Acervo Pessoal

Dayse Duarte

Há uma livraria, prédio colonial na avenida principal. Uma livraria pequena. Muitos passam, poucos entram e ninguém fica. Bem, tem alguns leitores ferozes que acabam frequentando com bastante assiduidade, mas costumo expulsá-los com frequência – minha sorte é que eles voltam. Nunca sai! Cresci e passarei o resto dos meus dias aqui, cuidando dos meus livros. E engana-se quem pensa que não é trabalhoso organizar os livros, as pessoas entram e bagunçam tudo! Essas sempre que assinam o livro de visitas já coloco na sessão de “personas non gratas”, já aviso que não é para voltar. Às vezes me sento na janela e assisto todos passarem. Não são todos que se interessam por livros, o que é triste, pois eu até deixo eles escreverem nas páginas – às vezes o mais difícil é apagar o que foi escrito. Ainda há marcas de coisas que hoje já não podem mais serem lidas. Há livros em branco. Páginas rasgadas. Novos e velhos. Livros que não fui eu que escrevi. Histórias que não fui eu que contei. Não entre se estiver procurando um livro específico, eu não posso te ajudar, aqui tem muitos livros e eu não vou ficar procurando nenhum para você. Se encontrar o que procura, pode ler. Uma livraria sempre aberta, mas com alguns corredores interditados, prateleiras restritas e eu peço que respeite as sinalizações. No mais, boa leitura.

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