A importância do trabalho em grupo!
Jacqueline Caixeta
Vivenciamos situações em que as pessoas têm se mostrado de uma individualidade cruel. Não são capazes de ter empatia pelo outro e o que vale é sempre o “meu direito”. Não quero aqui negar que devemos lutar por nossos direitos, no entanto, aquela velha regra de que meu direito termina onde começa o do outro, há muito tem sido esquecida. Atualmente, o bem estar individual prevalece, e a lógica da boa convivência só vale se tiver algo a ganhar em troca. Seres egocêntricos e egoístas estão se multiplicando por aí e pouco estamos percebendo a falência de nossa sociedade em relação ao coletivo.
O que irá acontecer com estas pessoas quando estiverem fora da bolha de suas famílias? Quando tiverem que ir para o mundo do trabalho e enfrentar o outro, que muitas vezes vai desagradar-lhe, vai se mostrar bem melhor do que ele, vai desafiá-lo a pensar fora do seu umbigo?
Muitas empresas ficam de olho no mundo acadêmico e contratam os melhores alunos das melhores universidades. Os que, no decorrer de seus cursos, obtiveram os melhores resultados. São gênios prontos para o mercado de trabalho, no entanto, depois de um bom período, são demitidos. O que será que aconteceu? E toda aquela genialidade? O que houve? Simplesmente, e infelizmente, os melhores alunos não aprenderam na escola o mais importante para um mercado de trabalho: lidar com o coletivo. Eles não desenvolveram habilidades suficientes para lidarem com o diferente, o que pensa diferente, que se mostra diferente em ações e teorias. Não aprenderam a trabalhar em grupo e tudo que os trabalhos em grupo podem proporcionar para que uma pessoa seja bem sucedida em sua vida laboral.
Pais e escolas são os maiores culpados por tanto despreparo!
O trabalho em grupo chama para pensar de maneira coletiva, não só o conhecimento e o que fazer com ele, mas também o mundo e toda sua diversidade. Trabalhos coletivos são extremamente necessários para que os alunos aprendam, na escola, a maior competência que lhes irá garantir sucesso no mundo profissional. O fato de ter que discutir uma decisão antes de tomá-la, levando em consideração todas as variáveis, vai preparar e enriquecer o aluno para saber lidar com a diversidade do mercado que lhe espera.
Muitas vezes ouvimos de pais que o trabalho em grupo traz sofrimento porque o filho sempre é rejeitado, outras vezes dizem que o filho está em um grupo que não se identifica, outras vezes procuram a escola para reclamar que a opinião do filho não foi aceita, e por aí vai. Infelizmente, pressionados pela pressão dos pais, que pouco sabem sobre os objetivos de um trabalho coletivo, e para não terem tantas reclamações, as escolas abrem mão de trabalhos em grupo. Triste isso, muito triste porque nós, escolas, sabemos o quanto o trabalho em grupo é necessário.
Trabalhar em grupo traz frustrações, lógico, principalmente para crianças e adolescentes que não sabem lidar com a rejeição. Que acham que suas ideias são sempre as melhores e não são capazes de enxergar além de seu próprio umbigo. É nesse momento que a diversidade de pessoas que pensam de maneiras diferentes vai fazer toda a diferença. Estando no coletivo e precisando do coletivo para realizar um trabalho, é muito desafiador, porque aceitar que o outro pensa melhor do que eu, que minha ideia não é a melhor, mostra pra esse aluno o quanto isso vai lhe ensinar a viver a vida como ela é.
Ao invés de procurar a escola para mudar sua metodologia, os pais devem proporcionar aos filhos a experiência de vivenciar situações desafiadoras, se posicionarem, criar argumentos para defender suas ideias e aprender a aceitar que o outro pode ter ideias melhores do que a sua, que, nem sempre, vamos fazer o que queremos e do jeito que queremos. Uma produção coletiva traz todos os envolvidos para a responsabilidade do produto final ser satisfatório e saber que, para um melhor resultado, sua vontade tem que ser deixada de lado, é importante e necessário.
A escola precisa ter firme sua proposta quando convida os alunos para um trabalho coletivo. Muito mais do que o conhecimento e o produto final, o que se pretende ensinar é muito mais. É dizer para essa geração de “alecrins dourados” que o mundo é dos que são capazes de criar e pensar coletivamente, que o fato do outro ser diferente e pensar diferente, muito vai agregar para que ele tenha experiências e vivências, que só na escola poderá aprender com a possibilidade de errar e acertar. Que tudo isso faz parte do aprendizado que irá ser o seu diferencial no mundo profissional. Que sua vontade não é a única no mundo e o sol não gira apenas ao seu redor.
O mundo é coletivo, as pessoas precisam pensar de maneira coletiva, viver de maneira coletiva. Lidar com as diferenças, aprender a argumentar, defender seu ponto de vista, questionar de maneira dialética, são propostas de responsabilidade da escola, desde a infância. Ninguém vai aprender a agir coletivamente de uma hora pra outra, isso pode e deve ser experimentado desde as primeiras brincadeiras na educação infantil e se estender pelos trabalhos em grupo propostos no decorrer da vida acadêmica.
Trabalho em grupo traz frustrações? Sim. Mas que bom que eles estão se frustrando ainda, literalmente, no nosso colo. Assim podemos orientar, ajudando-lhes a sobreviver ao mundo que lhes desagrada ainda enquanto temos eles por perto. Quando forem para o mundo adulto, nem sempre estaremos por lá, nem sempre poderemos orientá-los, e talvez as frustrações façam maiores estragos.
Com afeto,
Jacqueline Caixeta
É isso aí.
Tenho uma amiga que a sobrinha trabalha em uma empresa, não sei se aqui ou no exterior, e falou para ela, que as empresas estão mais interessadas em contratar pessoas que tenham mais facilidade de conviver saudavelmente com os demais.