O Brasil é um país acolhedor?
Alexandra Lima da Silva
Rio de Janeiro, 24 de janeiro de 2022. Neste dia, Moise Kabagambe, de 24 anos, foi assassinado brutalmente, a pauladas, em um quiosque na Barra da Tijuca, zona Oeste do Rio. Moise morreu porque foi cobrar as diárias pelo seu trabalho. Ironicamente, ele procurava abrigo no Brasil, pois fugia da guerra em seu país, o Congo.
São Paulo, 11 de abril de 2025. Ngange Mbaye, de 34 anos, foi assassinado pela polícia por resistir a entregar a mercadoria que garantiria o sustento da família e do filho que ainda não nasceu. É impossível saber das histórias destes dois sujeitos e não lamentar, não sentir um soco no estômago. Eram dois imigrantes negros, nascidos no continente africano, que acreditaram que no Brasil, conseguiriam trabalhar e viver com dignidade.
Me pergunto, o Brasil é um país acolhedor? Para quem? Há quem diga que no Brasil não há xenofobia e que aqui, os imigrantes e refugiados podem viver com dignidade. Será? Tendo a desconfiar. Assim como a democracia racial no Brasil é um mito, o tratamento dado aos imigrantes não europeus no Brasil está muito longe de ser digno e livre de racismo e preconceitos diversos. Migrar é um direito humano. Não podemos ficar indiferentes a cenas de brutalidade. É um dever ético não naturalizar a violência contra pessoas em situação de vulnerabilidade. Acolher não é matar.