Escolas Abertas

Em 2020, bastaram alguns poucos dias de “Aulas Remotas” para mostrar  que a obscena desigualdade brasileira se reflete, se realiza e se perpetua em todas as dimensões da vida social: a impossibilidade de boa parte do alunado e do professorado em realizar as tais atividades emergenciais remotas demonstrou o quanto era falaciosa a ideia de que o Brasil apresentava um altíssimo nível de acesso à internet. 

No decorrer dos meses seguintes, a forma criminosa como as administrações públicas e os grupos bolsonaristas (religiosos, científicos, empresariais, milicianos…) lidavam com a pandemia apenas reforçava a convicção dos profissionais e cientistas da educação de que estávamos diante de uma crise que aprofundaria as desigualdades já existentes, entre elas as da educação, e produziriam outras, novas, mas não menos danosas aos nossos desejos de um país mais igualitário, justo e democrático.

Passados quase dois anos do início da pandemia, a administração criminosa da crise continua. Da falta de vacinas às contínuas tentativas de destruição das ciências, tudo leva-nos à percepção de um projeto de destruição em curso. No campo da educação, a leniência e omissão do MEC e das Secretarias Estaduais e Municipais da Educação no enfrentamento dos impactos da pandemia na educação foi (e ainda é) uma marca registrada dos governos bolsonaristas.

Agora, depois de uma grande e organizada resistência das profissionais da educação básica, as escolas estão em pleno funcionamento em quase todo o país. No entanto, como nem o MEC nem as Secretaria fizeram o seu “para casa”, estamos diante de um cenário em tudo preocupante.

É amplamente sabido que as escolas brasileiras não foram, historicamente, ampliadas o suficiente  – em número em espaços – para acolher os estudantes que a elas adentraram nos últimos 50 anos, sendo estas uma das razões para que, mantendo dois, três e até quatro turnos de funcionamento, as escolas brasileiras mantêm o mesmo tempo escolar diário que era praticado no final do século XIX: em torno de 4 horas diárias de estudos por dia, certamente uma das menores do mundo.

Todavia, em tempos de crise e de pandemia como os que estamos vivendo, este não parece ser o principal dos nossos problemas: o que mais preocupa hoje em dia é o “amontoado” diário de estudantes e profissionais da educação em espaços insalubres e inadequados para uma gestão minimamente segura da saúde da população escolar.

Mas, infelizmente, não é apenas isso: devido às insistente mensagens de que “a pandemia acabou”,  estudantes e aglomerando nas ruas,  nos pátios e nas salas de aula, sem máscara ou com as máscara nos cotovelos, nos braços e nos queixos, encontram professoras e professores cada vez mais temerosos sobre a saúde individual e coletiva e as aulas se tornam, quase sempre, espaço-tempo de administração do medo, da angústia e da violência.

A impressão que se tem é que estamos “saindo” da pandemia sem aprender minimamente com ela, a não ser a repetição insensível e quase criminosa de que a “pandemia foi boa porque  fez com que a escola, enfim, incorporasse as tecnologias de ensino-aprendizagem”. Sabemos que não é bem assim, do mesmo modo que sabemos que a pandemia foi (e é) um “empreendimento” lucrativo para muito grupos, entre eles os das plataformas de ensino, que, em boa parte, são as mesmas que quase nada fizeram, aqui, para coibir a disseminação de mentiras  sobre as vacinas, as ciências e as ações do Governo Genocida.


Imagem de Destaque: Governo Federal

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Escolas Abertas

Em 2020, bastaram alguns poucos dias de “Aulas Remotas” para mostrar  que a obscena desigualdade brasileira se reflete, se realiza e se perpetua em todas as dimensões da vida social: a impossibilidade de boa parte do alunado e do professorado em realizar as tais atividades emergenciais remotas demonstrou o quanto era falaciosa a ideia de que o Brasil apresentava um altíssimo nível de acesso à internet. 

No decorrer dos meses seguintes, a forma criminosa como as administrações públicas e os grupos bolsonaristas (religiosos, científicos, empresariais, milicianos…) lidavam com a pandemia apenas reforçava a convicção dos profissionais e cientistas da educação de que estávamos diante de uma crise que aprofundaria as desigualdades já existentes, entre elas as da educação, e produziriam outras, novas, mas não menos danosas aos nossos desejos de um país mais igualitário, justo e democrático.

Passados quase dois anos do início da pandemia, a administração criminosa da crise continua. Da falta de vacinas às contínuas tentativas de destruição das ciências, tudo leva-nos à percepção de um projeto de destruição em curso. No campo da educação, a leniência e omissão do MEC e das Secretarias Estaduais e Municipais da Educação no enfrentamento dos impactos da pandemia na educação foi (e ainda é) uma marca registrada dos governos bolsonaristas.

Agora, depois de uma grande e organizada resistência das profissionais da educação básica, as escolas estão em pleno funcionamento em quase todo o país. No entanto, como nem o MEC nem as Secretaria fizeram o seu “para casa”, estamos diante de um cenário em tudo preocupante. 

É amplamente sabido que as escolas brasileiras não foram, historicamente, ampliadas o suficiente  – em número em espaços – para acolher os estudantes que a elas adentraram nos últimos 50 anos, sendo estas uma das razões para que, mantendo dois, três e até quatro turnos de funcionamento, as escolas brasileiras mantêm o mesmo tempo escolar diário que era praticado no final do século XIX: em torno de 4 horas diárias de estudos por dia, certamente uma das menores do mundo.

Todavia, em tempos de crise e de pandemia como os que estamos vivendo, este não parece ser o principal dos nossos problemas: o que mais preocupa hoje em dia é o “amontoado” diário de estudantes e profissionais da educação em espaços insalubres e inadequados para uma gestão minimamente segura da saúde da população escolar.

Mas, infelizmente, não é apenas isso: devido às insistente mensagens de que “a pandemia acabou”,  estudantes e aglomerando nas ruas,  nos pátios e nas salas de aula, sem máscara ou com as máscara nos cotovelos, nos braços e nos queixos, encontram professoras e professores cada vez mais temerosos sobre a saúde individual e coletiva e as aulas se tornam, quase sempre, espaço-tempo de administração do medo, da angústia e da violência.

A impressão que se tem é que estamos “saindo” da pandemia sem aprender minimamente com ela, a não ser a repetição insensível e quase criminosa de que a “pandemia foi boa porque  fez com que a escola, enfim, incorporasse as tecnologias de ensino-aprendizagem”. Sabemos que não é bem assim, do mesmo modo que sabemos que a pandemia foi (e é) um “empreendimento” lucrativo para muito grupos, entre eles os das plataformas de ensino, que, em boa parte, são as mesmas que quase nada fizeram, aqui, para coibir a disseminação de mentiras  sobre as vacinas, as ciências e as ações do Governo Genocida. 


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