As ocupações e reocupações da universidade – Yolanda Assunção

As ocupações e reocupações da universidade

Yolanda Assunção

Na quarta-feira, 07, as paredes do arquivo da Faculdade de Letras da UFMG foram derrubadas. A ação ocorreu no mesmo momento em que manifestantes que protestavam contra a PEC 55 entravam em confronto com a Polícia Militar a alguns metros do local, na entrada do campus. As paredes fechavam o espaço conhecido como “Milharal”, que até 2015 foi usado pela comunidade acadêmica como área de convívio. Quando fechada, a área passou a ser um arquivo da unidade, onde são guardados documentos e livros.

O grupo derrubou as paredes que ficam voltadas para o estacionamento atrás do prédio. De acordo com o Ocupa FALE, grupo que ocupa a unidade também em protesto contra a PEC 55, a ocupação não participou do ato. Em nota publicada na página do Facebook do movimento, “essa ação não foi debatida em nenhuma assembleia da ocupação. No momento da ação, estava ocorrendo uma atividade cultural na ocupação. Os alunos ocupantes tentaram impedir a entrada no prédio das pessoas que desejavam concluir a abertura do andar de cima do Milharal, por meio do terceiro andar da Letras. Portanto, a Ocupa FALE não tem responsabilidade por fatos ocorridos fora do espaço da ocupação. Essa ação não foi definida coletivamente pela assembleia do Ocupa FALE tampouco por nenhuma assembleia geral do movimento de ocupações.”

A diretoria da Faculdade de Letras e a Reitoria da UFMG emitiram notas de repúdio ao ato. A reitoria também informou que será aberto processo de sindicância para apurar as responsabilidades. Segundo o dirigente, as medidas estão sendo tomadas em conjunto com a direção da Faculdade de Letras.

O ato, ocorrido em meio às ocupações da universidade, levanta a questão do uso dos espaços pela comunidade acadêmica. O Milharal foi fechado em 2015 pela Diretoria da Faculdade de Letras. Segundo alguns alunos, a decisão foi tomada sem discussão com a comunidade acadêmica. Elvison Moura é aluno do sétimo período do curso de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, cujo prédio é integrado à FALE e, segundo ele, o fechamento da área foi arbitrária e vertical. “Faz parte de um processo maior de restringir a universidade um lugar só de passagem e não de permanência” declara o estudante. Elvison frequentou o espaço mais intensamente nos seus primeiros meses como aluno da universidade e acredita que ali era um dos poucos espaços não cerceados, aberto a quem quisesse na UFMG.

A ideia de liberdade de acesso no Milharal não é unanimidade, no entanto. De acordo com Ana Carolina Rodarte, que estudou Comunicação Social na FAFICH até o fim de 2015, o Milharal era um lugar inseguro, principalmente à noite, período em que ela estudava. “Galera chegava lá, consumia drogas, e esse não seria um grande problema se o movimento estudantil não fosse dominado por homens, que não se importam com a segurança das mulheres. Nunca me senti segura lá, especialmente à noite. Além disso, o espaço ficava a maior sujeira. A gente tem de cuidar do espaço público para todo mundo se sentir à vontade para usar.”, conta a jornalista. Segundo Ana, fechar o espaço não é a melhor opção, mas a universidade poderia cuidar melhor do espaço com iluminação e segurança. “Se passassem um rodo lá, dessem uma iluminada (porque era meio escuro de dia também), eu talvez gastasse um pouco do meu tempo lá. Se eu tivesse mais tempo e rolasse umas oficinas, sabe?”.

A universidade fechou novamente o espaço no decorrer da semana. A administração da UFMG investiga os atos.

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