado. Pobreza extrema em crescimento. Reforma trabalhista produzindo desemprego, informalidade, subemprego, desproteção. Políticas sociais arrasadas. Riqueza nacional vendida a migalhas. Florestas em acentuado desmatamento. Museu Nacional destruído. Marielle Franco, Mestre Moa do Catendê, Líderes do MST… dentre tantos assassinatos. Lula preso, interditado. Aécio protegido, eleito.

Um parlamentar do ‘baixo clero’, sem nenhum projeto socialmente significativo em 30 anos de mandatos, é eleito presidente, com apoio de líderes religiosos de diversas orientações religiosas, de empresários abutres, de militares saudosos da ditadura, da grande mídia comercial, e mesmo de parcela significativa da população mais vulnerável. E eleito com uso intenso de fakenews e discurso de apologia à violência, à homofobia, à misoginia, ao racismo, com uma agenda organizada para a destruição de direitos sociais e um programa de governo entreguista, subalterno aos EUA e ao mercado.

Desenha-se uma teocracia evangélico-militar de inspiração fascista. Já antes da posse, os piores pressentimentos se realizando com os primeiros escândalos financeiros sendo revelados.

Sem surpresas, confirmando as piores previsões, a escolha de um ministro da Educação ultraconservador, de um ministro da Ciência e Tecnologia que nunca produziu um artigo científico, de uma ministra dos Direitos Humanos que está submetida à sua orientação religiosa. O juiz produzido como herói nacional que a seus colegas tudo perdoa e a todos autoriza; para os demais, o advento de um Estado policialesco.

É de novamente perguntar, com Milton Nascimento: “Que tragédia é essa que cai sobre todos nós?”

Sim, tragédias de um ano difícil. Mais difíceis ainda os que virão.

Sombrio, o tempo presente. É nele que estamos, no entanto. Ainda que atordoados(as). Ainda que apreensivos(as).

É preciso (mesmo que impreciso, como diz o poeta) fazer a travessia desse tempo. Como outros, esse também vai passar. Depende muito de nós que passe com brevidade. Transformar atordoamento e apreensão em luta. Como sempre fizemos. É nossa sina, é nossa escolha. É nossa identidade. É nossa experiência de viver. Continuar a luta pela Educação. Continuar a luta pelo País que desejamos.

Sim, a Vida sempre continua. Com altivez, na lida de todo dia, tendo a Esperança como companheira constante:

“A Esperança tem duas irmãs lindas: a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão. A coragem, a mudá-las. (Agostinho, 354-430)

Sigamos. Indignados(as) e corajosos(as), vamos para a travessia de 2019. Até março.


Imagem de destaque: @rafaelabiazi

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Balanço de um ano difícil para a Educação, para o Brasil.

Esta é a última edição de nosso Jornal na difícil travessia desse ano de 2018.Difícil para a Educação. Difícil para o Brasil. Difícil para a Humanidade.

Plano Nacional de Educação abandonado. Orçamento para a Ciência e a Educação em permanente redução. Base Nacional Comum Curricular indesejada e imposta sem debates, na surdina. Universidades públicas sob ataque, com o risco de privatização.

Liberdade de cátedra sob ameaça de censura e perseguição. “Escola sem partido” tentando impor mordaça aos professores.

País estagnado. Pobreza extrema em crescimento. Reforma trabalhista produzindo desemprego, informalidade, subemprego, desproteção. Políticas sociais arrasadas. Riqueza nacional vendida a migalhas. Florestas em acentuado desmatamento. Museu Nacional destruído. Marielle Franco, Mestre Moa do Catendê, Líderes do MST… dentre tantos assassinatos. Lula preso, interditado. Aécio protegido, eleito.

Um parlamentar do ‘baixo clero’, sem nenhum projeto socialmente significativo em 30 anos de mandatos, é eleito presidente, com apoio de líderes religiosos de diversas orientações religiosas, de empresários abutres, de militares saudosos da ditadura, da grande mídia comercial, e mesmo de parcela significativa da população mais vulnerável. E eleito com uso intenso de fakenews e discurso de apologia à violência, à homofobia, à misoginia, ao racismo, com uma agenda organizada para a destruição de direitos sociais e um programa de governo entreguista, subalterno aos EUA e ao mercado.

Desenha-se uma teocracia evangélico-militar de inspiração fascista. Já antes da posse, os piores pressentimentos se realizando com os primeiros escândalos financeiros sendo revelados.

Sem surpresas, confirmando as piores previsões, a escolha de um ministro da Educação ultraconservador, de um ministro da Ciência e Tecnologia que nunca produziu um artigo científico, de uma ministra dos Direitos Humanos que está submetida à sua orientação religiosa. O juiz produzido como herói nacional que a seus colegas tudo perdoa e a todos autoriza; para os demais, o advento de um Estado policialesco.

É de novamente perguntar, com Milton Nascimento: “Que tragédia é essa que cai sobre todos nós?”

Sim, tragédias de um ano difícil. Mais difíceis ainda os que virão.

Sombrio, o tempo presente. É nele que estamos, no entanto. Ainda que atordoados(as). Ainda que apreensivos(as).

É preciso (mesmo que impreciso, como diz o poeta) fazer a travessia desse tempo. Como outros, esse também vai passar. Depende muito de nós que passe com brevidade. Transformar atordoamento e apreensão em luta. Como sempre fizemos. É nossa sina, é nossa escolha. É nossa identidade. É nossa experiência de viver. Continuar a luta pela Educação. Continuar a luta pelo País que desejamos.

Sim, a Vida sempre continua. Com altivez, na lida de todo dia, tendo a Esperança como companheira constante:

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