Ruas cobertas de véus
Ivane Laurete Perotti
na virada de uma página
alojou-se o desejo
mais de um ensejo
antevista comoção
nascido fora posto,
diante do desgosto
intangível compulsão ;
desvelo ao manto tênue
berço solene
sono de ilusão.
Forjada trajetória,
roteiro: fome inglória
desdita alusão
por onde cavalga a vida,
estrada desvalida
falsa orientação.
À beira da noite cega,
ergue a fronte
roto horizonte
beijo de adormecer
vincos do tempo ido
voz do escolhido
sopro que vai embora
ventos do anoitecer.
A morte carrega nomes
veste e desveste a fome
serve à saudade
múltipla verdade
ignoto alvorecer.
Memórias sustentam linha
em divisória ladainha
vida não rompe cerco,
refaz-se,
duro terço.
A rua chora órfã
(invisível norte)
aos que chegam , e partem
no silêncio ingrato
do insensato, ato,
de sobreviver.