Sim, voltamos à educação bancária – exclusivo

Dalvit Greiner

Se é que alguma vez a deixamos para trás. Estamos ultrapassando o primeiro trimestre de aulas nas redes públicas de educação e é hora da meninada (gurizada, petizada, molecada, etc…) enfrentar as Avaliações Trimestrais de… Então os professores abrem os diários (eletrônicos, quanta modernidade!) e confirmam lá, a crédito, o que o aluno conseguiu acumular para, no final do ano, “passar de ano”. É isso mesmo, escola é assim. Você tem um crédito pré-aprovado (100 pontos) e vai confirmando-o. Pode abrir mão de algum quando não estiver afim ou em condições de realizar um ou outro trabalho. Porém, tome cuidado para que seu crédito não fique inferior a 60% por cento, senão: BOMBA!

Em O Sentido do Passado, Eric Hobsbawn (1917-2012) fala-nos que “cada geração copia e reproduz sua predecessora até onde seja possível”, ou seja, até onde uma novidade se impõe no meio do caminho e provoca uma mudança. E, creio, essas novidades podem vir de todos e quaisquer lados: por isso temos várias “Histórias” e não apenas uma. Mas, o que tem o parágrafo dois a ver com o parágrafo um?

Sinto que em nossas escolas quando falamos de Avaliação de Alunos, para ficarmos apenas nisso e por enquanto, continuamos copiando e repetindo nosso passado escolar, seja em que nível for, da Educação Básica à Universidade. O pouco de avanço que tivemos nesse quesito, em Belo Horizonte, com a Escola Plural – avanço teórico, diga-se de passagem – perdeu-se quando, no ano passado, voltamos com a notação para informar o rendimento dos alunos em nossas escolas municipais. Consagramos um modelo que imaginei já estar no passado.

E aqui ouso elencar vários equívocos do passado que voltamos a repetir, pois, institucionalmente, as Secretarias de Educação e as Universidades não souberam criar e ensinar a novidade, qualquer novidade, para que pudéssemos deixar no passado a ineficiente educação bancária que Paulo Freire criticava e combatia.

Comecemos com as Universidades que formam as professoras e professores: o que se estuda hoje em termos de Avaliação de Alunos? Em que medida o aprendido por nós, licenciados, nos permite entender a diferença prática entre instrumentos de avaliação e Avaliação? Aprende-se hoje, nas universidades, a escolher e montar um bom instrumento de avaliação, ou continuamos apenas a montar questionários? Que leituras aprendemos a fazer dos instrumentos de avaliação que usamos? Se existe alguma novidade, não a vejo nos novos professores que vem chegando na escola pública e com os quais convivo. Chegam e se adaptam ao mundo do receituário já instalado, justamente por não terem nada de novo para dizer e praticar. Então, repetem seus velhos professores, da Escola Básica e da Universidade.

Os erros de nossa formação inicial se perpetuam nas Secretarias de Educação quando não se atualiza o aprendido inicialmente. Claro, um é consequência do outro. Se não há novidade na Universidade, atualizar o quê? A sua falta se reflete na execução. Porém, nada impede que as Secretarias pensem a novidade para que deixemos o passado para trás. A formação continuada que recebemos hoje é muito, ou totalmente, deficiente quando se fala de Avaliação de Alunos. Por isso é mais fácil voltarmos a velhos palavrões: semana de prova, nota, recuperação, bomba, conselho de classe (sem alunos, é claro!), boletim.

E assim, se não aprendemos a avaliar como vamos recuperar? Recuperar o quê ou quem? A nota ou o aluno? Inventam-se exercícios quilométricos, provas copiadas, questões embaralhadas e, vamos ao resultado da recuperação. Não se trabalha no aluno para que aprenda o que não aprendeu, pois não há tempo nem espaço para metodologias diferenciadas. Apenas testamos novamente com os mesmos instrumentos para chegar à mesma conclusão, pois não aprendemos a fazer de outra forma.

Números ajudam quando sabemos a maneira como foram construídos e que entendimento temos deles. Bauman nos alerta que, para sabermos a segurança de uma ponte devemos investir no pilar mais fraco, não no mais forte. Os números que os alunos produzem através dos instrumentos que lhes oferecemos poderiam nos dizer muita coisa. Por exemplo: em que são mais fracos. A nós professores, aos alunos e aos pais, se acordássemos como construí-los e soubéssemos como lê-los.

Ainda não aprendemos a democratizar a Avaliação. Se é isso mesmo o que o queremos. Nossos processos avaliativos são totalmente hierarquizados e autoritários. E vamos reproduzindo-os até chegar em nossos alunos. O problema é que nosso aluno não tem em quem dar bomba, uma vez que o seu cachorro não sabe o que é ZERO!

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