A reinvenção de Brumadinho depois da tragédia: reentrâncias de uma paisagem turística e educativa

Vagner Luciano de Andrade
Juliana Barros Pereira*

A escola deve se preparar metodologicamente para nunca esquecer a barragem rompida em 25 de janeiro de 2019, em Córrego do Feijão. A discussão pedagógica sobre e Tragédia de Brumadinho perpassa por diálogos multidisciplinares e transdisciplinares construindo considerações e reflexões nos aspectos científicos, culturais, ecológicos, econômicos, éticos, políticos, sociais e tecnológicos. Assim, interdisciplinarmente estes conceitos específicos se integram para discutir e apontar alternativas minimizadoras da mineração irresponsável. Córrego do Feijão mostrou ao mundo os efeitos perversos do sistema capitalista vigente. A preocupação metodológica não mais se restringirá às cinco séries dos anos iniciais, às quatro séries dos anos finais ou aos três anos do ensino médio. Virou uma pauta societária emergencial.

Ao descrever os métodos tradicionais de ensino pelos quais passam as pessoas em sua formação, desde crianças à vida adulta, faz-se necessário repassar reflexões teóricas consolidadas. A sociedade atual clama por transformações nos diferentes estágios e processos de inteligência, pois os mesmos já se encontram defasados e/ou ultrapassados. A educação não foge a essa regra, sendo um dos canais de renovação. É preciso repensar sobre tempos e espaços em que se desenvolvem a aquisição dos conhecimentos e como consequentemente os indivíduos tornam-se efetivamente autônomos.Assim a paisagem geológica é o novo livro didático. A paisagem mineraria é a paisagem cultural e ecológica que reeduca repensado os erros do projeto minerador. Esse novo método de estudo propõe quatro momentos para que o professor alcance resultados satisfatórios. A partir da Mineiridade e da mineração é preciso pesquisar e:

  • Analisar quais os desafios da educação mineira no projeto de prover aos alunos da educação básica, muito mais do que o previsto nos conteúdos curriculares tradicionais.
  • Conceber como a mineiridade renova as bases curriculares no sentido de que a educação básica forme valores e cidadãos acerca da mineração.
  • Entender as dimensões políticas e pedagógicas da mineração nas Minas Gerais enquanto conteúdo didático-pedagógico além dos livros e das salas de aula;
  • Investigar resquícios minerários em educação da Mineiridade como meio de oportunizar aos indivíduos o acesso aos bens culturais de seu povo, evidenciando ameaças e degradações.

À cidade de Brumadinho se refaz após a tragédia e se reinventa mostrando suas paisagens naturais, redes culturais e reentrâncias educativas. De espécies botânicas raras de todos os continentes, ao voo de balão ou aventuras no parapente, o projeto turístico explora o potencial ecológico da região adjacente, e sua estrutura de artesanato, cultura, gastronomia e hotelaria, destacando a hospitalidade das pessoas dos povoados. Arte, história e a paisagem apontam o potencial do turismo pedagógico em suas diferentes facetas, mostrando que a Cidade das Brumas é referência em termos de desenvolvimento, preservação e justiça social na região metropolitana, reunindo todos os predicados para tal: Assentamento Pastorinhas, Cachoeira dos Marques, Cachoeiras da Jangada,Cachoeiras do Rio Paraopeba, Casa Branca, Conceição do Itaguá, Conjunto Histórico de Piedade do Paraopeba, Conjunto Paisagístico da Serra da Calçada, Forte Brumadinho, Jardim botânico de Inhotim, Melo Franco, Mirante dos Veados, Mirante Topo do Mundo, Museu de Arte Contemporânea Inhotim, Parque Estadual da Serra do Rola Moça, Povoado de Aranha, Quilombo do Sapé, Serra da Conquista, Serra da Jangada, Serra da Moeda e Serra dos Três Irmãos. Ecologia e cultura se unem no conceito de paisagem educativa.

A proposta dessa paisagem escolhida, enquanto novo objeto educativo é enxergar o indivíduo como o principal sujeito sociocultural do fenômeno humano que é a mineiridade, registrando sua percepção. Busca-se, desta maneira, uma abordagem metodológicainterdisciplinar mais adequada.Apaisagem e sua relação com o ser/estar é fenomenológico, na qual a busca do professor é a experiência consciente do discente vivida em determinada situação/paisagem. Definida a metodologia fenomenológica é preciso identificar e situar o fenômeno, que será a visitação e a aula externa. A fenomenologia propõe investigar “in loco”, vivências humanas e traçar uma compreensão do fenômeno sem prender-se em generalizações e explicações causais. Assim, os indivíduos observadores, os alunos são quem darão sentido ao olhar dapaisagem pesquisada. Nesta vertente, a busca é pela elucidação do vivido, mas partindo do pressuposto que a interpretação do aluno mediada pelo professor é essencial na compreensão dos fenômenos. Na interpretação, a paisagem pesquisada é vividae todas as suas apreensõessão levadas em conta:

  • a compreensão do fenômeno de minerar destacando as significâncias da Mineiridade para os discentes;
  • a descrição fenomenológica dos processos de mineração, a partir de teóricos construtivistas;
  • a redução das realidades culturais existentes nas sociedade mineradora.

 

PARA IR ALÉM

Abrace Brumadinho

*Advogada. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professora da disciplina de Direito Ambiental no curso de Direito da Faculdade Promove (Belo Horizonte). E-mail: julianabarrosbh@yahoo.com.br


Fonte das imagens: Abrace Brumadinho

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