2016, a política perdeu pra polícia!

No último editorial do ano passado, desejamos 2016: Mais política, menos polícia! Mais utopia, menos realismo! Nada mais enganador! Não bastassem os episódios políticos ocorridos em Brasília, os quais debilitam ainda mais a República e mostram a desfaçatez a que podem chegar os agentes públicos brasileiros, a semana foi marcada, também e mais uma vez, pela invasão de uma universidade pública, a UFMG, pela Política Militar.​

A pretexto de combater supostas ilegalidades e ameaças praticadas pelos estudantes secundaristas e universitários, a Polícia Militar voltou a invadir um território federal e cometer violência contra os adolescentes e jovens que se manifestavam. São os mesmos os argumentos, o local e a atitude da Política Militar mineira em relação ao episódio acontecido há menos de um mês.

Letárgicas, por falta de conhecimento ou por não acreditar que alguma ação seja possível ou eficiente ou, ainda, por adesão ao que vem ocorrendo no país, a população de Belo Horizonte e, mesmo, parte significativa da comunidade universitária brasileira, pouco parecem se (pre)ocupar da questão. A impressão de que devemos nos ocupar de nossas vidas, já tão ocupadas, ou de nossas pesquisas, já tão atrasadas, parece se impor muito mais do que o desejo de combater o arbítrio. No entanto, a omissão, hoje, é, sem dúvida, uma forma de abraçar os inimigos da democracia. Há que se escolher um lado e, nisso, os educandos têm se relevado importantes educadores.

Ao longo da nossa história os estudantes têm sido protagonistas de importantes transformações políticas e, por isso, têm merecido atenção sempre desdobrada dos órgãos de repressão. Seja por sua capacidade de organização e mobilização, facilitadas pelos encontros diários nos pátios das escolas e das universidades, seja pela sua capacidade de desejar e vislumbrar futuros possíveis, o alunado brasileiro tem assumido um papel importante na história política do Brasil, notadamente em momentos de crise política ou de enfraquecimento dos partidos políticos e dos movimentos sindicais.

A repressão que se abate sobre os alunos das escolas brasileiras não é, evidentemente, a única forma de violência contra nossa juventude. A polícia que cerceia violentamente a ação política hoje, é a mesma que vem matando a juventude negra e pobre de nosso país ao longo dos anos. Em ambos os casos, a naturalização da violência como forma de ação contra supostos ilícitos e contra alegados contraventores revelam os traços autoritários e excludentes de nossa sociedade e a cultura política violenta e repressiva em que nossos policiais são (des)educados.

Felizmente, pessoas há, dentre nós brasileiros(as), que acreditam que ainda temos o que fazer e que a ação política é única via legítima e duradoura de combatermos a ação violenta da polícia. A união e organização desses setores democráticos e plurais para a luta contra a violência e os descalabros políticos, econômicos e culturais implementados pelo governo Temer e seus apoiadores é um imperativo. Se não, nem os mortos descansarão em paz!

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2016, a política perdeu pra polícia!

ocupacao

(Editorial do jornal Pensar a Educação em Pauta n. 148, de 09/12/2016]

Ano 4 – Nº 148 / sexta-feira, 09 de dezembro de 2016

Ano 4 – Nº 148 / sexta-feira, 09 de dezembro de 2016

No último editorial do ano passado, desejamos 2016: Mais política, menos polícia! Mais utopia, menos realismo! Nada mais enganador! Não bastassem os episódios políticos ocorridos em Brasília, os quais debilitam ainda mais a República e mostram a desfaçatez a que podem chegar os agentes públicos brasileiros, a semana foi marcada, também e mais uma vez, pela invasão de uma universidade pública, a UFMG, pela Política Militar.

A pretexto de combater supostas ilegalidades e ameaças praticadas pelos estudantes secundaristas e universitários, a Polícia Militar voltou a invadir um território federal e cometer violência contra os adolescentes e jovens que se manifestavam. São os mesmos os argumentos, o local e a atitude da Política Militar mineira em relação ao episódio acontecido há menos de um mês.

Letárgicas, por falta de conhecimento ou por não acreditar que alguma ação seja possível ou eficiente ou, ainda, por adesão ao que vem ocorrendo no país, a população de Belo Horizonte e, mesmo, parte significativa da comunidade universitária brasileira, pouco parecem se (pre)ocupar da questão. A impressão de que devemos nos ocupar de nossas vidas, já tão ocupadas, ou de nossas pesquisas, já tão atrasadas, parece se impor muito mais do que o desejo de combater o arbítrio. No entanto, a omissão, hoje, é, sem dúvida, uma forma de abraçar os inimigos da democracia. Há que se escolher um lado e, nisso, os educandos têm se relevado importantes educadores.

Ao longo da nossa história os estudantes têm sido protagonistas de importantes transformações políticas e, por isso, têm merecido atenção sempre desdobrada dos órgãos de repressão. Seja por sua capacidade de organização e mobilização, facilitadas pelos encontros diários nos pátios das escolas e das universidades, seja pela sua capacidade de desejar e vislumbrar futuros possíveis, o alunado brasileiro tem assumido um papel importante na história política do Brasil, notadamente em momentos de crise política ou de enfraquecimento dos partidos políticos e dos movimentos sindicais.

A repressão que se abate sobre os alunos das escolas brasileiras não é, evidentemente, a única forma de violência contra nossa juventude. A polícia que cerceia violentamente a ação política hoje, é a mesma que vem matando a juventude negra e pobre de nosso país ao longo dos anos. Em ambos os casos, a naturalização da violência como forma de ação contra supostos ilícitos e contra alegados contraventores revelam os traços autoritários e excludentes de nossa sociedade e a cultura política violenta e repressiva em que nossos policiais são (des)educados.

Felizmente, pessoas há, dentre nós brasileiros(as), que acreditam que ainda temos o que fazer e que a ação política é única via legítima e duradoura de combatermos a ação violenta da polícia. A união e organização desses setores democráticos e plurais para a luta contra a violência e os descalabros políticos, econômicos e culturais implementados pelo governo Temer e seus apoiadores é um imperativo. Se não, nem os mortos descansarão em paz!

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