É possível ingressar em uma universidade pública sem uma seleção?
Alexandra Lima da Silva
Na primeira quinzena do mês de novembro, tive a oportunidade de visitar universidades públicas no estado de Michoacan, México. Conheci um pouco mais das Universidades de Bienestar Social Benito Juarez e a Universidad Intercultural Indígena De Michoacán.
Me chamou a atenção o fato de o ingresso nas duas universidades não ser por exame de admissão, como é usual na maioria das universidades públicas tradicionais, do Brasil e do México.
A proposta das duas universidades é promover a inclusão desde a entrada das e dos estudantes. Trata-se da defesa da ampliação do acesso ao ensino superior em comunidades em que historicamente a universidade não chegava.
Após conhecer duas experiências tão distintas das nossas, passei a questionar ainda mais os significados dos exames de seleção para ingresso nas universidades públicas no Brasil. Por que naturalizamos o fato de que provas como o Vestibular e o ENEM, são excludentes? Por que não consideramos outras formas de pensar a educação superior, para muito além da reprodução de práticas meritocráticas e excludentes?
Também passei a refletir um pouco mais sobre a importância de compreendermos os espaços universitários como lugares de bem-estar e acolhimento. Como podemos mudar nossas práticas e cultura acadêmica, construindo uma outras formas de pensar a universidade para além de práticas que muitas vezes ignoram a realidade e experiências das e dos estudantes.
A concepção de Universidad de Bienestar passa pela articulação total entre teoria e prática. O objetivo é formar para o serviço público e para a atuação efetiva na comunidade.
A experiência me ensinou que, de fato, a universidade pública deve ser vista e valorizada como patrimônio em realidades históricas em que a educação foi fruto de luta, portanto, não deve ser vista como privilégio e sim, como um direito de todas as pessoas.