O protagonismo juvenil nas ações contra a PEC 241 – Kelli Suelli Geraldi da Silva

O protagonismo juvenil nas ações contra a PEC 241

Kelli Suelli Geraldi da Silva ¹

Diante do cenário econômico brasileiro, ameaçado com a possível aprovação da PEC 241, agora PEC 55 no Senado, são crescentes as manifestações contrárias à implantação desta medida.

A atuação de jovens secundaristas e do ensino superior, ocupando escolas e faculdades, surpreendeu boa parte da sociedade, que julgava seus jovens de forma preconceituosa e com uma visão distorcida da realidade.

Baseando-se em crenças de visão fragmentada, muitas pessoas das comunidades e das escolas ocupadas concebiam os jovens como individualistas, desatentos, alienados pela tecnologia, desinteressados das questões políticas e incapazes de defender assuntos de interesses coletivos.

Nas décadas de 1960 e 1970, a juventude participava dos movimentos estudantis contra o autoritarismo, contra a tecnocracia e todas as formas de dominação (ABRAMO, 1997). Representava a possibilidade de mudança em um regime político sem diálogo. Já na década de 1980, os jovens se comportaram de maneira mais individualistas, passiva; a preocupação central era em torno do consumo, do conservadorismo,  bem diferente da geração anterior. Na década seguinte, houve uma retomada de interesse sobre questões políticas com a participação dos “caras pintadas” nas mobilizações contra o governo, mas com caráter menos imponente do que os dos jovens da década de 60. Nos anos 2000, os jovens participaram de ações coletivas com pouco engajamento politico. Na busca por espaços de socialização e sociabilidade voltaram-se, principalmente, para a produção cultural, sendo a música o que mais os envolveu e mobilizou (DAYRELL, 2002).

Observando esse breve histórico cultural sobre a ação dos jovens, imagina-se que, com o afastamento das questões políticas do universo juvenil, iríamos encontrá-los indiferentes, desinteressados, voltados para o consumo ou para a “curtição”, desarticulados e vulneráveis a manipulações políticas e partidárias.

No entanto, as ações juvenis nas ocupações, principalmente das escolas secundaristas, aturdiram centenas de pessoas que acompanharam, pelos meios de comunicação, a força da juventude frente às imposições do governo que enseja limitar direitos de educação e saúde. A juventude mostra que não está tão desatenta quanto prevíamos e, muito menos, desarticulada.

Levantam a bandeira para luta em defesa daquilo que acreditam, se mostram mais conscientes do que muitos de seus educadores, partiram para ações desafiando autoridades e forças contrárias às suas posições. Retomam o valor da força coletiva, interagem na tomada de decisões, usam de variados mecanismos do universo juvenil para a conquista de seu espaço e de seus direitos.

E essa juventude, que emerge por várias partes do país, prova que as gerações futuras podem representar as possibilidades de mudanças nas lutas no contexto atual e nas que ainda estão por vir.

Referência bibliografia:

ABRAMO, Helena. Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil. Revista Brasileira de Educação, São Paulo , v25, N º 5, p.25  a 36, Mai a Ago/ 1997.

DAYRELL, Juarez. O rap e o funk na socialização da juventude .Educação e Pesquisa, São Paulo, v.28, n.1, p. 117-136, jan./jun. 2002.

¹ Diretora escolar na rede Municipal de Vespasiano, Pedagoga licenciada pela Faculdade de Educação/UEMG, cursou disciplina isolada de Historia da Educação no Mestrado pela FAE/ UEMG, e cursa  as disciplinas isoladas  de mestrado Universidade e Escola Básica: tensões e articulações  FAE/ UFMG e Estudos sobre lazer, periferia e religiosidades na EFFTTO/ UFMG.

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