Tendências pedagógicas, conceitos acerca da aprendizagem, métodos pedagógicos: nós, professores, conhecemos? – exclusivo

Tiago Tristão Artero

Cabe indagarmos a nós mesmos se esses conhecimentos são relevantes na nossa prática pedagógica, se auxiliam na elaboração de planos de aula e na reflexão das prioridades no processo de ensino-aprendizagem.

Saviani e Libâneo mostram a necessidade em refletirmos acerca da história da educação e de seus objetivos e, possamos, a partir daí, ajustarmos nossa prática de forma coerente com o que estamos nos propondo a realizar.

O fato de entendermos que cada tendência pedagógica possui uma história, objetivos diferentes umas das outras e, também, práticas distintas, nos auxiliará a entendermos a nossa prática pedagógica atual, analisar o PPP da instituição educativa na qual trabalhamos e intervirmos positivamente nesse processo.

Ora, o professor, instrutor, educador não pode ser um elemento passivo na educação. Pelo contrário, o educador deve ser refletivo, ativo, deve ser aquele que faz a diferença.

Sem recorrer a jargões como “o(a) professor(a) deve ser aquele(a) que faz a diferença”, como pensar nisso sem que haja a busca pelo conhecimento? Nós devemos saber “em quê” estamos contribuindo. Batalhar na “guerra de cegos” não é proveitoso para a sociedade, para o profissional da educação, nem mesmo para a criança, jovem ou adulto que depende do nosso direcionamento para ser capacitado no processo de aprendizagem.

Com certeza, há discussões profundas sobre “o quê” aprender e “como” aprender. A pedagogia histórico-cultural nos diz que o conhecimento “deve” ser transmitido, pois foi elaborado no decorrer dos séculos pela humanidade, pela sociedade. O que não podemos aceitar é que o(a) professor(a) seja um elemento passivo nessa discussão.

Teorias pedagógicas não-críticas e reprodutivistas, conforme nos traz Saviani, teorias Liberais e Progressistas, segundo Libâneo, e suas múltiplas manifestações como a Libertária, Tradicional, Tecnicista, Conservadora, Escola Nova, Libertadora, enfim, e como não citar Mizukami que nos fala da Comportamentalista, Humanista, Cognitiva e de Newton Duarte que elabora comparações entre o Construtivismo e a pedagogia Histórico-Cultural (ou Sócio-Histórica). Todas essas teorias pedagógicas, que, de um autor para outro difere-se, por vezes, apenas na nomenclatura, são a base daquilo que nos propomos a trabalhar.

Certamente, não existe uma prática nossa que se insere somente em uma manifestação das citadas acima. Portanto, estamos falando de objetivos diferentes em cada tendência, visões de mundo e concepções diferenciadas em cada caso.

É imprescindível o conhecimento específico da área em que atuamos. Porém, só saberemos para quê esse conhecimento serve, qual relação faremos da nossa área com a vida, sociedade ou a preparação para o trabalho, se soubermos “por quê” ensinamos. Isso só é possível quando estrapolamos o saber específico da nossa área e refletimos em que contexto ele se insere.

Penso que não podemos “nos dar ao luxo” de ficarmos alienados em nossa prática.

Entender os autores que dão base às teorias, faz-se necessário. Como dizer que sou “construtivista” se não conheço os pressupostos de Piaget? Como mostrar-me como um(a) educador(a) que considera as relações sociais, o processo de mediação, assumindo-me como aquele que atua dentro das bases da pedagogia Histórico-Cultural se, nem mesmo, conheço os postulados de Vigotski e as análises feitas por Newton Duarte ou por Zoia Prestes sobre essa manifestação?

Creio que sem esses conhecimentos básicos, ficamos limitados e passivamente assumimos a missão de ensinar. A expectativa do(a) aluno(a) em ter uma referência que permita a reflexão do processo de aprender, da utilidade do conhecimento, da visão sobre aquilo ele(a) está aprendendo, fica fadada à experimentação desprovida de objetivos.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96) e os PCN’s nos trazem uma proposta de currículo e de objetivos. Mas devemos nos perguntar.

Professor(a) de História: existe somente uma visão acerca do conhecimento histórico?

Professor(a) de Geografia: como analisar a sociedade sem termos uma concepção acerca disso?

Professor(a) de Português e Matemática: será que as matérias escolares são desprovidas de metodologias e conteúdos construídos no decorrer do desenvolvimento da humanidade?

Professor(a) de Educação Física e Artes: o corpo e as manifestações artísticas variadas não carregam as mais diferentes formas de exposição da humanidade, emoções e potencialidades?

Como não citar a importância também das aulas de Ciências, Química, Física, Princípios Filosóficos e outras matérias adotadas por escolas diversas com objetivos diversos, seja por escrito em seu PPP, seja por influência da coordenação pedagógica da escola? O mesmo vale para escolas de idiomas, informática, instituições esportivas, entre tantas na qual está presente o processo de ensino-aprendizagem.

Para finalizar, cabe nos perguntarmos por que até hoje, em nosso ambiente de trabalho, ninguém fala sobre isso.

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