A condição precarizada juvenil – para além dos “nem-nem”

Roberto Rafael Dias da Silva

A divulgação dos dados referentes à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua), realizada pelo IBGE na última semana, atualiza inúmeras informações dados acerca da população de nosso país. O dado que adquiriu maior repercussão, concernente ao ano de 2018, aponta que dos 47,3 milhões de jovensna faixa etária entre 15 e 29 anos, 23% não estudam, nem trabalham. São os conhecidos “nem-nem”, ou como são nomeados em uma linguagem mais acadêmica “os desengajados”. Conforme os apontamentos da pesquisa do IBGE, os jovens nesta condiçãoestão ocupados em outras atividades, como aquelas ligadas aos cuidados domésticos, por exemplo. Isto pode nos levar a compreender por que as taxas de pessoas que “não estudam, nem trabalham” entre as mulheres chegam a 28,4%.

A pertinência e a atualidade destes dados precisam contribuir para ampliar nossa reflexão crítica sobre as juventudes no Brasil. Em outras palavras, seria conveniente que descontruíssemos este estereótipo ligado aos “nem-nem”, visando compreender seus processos de discriminação negativa e a ausência de políticas efetivas para a promoção de oportunidades. Com um olhar atento para as periferias urbanas, brasileiras e latino-americanas, podemos diagnosticar uma generalização da precariedade, o que inviabiliza aos jovens a construção de uma narrativa estável de futuro ou mesmo perspectivas e projetos para o futuro.

Defendo que dados como estes, apresentados anteriormente, configuram-se como importantes balizadores para a mobilização de políticas efetivas de enfrentamento das desigualdades. Porém, não seria desejável que seguissem sendo orientadas por leituras moralizantes e que tendem a responsabilizar os próprios atores pelas dificuldades que enfrentam em suas existências. Ao defender que deveríamos problematizar esta adjetivação – “nem-nem” – reconheço a necessidade de ampliar a interpretação da questão almejando a construção de novos parâmetros políticos. Auxiliar estas pessoas a combater suas angústias, seus medos e suas inseguranças seria uma alternativa interessante, sobretudo no contexto da intermitência característica de sua inserção no mundo do trabalho. Promover programas de formação integral – envolvendo trabalho e educação – provocaria novas reações à condição juvenil precarizada. Ou ainda, para finalizar, reconhecer que a precariedade não é derivada de uma fatalidade, isto é, ainda precisamos de políticas que removam barreiras ao exercício das liberdades e políticas promotoras de oportunidades. Que o recém-iniciado século XXI favoreça a emergência de políticas que engendram a inserção qualificada destes atores em novos projetos formativos, de vida e de trabalho!


Imagem de destaque: Tom Sodoge / Unsplash

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