EDUCAÇÃO, a força dos coletivos.

Editorial do número 330 do Jornal Pensar Educação em Pauta

Dentre as palavras que ganharam muito destaque nas últimas décadas no campo da educação estão o empreendedorismo e o mérito. Nas últimas semanas, especialmente, estas ideias estão presentes com demasiada frequência nas falas do atual Ministro da Educação. Mas, como sabemos, estas ideias são disseminadas, também, por um número incontável de “palestrantes” e “consultores/as” da educação vinculados/as às fundações privadas e ao mundo empresarial, de maneira geral.

Não cabe aqui mostrar o lastro histórico destas palavras e dos sentidos que carregam com as propostas liberais de educação e, no caso do Brasil, com grupos políticos e empresariais que defendem o aprofundamento de nossas mazelas e desigualdade, pois assim podem acumular mais e mais dinheiro e poder. No entanto, não podemos esquecer que ambas as palavras, e as ideias que carregam, se articulam a projetos que, no mundo inteiro, se colocaram do lado oposto aos interesses das camadas populares e dos coletivos democráticos da educação.

A defesa do empreendedorismo e da meritocracia como características centrais das propostas pedagógicas pelas forças reacionárias no campo da educação não apenas busca apagar as origens sociais, históricas e culturais das desigualdades escolares, mas também buscam culpabilizar as próprias camadas populares por tais desigualdades e pelo desmantelamento da escola pública.

Contra este investimento, que é ao mesmo tempo simbólico e material, os movimentos sociais em defesa dos direitos e contra as desigualdades diversas que nos assolam, têm demonstrado, ao longo da história, que não há saída, não há solução que não seja coletiva e que as saídas individuais, ainda que possíveis, acabam, quase sempre, por reforçar a lógica de produção e reprodução das desigualdades que imperam na escola e fora dela.

As melhores tradições de investigação das ciências humanas e sociais, assim como de invenção políticas dos mais diversos coletivos, têm demonstrado que, ao longo da história, a construção coletiva é, ela mesmo, uma força educativa das mais importantes para os setores oprimidos. Conforme nos ensinou Paulo Freire, “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.”

Além dessa dimensão educativa dos coletivos no movimento da história, nunca é demais lembrar que, em nosso cotidiano, não fossem a força e a atuação coletivas e democráticas, estaríamos em situação muito pior do que hoje nos encontramos. Não foram poucas as ocasiões que, nos últimos tempos, conseguimos evitar a aprovação ou a operacionalização de políticas contra os direitos advindas dos Executivos e Legislativos em todo o Brasil. Ainda esta semana, a articulação da CNTE e dos sindicatos e coletivos de professoras(es) foi fundamental para a derrota do projeto  de congelamento do Piso Nacional do Magistério proposto pelo Presidente Bolsonaro.

Não esqueçamos o poeta e cantor Zé Vicente: “Sonho que se sonha só pode ser pura ilusão, sonho que se sonha junto é sinal de transformação”. Sigamos juntas, juntos e juntes! Às vezes cantando, às vezes chorando, mas juntes, porque está é a única alternativa que temos contra as forças da morte que insistem parir monstros prontos a engolir nossos melhores e solidários sonhos. 


Imagem de destaque: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação 

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EDUCAÇÃO, a força dos coletivos.

Dentre as palavras que ganharam muito destaque nas últimas décadas no campo da educação estão o empreendedorismo e o mérito. Nas últimas semanas, especialmente, estas ideias têm frequentado as falas do atual Ministro da Educação. Mas, como sabemos, estas ideias são disseminadas, também, por um número incontável de “palestrantes” e “consultores/as” da educação vinculados/as às fundações privadas e ao mundo empresarial, de maneira geral.

Não cabe aqui mostrar o lastro histórico destas palavras e dos sentidos que carregam com as propostas liberais de educação e, no caso do Brasil, com grupos políticos e empresariais que defendem o aprofundamento de nossas mazelas e desigualdades, pois assim podem acumular mais e mais dinheiro e poder. No entanto, não podemos esquecer que ambas as palavras, e as ideias que carregam, se articulam a projetos que, no mundo inteiro, se colocaram do lado oposto aos interesses das camadas populares e dos coletivos democráticos da educação.

A defesa do empreendedorismo e da meritocracia como características centrais das propostas pedagógicas pelas forças reacionárias no campo da educação não apenas busca apagar as origens sociais, históricas e culturais das desigualdades escolares, mas também buscam culpabilizar as próprias  camadas populares por tais desigualdades e  pelo desmantelamento da escola pública.

Contra este investimento, que é ao mesmo tempo simbólico e material, os movimentos sociais em defesa dos direitos e contra as desigualdades diversas que nos assolam, têm demonstrado, ao longo da história, que não há saída, não há solução que não seja coletiva e que as saídas individuais, ainda que possíveis, acabam, quase sempre, por reforçar a lógica de produção e reprodução das desigualdades que imperam na escola e fora dela.

As melhores tradições de investigação das ciências humanas e sociais, assim como de invenção políticas dos mais diversos coletivos, têm demonstrado que, ao longo da história, a construção coletiva é, ela mesmo, uma força educativa das mais importantes para os setores oprimidos. Conforme nos ensinou Paulo Freire, “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.”.

Além dessa dimensão educativa dos coletivos no movimento da história, nunca é demais lembrar que, em nosso cotidiano, não fossem a força e a atuação coletivas e democráticas, estaríamos em situação muito pior do que hoje nos encontramos. Não foram poucas as ocasiões que, nos últimos tempos, conseguimos evitar a aprovação ou a operacionalização de políticas contra os direitos advindas dos Executivos e Legislativos em todo o Brasil. Ainda esta semana, a articulação da CNT e dos sindicatos e coletivos de professoras(es) foi fundamental para a derrota do projeto  de congelamento do Piso Nacional do Magistério proposto pelo Presidente Bolsonaro. 

Não esqueçamos o poeta e cantor Zé Vicente: “Sonho que se sonha só pode ser pura ilusão, sonho que se sonha junto é sinal de transformação”. Sigamos juntas, juntos e juntes! Às vezes cantando, às vezes chorando, mas juntes, porque está é a única alternativa que temos contra as forças da morte que insistem parir monstros prontos a engolir nossos melhores e solidários sonhos. 


Imagem de destaque: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação 

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