Avaliação da Pós-Graduação em Educação: questões, dilemas e algumas proposições

Luciano Mendes de Faria Filho

Os últimos tempos não têm sido fáceis para a pós-graduação brasileira e, por consequência, para aqueles que diuturnamente se dedicam à formação e à pesquisa nesse nível de ensino. Às sucessivas trocas de ministros, que impactaram sobremaneira o conjunto das políticas educacionais no país, somaram-se as indefinições quanto à direção da CAPES e, no caso da área da Educação, as dificuldades de integração entre a Educação Básica e o Ensino Superior na agência, bem como a alteração do período de avaliação que dos três anos tradicionais passaram para quatro, no meio do caminho. Não bastasse isso, vieram os profundos cortes de verbas em 2015 e, mais recentemente, o recolhimento, pela CAPES, dos recursos de bolsas consideradas “ociosas” pela agência, mesmo que essa ociosidade tenha sido veementemente negada pelos Programas de Pós-Graduação.

No caso da Área da Educação vivemos, ainda, dificuldades adicionais advindas seja das políticas e ações da CAPES – a dificuldade de a agência aceitar com tranquilidade os livros como um produto acadêmico de excelência e a demora em indicar a Coordenação da Área, por exemplo – seja da configuração da pesquisa e da pós-graduação na própria área – elevado número de programas, de pesquisadores e de alunos e a dificuldade de estabilizar os critérios de avaliação, por exemplo.

Neste momento, estamos chegando a meados do quarto ano do quadriênio que será avaliado e é sensível na área certa apreensão quanto ao processo de avaliação e, consequentemente, aos rumos que tomará a pós-graduação em educação no país. Tal apreensão é perfeitamente justificável já que a avaliação dos programas tem impacto direto e imediato no financiamento dos alunos (bolsas) e de boa parte das atividades de formação desenvolvidas pelos mesmos. Essa relação direta entre a avaliação e o financiamento, que já é difícil de equacionar em momentos de normalidade econômica, torna-se mais crítica em tempos de crise financeira como os que estamos vivendo.

Objetivando contribuir com o debate sobre o processo de avaliação da pós-graduação na área de educação publicarei, nos próximos números do Pensar a Educação em Pauta, uma série de artigos sobre os temas listados abaixo. Esta lista não exclui outros assuntos que porventura se apresentem nos debates com os leitores e, mesmo, dos quais eu me lembre no transcurso das próximas semanas.

  • A relação entre pesquisa e pós-graduação no Brasil
  • A educação no Sistema de Pesquisa e de Pós Graduação
  • O Financiamento da Pesquisa e da Pós Graduação
  • Os critérios de avaliação dos Programas: instabilidade e indefinição
  • Avaliação dos Programas x Avaliação dos Pesquisadores
  • Entre o produtivismo e a produção qualificada
  • Que internacionalização nos interessa?
  • O impacto social dos programas

No desenvolvimento de alguns desses temas lançarei mão de textos já produzidos e, eventualmente, publicados neste e em outros veículos ao longo dos últimos anos, buscando, sempre que possível, dar-lhes a necessária atualidade.

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