Aprendendo a transgredir: um convite à leitura de bell hooks

Alexandra Lima da Silva

No âmbito do debate sobre pensamento feminista negro, algumas autoras têm merecido maior atenção por parte do mercado editorial brasileiro. Este é o caso de bell hooks, que procura subverter os cânones da escrita, a começar pelo nome próprio, com a proposição que seja escrito sempre em letra minúscula.

Nascida Gloria Jean Watkins em setembro de 1952, no estado do americano do Kentucky, bell hooks é uma ativista, educadora e escritora de muitos livros. Um dos primeiros textos de sua autoria a circular no meio acadêmico brasileiro em língua portuguesa foi “Intelectuais negras”, artigo publicado pela revista Estudos Feministas no segundo semestre de 1995. Uma das importantes contribuições do pensamento de bell hooks é a necessidade de considerar que dentro das hierarquias de sexo/raça/classe, as mulheres negras “sempre estiveram no nível mais baixo. O status inferior nessa cultura é reservado aos julgados incapazes de mobilidade social por serem vistos em termos sexistas, racistas e classistas como deficientes incompetentes e inferiores”.

Inspirada nos ensinamentos do educador brasileiro Paulo Freire, ela publicou o livro Teaching to transgress. Education as the practice of freedom (1994) e algumas décadas mais tarde, o livro mereceu uma edição no mercado editorial brasileiro, sendo publicado pela Martins Fontes em 2013 com o título Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade.

 Publicado originalmente no ano 2000, Feminism is for Everybody despertou o interesse da editora Rosa dos Tempos 18 anos depois e, em 2018, foi publicado como O feminismo é para todo mundo: Políticas arrebatadoras. Nas palavras da própria autora, o feminismo é necessário para um mundo mais justo e igualitário, no qual “precisamos acabar com o racismo, o elitismo, o imperialismo” (hooks, 2018, p. 15).

Publicado nos Estados Unidos em 1981 com o título Ain’t I a woman? Black women and feminism, a obra foi traduzida e publicada no Brasil pela editora Rosa dos Tempos em 2019, com o título Eu não sou uma mulher? Mulheres negras e feminismo, numa alusão ao icónico discurso de Sojourner Truth no século XIX.

Publicado originalmente em 1984,  Feminist Theory: From Margin to Center também mereceu uma edição brasileira de forma bastante tardia. Apenas em 2019, mais de 30 anos depois, foi publicado pela Editora Perspectiva com o título Teoria Feminista: Da margem ao centro.

A obra de bell hooks também fisgou a editora Elefante, que no ano de 2019 publicou 3 coletâneas de ensaios críticos da autora: Olhares Negros; Erguer a voz e Anseios. Tais livros foram publicados anteriormente com os títulos:  Black Looks: Race and Representation (1992); e Talking Back: Thinking Feminist, Thinking Black (1989). O vasto repertório de bell hooks inclui também a escrita de livros infantis. Neste sentido, destaco Meu crespo é de rainha (2018) e Minha dança tem história (2019).

Como historiadora e educadora, os livros de bell hooks são uma inspiração e um convite para pensar a escrita como forma de romper silêncios e também como uma prática de liberdade.

Para saber mais:

hooks, bell. Intelectuais negras. Estudos Feministas,  v. 3, n. 2, p. 454-78., 1995.

_____.Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade. São Paulo: Martins Fontes, 2013.

_____. O feminismo é para todo mundo: Políticas arrebatadoras. Rio de Janeiro: Rosa dos Ventos, 2018.a

_____. Meu crespo é de rainha. São Paulo: Boitatá, 2018. b

_____. Erguer a voz. São Paulo: Editora Elefante, 2019.a

______. Olhares Negros. Raça e Representação. São Paulo: Editora Elefante, 2019.b

______. Anseios: raça, gênero e políticas culturais. São Paulo: Editora Elefante, 2019.c

______. Eu não sou uma mulher? Mulheres negras e feminismo. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2019.d

______. Teoria Feminista: Da margem ao centro. São Paulo: Editora Perspectiva, 2019.e

_____. Minha dança tem história. São Paulo: Boitatá, 2019.f


Imagem de destaque: bell hooks. Foto: Cmongirl

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