Democratização da comunicação, escola e mídias

Foi realizada na última quinta-feira, na Faculdade de Educação, a segunda conferência do Seminário Anual do Pensar a Educação, Pensar o Brasil. Convidamos para o debate sobre a Democratização da Comunicação e Cidadania a professora Sandra Tosta e a ativista Florence Poznanski. O tema do Seminário deste ano, Mídias Educação e Espaço Público, propõe o debate sobre como a educação é mobilizada nos diversos suportes de mídia e como esta relação entre educação e mídia possibilita a atuação no espaço público.

Sandra Tosta é professora do Centro Universitário UNA e vem contribuindo com o debate em torno da relação entre escola e mídias. Em sua fala no nosso Seminário, Sandra destacou historicamente como as chamadas mídias audiovisuais foram se estabelecendo como mercado cultural no Brasil. Ela destacou, ainda, a ditadura militar como responsável pela ampliação e consolidação do mercado e o paradoxo de um regime de exceção ampliar consideravelmente mídias como a TV.

Em sua fala, Sandra também ressaltou a importância em se reconhecer os meios midiáticos como bens públicos e a necessidade do fortalecimento da ideia de compromisso e responsabilidade social. Esse compromisso passa, em suas palavras, pelo reconhecimento do papel formador da comunicação na garantia de uma sociedade democrática de cidadãos capacitados para lidar com a informação.

Sandra também tocou na relação com a escola, em que problematizou os processos de aprendizagem e a sua relação com as mídias. Defendeu uma maior abertura dos processos de ensino e aprendizagem do diálogo com as novas formas de comunicação e a formação de professores esteja voltada para uma relação mais próxima com as mídias.

Por sua vez, Florence Poznanski, membro da coordenação mineira do FNDC e diretora da ONG Internet sem Fronteiras, relembrou o histórico de ações em torno da ampliação dos sistemas de comunicação no país. Florence lembrou que Roquette Pinto e Assis Chateubriand trouxeram a ideia da conformação da comunicação no país atrelada a noção de formação nacional, dando relevo a noção de um contexto brasileiro para a entrada das comunicações em território nacional.

Florence também apontou as iniciativas em torno da relação entre escola e mídia e do próprio conceito de Edocomunicação. Reafirmou a importância da crítica da mídia, da capacitação dos sujeitos no trato com a informação e um maior estreitamento do tempo da escola com o tempo da mídia. Reconhecendo, ao lado da Sandra, a importância de ter a comunicação como elemento de importância na formação de professores e na relação com estudantes, disciplinas e áreas do conhecimento.

Por fim, Florence se debruçou sobre a noção de espaço público a partir do reconhecimento da disputa de narrativa que se estabelece em torno dos argumentos, fatos e verdades. Para Florence, a disputa faz parte das dinâmicas democráticas que buscam a manutenção de um espaço público legítimo. E defendeu a necessidade e importância da politização dos sujeitos como princípio de cidadania. A ativista também levantou uma discussão sobre a liberdade de expressão e liberdade de imprensa e apontou como essas noções vêm sendo atualmente capitalizadas por uma noção liberal do exercício da comunicação. Finalizou com a importância do compromisso social e da responsabilidade social da comunicação, estabelecendo um bom diálogo com a fala da nossa primeira convidada, Sandra Tosta.

 

Vanessa Macêdo

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