Golpes na Educação: o presente nefasto para as novas gerações

Por Luciano Mendes de Faria Filho

Cortes

Coincidência ou não, nos mesmos dias em que o Senado da República aceitou a denúncia contra a Presidenta da República, mesmo que contra ela não tenha sido apontado nenhum crime de responsabilidade, como estabelece a Constituição da República, uma série de notícias e atos oficiais divulgados/publicados aprofundam o desmonte  das políticas de educação e C&T no país.

Do corte de 20% das bolsas de Iniciação Científica ao anúncio de corte de até 45% das verbas das universidades, tudo contribui para estejamos cada vez mais temerosos não apenas pelo presenta mas também e, de certa forma, fundamentalmente, com o futuro da pesquisa e da ciência e tecnologia no país.

O corte nas bolsas de IC é, a esse respeito, bastante sintomático, pois ele é um dos  mais  complexos, sistemáticos e exitosos programas de formação de pesquisadores do mundo. Segundo o próprio site do CNPq

A bolsa de Iniciação Científica é uma modalidade concedida pelo CNPq desde sua fundação em 1951. O principal objetivo da bolsa era, inicialmente, despertar jovens talentos para a ciência. Ao longo do tempo, os objetivos dessa modalidade foram ampliados e diversificados. Atualmente, a Iniciação Científica é concedida por meio de programas institucionais via Chamadas Públicas de propostas lançadas periodicamente. Atualmente, existem os programas institucionais de iniciação científica, cuja concessão são feitas às instituições que  se candidatam  por meio de  Chamadas Públicas de propostas lançadas periodicamente.

O programa de IC do CNPq não é certamente um dos programas mais caro do órgão, inclusive porque as bolsas têm, hoje, o valor de R$400,00.  Mas é por meio dele que são mobilizados dezenas de milhares de jovens de todo o Brasil para a ciência e a tecnologia. Pode-se, até, argumentar que boa parte das bolsas, hoje, é mantida pelas Fundações Estaduais de Amparo á Pesquisa. É verdade, mas  isso não invalida o peso financeiro e, sobretudo, simbólico do corte de 20% das bolsas pelo CNPq, sobretudo no momento em que, como determinada a Lei de Cotas,  as universidades receberam um expressivo número de alunos oriundos da escola pública.

Doutra parte, o corte de verbas das universidades aprofunda o arrocho praticado contra essas instituições, já em curso no governo anterior,  e colocam em risco o seu funcionamento.  Talvez essa seja uma das formas mais perversas de golpear as instituições públicas: sucateá-las e, como já se fez com a escola básica, passar a afirmar a superioridade da qualidade das instituições privadas,  afirmação essa que, hoje, seria uma insanidade.

Está aqui uma das faces mais perversas de nossas imensas desigualdades: sempre se disse que a escola era necessária para a melhoria de vida das pessoas e quando os pobres chegam em massa á escola, começa-se a afirmar que ela não é mais necessária ou que o professor não é um educador. Do mesmo modo,   há muitas décadas se diz que as universidades públicas seriam o lugar onde se formariam as nossas elites. Quando os pobres começam a frequentá-las, dizem que elas são muito caras para serem custeadas pela população –  a mesma população (trabalhadora), aliás,  que as sustentavam quando eram apenas para alguns poucos.

Triste ironias de argumentos que, a  pretexto de defenderem os interesses dos mais pobres, justificam o aprofundamento das condições do empobrecimento. Sem dúvida um nefasto e perverso presente para a população, particularmente para as novas gerações de brasileiros e brasileiras que  lutam por uma vida  melhor.

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