A parceria entre ciência, sociedade e educação é urgente – exclusivo

Tiago Tristão Artero

Ao pensarmos a educação, relativamente às suas várias manifestações na sociedade, notamos suas profundas influências na cultura da mesma. No entanto, de qual educação estamos falando? Em que termos possuímos, de fato, noção de quanto o conhecimento científico influencia na elaboração das diretrizes e no funcionamento da educação? O seminário “Educação no Espaço Público: a comunicação pública da pesquisa em educação no Brasil” (em andamento no momento da escrita deste texto)está discutindo aspectos que abordam as contradições e necessidades presentes na produção da ciência e sua divulgação, muitas das vezes, distantes da compreensão popular e, por esse e muitos outros motivos, distante da população.

Notável é a falta de contato do público com o conhecimento científico, como se fosse algo distante de se alcançar, complicado de se entender e sua apropriação, para poucos. Isso é um mito. Paulo Freire fala sobre a necessidade de trabalharmos com temas geradores, Vigotski reforça a necessidade de percebermos a historicidade presente em cada ato, na cultura, na sociedade. Somente com esses pensadores já poderíamos reformular todas essas falsas impressões de que a ciência é algo distante da sociedade, pois a ciência faz parte da sociedade e a sociedade constrói a ciência também, em um processo de mediação.

Ocorre que há muitos que relacionam a ciência ao conhecimento das exatas. A ciência está presente em todas as áreas.Descartes contribuiu para sua sistematização, mas é necessário proporcionarmos ao ser humano, ao ser social, a apropriação desse tipo de conhecimento que valida diferentes percepções sobre assuntos diversos e assuntos em comum. No teor dos assuntos contraditórios, a ciência entra como questionadora, devido à possibilidade de pesquisadores com diferentes olhares poderem chegar a resultados diversos também.

Aí está a reflexão. Na diferença de opiniões, na diversidade de olhares e isso pode ser proporcionado pela pesquisa. Por tal motivo que o evento citado no primeiro parágrafo desta matéria relaciona o jornalismo como essencial na difusão dos conhecimentos.

Levar a população à novos paradigmas passa, necessariamente, pela reflexão e análise das possibilidades e contradições atuais, bem como em torno das ocorridas no passado e que servem de norte para novos direcionamentos.

Agora cabe entendermos se a escola e outras instituições, principalmente as ligadas à educação, apropriam-se do conhecimento científico. Muitos poderiam responder que sim. Mas a base do conhecimento científico é a constante análise e reconstrução, devido ao fato de que a sociedade não é imóvel, é flexível e líquida. Cabe também notar a capacidade científica do ser humano que a todo momento está elaborando ideias, criticando elementos do cotidiano e estabelecendo linhas de raciocínio e hipóteses. Ora, esse mesmo indivíduo observa o conhecimento acadêmico e científico como algo inalcançável, fruto da produção e de descobertas incríveis de pessoas extraordinárias.

É necessário propiciar o alcance da ciência à todos, em uma linguagem acessível e que seja a tradução de uma ciência em suas diversas manifestações, presente na filosofia, matemática, literatura, educação, enfim, não somente as estigmatizadas pela população, mas a ciência como um todo.

Por isso temos que valorizar eventos como esse propiciado pela UFMG que permitiu a vários participantes de todo o Brasil fazer a crítica devida, em busca de soluções para que todos ganhem com as soluções levantadas. O conhecimento salva vidas, gera novas reflexões, reorganiza e reorienta a sociedade e permite desorganizar o que está erroneamente organizado. A parceria entre ciência, sociedade e educação é urgente.

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