Ainda é tempo de despertar: preposições interdisciplinares entre Ecologia, História e Sociologia

Vagner Luciano de Andrade

Dois e Dois são Quatro

Como dois e dois são quatro
Sei que a vida vale a pena
Embora o pão seja caro
E a liberdade pequena
Como teus olhos são claros
E a tua pele, morena
como é azul o oceano
E a lagoa, serena

Como um tempo de alegria
Por trás do terror me acena
E a noite carrega o dia
No seu colo de açucena

– sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
mesmo que o pão seja caro
e a liberdade pequena.

Ferreira Gullar

Ainda é tempo de despertar para os conteúdos relevantes para a formação humana. Neste contexto se enquadram a Ecologia, a História e a Sociologia, dentre outras. Inicialmente deve-se repassar os conceitos interdisciplinares de diferentes escalas temporais: tempo geológico, tempo biológico e tempo histórico. Assim como há um acúmulo de conhecimentos que orientam sobre metodologias no ensino, há lacunas sobre como ensinar, evidenciando um descompasso. Apesar da constituição da Sociologia como ciência estar avançada, em pesquisas, métodos de investigação, e reflexões teóricas, o pensamento sociológico como disciplina escolar é ainda incipiente, não está totalmente constituída, consolidada e com lugar definido nos currículos escolares (FONTANA, Felipe. Pensamento Sociológico. Maringá-PR.: UNICESUMAR, 2019, p. 206). Prova maior disso é que esta disciplina deveria permear o ensino fundamento enquanto disciplina curricular, assim como a Filosofia, mas isto não se efetivou por questões que não discutir-se-á aqui.

Fonte: Erika Varga / Pixabay

Entre as possibilidades de aprender e ensinar a Sociologia, afastando-se do senso comum e desenvolvendo a criticidade, Wright Mills propõe o conceito de Imaginação Sociológica,que questiona o âmbito familiar, com perguntas sobre coisas cotidianas impulsionandonovas investigações. Assim, como perspectiva pedagógica do “fazer sociológico” expõe-se uma sugestão de atividade didática relacionada ao cotidiano familiar, tendo como elemento o uso de despertadores, analógicos ou digitais. Com isso, oprofessor proporá aos alunos que reflitam sobre como esse objeto é parte do dia-a-dia e como naturalizou-se sua utilização e finalidade no tempo e no espaço evidenciando permanências e rupturas.O despertador é um elemento do cotidiano sobre o qual não refletimos habitualmente, pois já o incorporamos na prática social automaticamente, mecanicamente. Assim questões e preposições interdisciplinares entre Ecologia, História e Sociologia se materializam: Como eram os despertadores e como são agora? Desde quando as pessoas passaram a usá-los? E quando não havia relógio como os homens viviam? Por que se usam despertadores? Somos escravos do relógio?

Bem, trabalhar com a Ecologia, a História e a Sociologia são pontos relevantes para a problematização dos questionamentos levantados oferecendo respostas que possibilitem aos alunos compreenderem que a utilização de despertadores como parte alienadora de um processo societário de racionalização da vida social, pautada pelo estabelecimento de horários para compromissos, pela necessidade de acordar em determinado horário para o trabalho, como a tecnologia substituindo os antigos despertadores “físicos” por aparelhos celulares.

Propõe-se atividade teórica seguida de uma prática coletiva (socialização com o restante da escola) acercas dos pressupostos teóricos da Sociologia para se pensar a noção tempo e espaço, tidas como recortes inicialmente associados às áreas de história e geografia. Para esta aula, usar-se-á o despertador, enquanto objeto de análise das relações de produção e reprodução, tanto temporais, quanto espaciais. A primeira coisa a ser pensadaé uma convocatória para que alunos tragam imagens de revistas que delineiem o consumo do tempo sob diferentes modalidades e formatos. Imagens de trânsito, executivos a caminho do trabalho, centros comerciais, sistemas de transportes, restaurantes e lanchonetes. As imagens serão utilizadas como debate inicial, no qual os educandos identifiquem o consumo do tempo e a consequente escravização que o mesmo impõe aos homens dos tempos modernos. A ideia é fazer um mural expositivo no pátio da escola. Após o debate, cada estudante receberá uma folha em branco na qual desenhará um relógio despertador. Estes desenhos farão a interlocução ao serem interpostos sobre as imagens trazidas. Após o desenho, inicia-se o debate em formato circular. Os alunos serão convocados a mostrarem as imagens escolhidas, justificando o porquê da escolha e dimensionando o tempo daquela situação. Na sequência, deve-se perguntar como é a rotina de cada um, se eles se sentem escravos do tempo e também dos ditames da sociedade em que vivem. Se eles mesmo gerenciam seu tempo, ou se isso é feito pelos pais. Como atividade para ser efetuada em casa, eles deverão mapear seus tempos em escalas de gerenciamento, definindo com o que gastam mais tempo e porquê. O mesmo deve ser feito para o que se gasta mesmo tempo. Questões como lazer, esportes, família, amizades, passeios, estudos devem ser dimensionadas. O tema é sugerido porque a escola precisa problematizar a questões do modelo de sociedade no qual todos são “REFÉNS DO TEMPO: ONTEM, HOJE E SEMPRE. Diante desta constatação é preciso promover práticas pedagógicas que emancipem alunos no sentido de que “SEMPRE É HORA PARA SE DESPERTAR”. Despertemos, antes que seja tarde demais.

Roda da Vida. Fonte: JMR Coaching

PARA SABER MAIS

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Imagem de destaque: pasja1000 / Pixabay

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