Privatização na EJA: Impactos do projeto somar do Estado de Minas Gerais para os educandos
Entrevista com Patrícia Avelar
Equipe prosa: Qual a diferença dos impactos da privatização da educação na EJA?
Olá! Meu nome é Patrícia, sou professora de história da Educação Básica, mestre em educação pelo Promestre programa da FaE da UFMG e nessa pesquisa de mestrado fui orientada pela professora Analise, durante essa pesquisa o nosso objetivo era tentar identificar os impactos do projeto somar do Estado de Minas gerais para os educandos da EJA, né? Agora, nós vamos tentar nos responder e tentar ajudar, né? Buscar respostas sobre qual a diferença dos impactos da privatização da educação na EJA. E o que nós podemos identificar, que foi possível identificar e identificamos ao longo das nossas pesquisas é que de um modo geral a privatização ela dificulta a universalização do acesso ao direito à educação, ou seja, ela deixa de ser algo para todos e passa a ser algo para alguns. E por quê? Bom, objetivamente, no caso da EJA, face ao projeto somar, nós identificamos uma queda acentuada nas matrículas. Um índice muito grande queda nessas matrículas, a qual do nosso ponto de vista ela deve ser a fatores objetivos e subjetivos. Objetivamente os educandos da EJA tinham a sua vida social, familiar e de trabalho ajustada aos deslocamentos e aos tempos de funcionamento da escola que frequentavam, ou seja, a medida que eles foram impedidos de continuarem frequentando aquelas escolas, uma vez que elas passaram a fazer parte desse projeto, o projeto somar. E aí a EJA deixou de existir nessas escolas, esses educandos tiveram que se reorganizar. E provavelmente, né? Nós acreditamos com base nas nossas pesquisa de que isso foi um dificultador para esses educandos. E também essas escolas elas tinham uma cultura e uma política pedagógica foi voltada para a EJA, já que não são todas as escolas que ofertam essa modalidade. Subjetivamente, temos que os educandos da EJA também são seres humanos, né? Assim como todos os estudantes. Isso significa dizer que eles também estão sujeitos de relações sociais e de afeto, construtores de sentido no que fazem. Assim, ao retirá-los de um espaço de relações sociais arbitrariamente, a gente acredita que isso afeta esses educandos enquanto seres humanos, né? Ou seja, eles foram retirados de um ambiente e das relações sociais a qual eles estavam adaptados e envolvidos, né? Então o que a gente pode concluir, a gente pode concluir então que no caso da EJA e a gente percebe essa distinção, né? E que distinção é essa? É que mais uma vez na vida dessas pessoas, na vida desses educandos, eles foram retirados ao histórico processo de negação de direitos, né? Mais uma vez esse de educandos, esses trabalhadores que são de modo geral os educandos da EJA, eles tiveram uma reiteração da negação do Direito constitucional garantido, né? Que é frequentarem a escola, dar continuidade e conclusão aos seus estudos. É isso.