É MÁGICO!

Jacqueline Caixeta

Alfabetizar é uma das coisas mais lindas e difíceis  de se fazer dentro da escola. Ah, aquelas crianças pequenas e cheias de perguntas, carregadas de uma inquietude, tão própria da infância e tão cheia de emoções. Lidar com a primeira infância e levar uma criança a ler e escrever, é uma experiência que, por mais que os teóricos da educação tentem descrever, jamais conseguirão colocar no papel a emoção que um professor sente quando se depara com seu aluno lendo e escrevendo.

Por muitos anos, trabalhei diretamente com a magia da alfabetização e a emoção de presenciar aqueles rostinhos tão ativos, com aqueles olhos brilhando, dizendo:  Eu li!, é imensa e traz uma sensação de vitória tão grande que, mesmo com tantos anos, ainda emociona.

Mas até chegar na leitura e escrita, a criança passa por várias etapas de descobertas que, nem sempre trazem momentos leves e felizes.  A construção da leitura e escrita exige um árduo trabalho do professor. 

Se me perguntarem quando é que a alfabetização começa, eu digo que é quando uma criança nasce e abre seus olhinhos. Ali, bem ali, ela começa a fazer a leitura deste mundão de meu Deus. Depois disso, são estímulos, muitos estímulos e um longo trabalho pela frente. Toda a educação infantil, atividades psicomotoras e de pseudoleituras, muitos jogos e brincadeiras, tudo isso vai contribuindo para que a alfabetização aconteça.

Para a criança escrever, ela precisa rabiscar, colorir, pintar, brincar de massinha, argila, fazer barro com terra molhada, enfim, são inúmeras atividades que vão contribuindo para que a psicomotricidade seja desenvolvida e a habilidade motora fina aconteça para que a escrita surja, como num passe de mágicas.

Para a criança ler, ela precisa ler! Colocar livrinhos nas mãos, ainda que sejam bem pequenas, um, dois anos de idade, já é uma atividade de leitura. Deixar que a criança faça a leitura plástica, ou seja, das gravuras, e conte o que está vendo, é a primeira experiência de leitura dela e é tão rica que, além de ser uma leitura, ainda é uma fábrica de trabalhar e desenvolver a criatividade. A criança começa, com a pseudoleitura, a ler, interpretar e produzir textos. Ao olhar uma gravura, interpretar a cena e produzir oralmente a história que está ali, ela precisa dar asas à sua imaginação, ou seja, ela está produzindo um texto!

Se as pessoas soubessem o quanto é importante atividades simples da educação infantil para a conquista de leitura e escrita, dariam muito valor ao professor e ao processo. Lamentavelmente, alguns pais não identificam a importância das atividades escolares nesta fase e não incentivam os filhos em casa, desafiando-os a pensar, criar, brincar. Preferem colocar em mãos tão pequenas, um celular para que vejam vídeos ou assistam desenhos.

Ah, a escola de educação infantil e sua enorme responsabilidade em alfabetizar uma criança! Não é fácil, nem tampouco simples, mas é mágico! Um trabalho que não se vê o resultado com dia e hora marcado, ele acontece quando menos esperamos. As crianças não chegam todas na mesma hora e dia na alfabetização. Para algumas é rapidão, para outras demora mais um tempo. Isso porque, além de todas as atividades de estímulos, ainda têm questões específicas de cada criança. A maturidade neural é diferente. Graças a Deus, ninguém é igual e a alfabetização acontece de acordo com as condições próprias de cada um.

É comum a preocupação de pais quando percebem que o coleguinha de seu filho já está lendo e escrevendo e ele não. Quando isso acontece, a melhor coisa a fazer é procurar a escola para saber mais sobre o processo de alfabetização. A paciência é fator primordial, tanto para pais, quanto para educadores, pois esperar o tempo de cada um, é saber respeitar sua individualidade.

A mágica acontece, sempre! Quando piscamos os olhos, lá estão eles juntando as letras e lendo as palavras. Qual melhor método? Não existe isso, cada escola tem a responsabilidade em adotar o que considera melhor para seu público e, tenham a certeza de que rotas são redefinidas quando a coisa não acontece como esperado. Nenhuma escola fica presa a um método se ele não está dando resultados. A responsabilidade e seriedade em alfabetizar uma criança,  traz diversas possibilidades e isso enriquece todo o processo. O importante é conhecer bem todos os caminhos que podem nos levar a fazer com que a construção da leitura e escrita se dê de maneira tranquila e eficaz.

Com qual idade meu filho já deverá ler e escrever? Até os oitos anos de idade o cérebro está prontinho para que a criança leia e escreva, se ela passou desta idade, vale pesquisar se tem algo que possa impedir a alfabetização. Não tenham pressa, não fiquem pressionando a escola e nem seu filho, respeitem esse processo tão único de aprendizado e não queiram colocar o carros na frente dos bois, isso só vai atrapalhar. E, se a escola de seu filho está mais preocupada com que ele escreva e leia do que com que ele brinque, duvide dela! A alfabetização se dá muito mais através de brincadeiras do que de papel com atividades. Há muita coisa para acontecer antes de irem para o papel e, se isso não for bem feito, a alfabetização pode não acontecer com tanta eficácia. 

Escola de educação infantil deve ter momentos lúdicos bem planejados e acompanhados por profissionais competentes que saibam da importância da intenção pedagógica em cada brincadeira e saibam também valorizar os momentos de brincadeiras livres. A criança precisa brincar para aprender!

Com afeto,

Jacqueline Caixeta

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