As tragédias lentas e as abruptas

Apolo Heringer Lisboa

Um avião que cai com 300 pessoas gera comoção mundial. Um feriado prolongado no Brasil, morrendo mais que isso nas estradas é notícia regional. E são tragédias comparáveis. Mas a sociedade e a mídia comercial se mobilizam e se comovem de forma muito diferente. Nossa visão e reação depende de fatores condicionantes.

A tragédia da barragem de rejeitos da VALE/BHP (Samarco) em Mariana encheu de lama todo o leito do Rio Doce, inundando margens de lama pesada que tudo destruía e matava, pessoas, animais, peixes, deixando mais mortes ainda nas consequências que virão. Comoção e repercussão mundial, revolta em todo o Brasil, sobretudo em Minas Gerais, mostrando o que a ganância e desgoverno podem gerar de nocivo ao Brasil. Daqui um tempo será lembrada mas sem as cores vivas e a emoção desta semana. E pode não gerar nenhuma grande mudança no sistema econômico que a causou. Vai depende de nossas atitudes, individuais e coletivas.

Enquanto isso os lançamentos de esgotos domésticos, industriais e dos negócios agro-animais nos rios, o desmatamento impiedoso da Mata Atlântica para as monoculturas do capim e do gado, da cana e do café, o carvão da Mata frondosa que alimentou a Belgo Mineira, as queimadas anuais na fazendas, tudo isto em décadas e séculos seguidos, gerando erosão e assoreamento, não provocam a mesma mobilização da maioria da população e da grande mídia comercial, a maioria da sociedade foi se acostumando, embora seus resultados sejam igualmente trágicos ou seguramente até maiores que estas enormes tragédias isoladas. Quase me esquecia do holocausto dos índios botocudos que defenderam de forma heroica a Mata Atlântica e sua liberdade de viver em sua terra, exterminados e humilhados por militares portugueses e fazendeiros brasileiros, com a colaboração e bênção dos catequizadores.

Nós somente mudaremos esta situação se compreendermos que o sistema econômico precisa respeitar a sustentabilidade ambiental dos seus ecossistemas, seus rios e a biodiversidade. Precisamos ecologizar a economia. Antes do ser humano habitar a Terra, a energia solar, a fotossíntese, a água e o carbono já produziam os alimentos para todos os seres vivos sem produzir lixo ou esgoto e melhorando o solo. Temos que progredir, não praticar esta regressão de um sistema econômico estúpido e promotor da miséria e da poluição em escala mundial.

* VALE-SAMARCO, TRANSFORMAM O RIO DOCE NO MAIOR MINERODUTO DO MUNDO.

A bacia hidrográfica do rio Doce apresenta uma significativa extensão territorial, cerca de 83.400 km2, dos quais 86% pertencem ao Estado de Minas Gerais e o restante ao Estado do Espírito Santo. Abrange, total ou parcialmente, áreas de 228 municípios, sendo 202 em Minas Gerais e 26 no Espírito Santo e possui uma população total da ordem de 3,1 milhões de habitantes.

O rio Doce, com uma extensão de 853 km, tem como formadores os rios Piranga e Carmo, cujas nascentes estão situadas nas encostas das serras da Mantiqueira e Espinhaço, onde as altitudes atingem cerca de 1.200 m. Seus principais afluentes são: pela margem esquerda os rios Piracicaba, Santo Antônio e Suaçuí Grande, em Minas Gerais, Pancas e São José, no Espírito Santo; pela margem direita os rios Casca, Matipó, Caratinga, Cuieté e Manhuaçu, em Minas Gerais, e Guandu, no Espírito Santo. (Fonte: Google)

*Apolo Heringer Lisboa é Doutor em Educação pela FAE/UFM. Idealizador e coordenador do Projeto Manuelzão.

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