Professor deve atuar como militante

Dalvit Greiner de Paula

Esta é uma resposta ao que afirmou o ministro André Mendonça da Advocacia Geral da União – AGU dia 28 de maio, ao dizer que “professor não pode atuar como militante”. O que para o ministro é uma possibilidade que deve ser anulada, questionada, barrada ou qualquer outro nome que se dê ao processo de censura de opinião para mim é um imperativo. O ministro quer nos calar. Ora, o papel do professor é atuar como militante. O professor não apenas pode como deve atuar como militante. E não outra coisa.

Das principais coisas que aprendi nessa nossa profissão é a paciência. Mas, não é aquela paciência para tolerar (verbo ruim) os filhos dos outros. Essa paciência que tolera nos adoece. Nossa paciência é a capacidade de insistir na aprendizagem dos mais novos pela transmissão do conhecimento e dos mais velhos pelo debate de ideias. Se não temos paciência devemos construí-la todos os dias quando entramos em nossas salas de aulas e de professores. Uma paciência que constrói é aquela que ouve, pensa e responde calma e pacientemente, acreditando sempre que o outro – e nós também – construirá uma nova reflexão sobre determinado tema. Construirá um novo conhecimento. Se não temos esta paciência, melhor deixar a profissão.

Essa paciência nos leva à necessidade de aprendermos e ensinar com o tempo. Nenhum conhecimento será construído como toque de mágica, no imediato bíblico do “faça-se a luz”, seja física ou como metáfora do conhecimento. Conhecimento exige tempo e persistência. E por isso devemos insistir na nossa luta por uma escola que ofereça mais tempo aos nossos estudantes. Com tão pouco tempo em sala de aula a diversidade que é o conhecimento fica reduzida às questões mais importantes. E quem escolhe o que é mais importante? Ultimamente tem sido o gestor (palavra horrível, mas verdadeira) por meio de decretos, portarias, instruções, avaliações. De modo que só nos resta obedecer, na medida em que, coletivamente nossa desobediência não tem se saído muito bem.

Outra característica é o compromisso com a Verdade. Assim mesmo, com letra maiúscula. Todo professor tem um compromisso com a Verdade: isso não quer dizer que a sua palavra tem que ser a Verdade, mas que deve busca-la em todos os seus atos. Chega a ser desumano tal exigência numa profissão qualquer, porém isso não é da profissão: é do humano. Kant já nos alertava de que toda inteligência é moral, pois a pessoa inteligente sabe distinguir o bem do mal. Partindo desse princípio e – torcendo – que professores são a vanguarda da inteligência de uma sociedade (não os únicos, claro!), nosso compromisso com a Verdade é indispensável em nossa profissão.

Então, senhor Ministro André Mendonça: os professores não apenas podem atuar como militantes. Eles DEVEM atuar como militantes. Assim mesmo, com letras maiúsculas e em negrito, de forma a ficar bem claro! A nossa militância em favor da Verdade é um dever da nossa profissão. Ah, bom, mas o senhor Ministro disse a expressão “militância partidária”. E quero deixar claro que omiti a expressão no início desse texto para ser mais abrangente, para falar da Verdade como uma das principais características da nossa profissão. Também para não passar a impressão de que apenas um partido político é detentor da verdade, pois não creio nisso. Se há alguma confusão com alguns partidos políticos isso não se deve a intenção dos professores, mas apenas a realidade que nos cercam.

Portanto, senhor Ministro é impossível não atuar como militante a favor da Verdade quando a verdade são milhões de crianças e adolescentes em escolas precárias, sem materialidade e sem professores. Impossível não atuar como militante quando a verdade nos apresenta estudantes famintos e sem assistência em função do desemprego de seus pais. Impossível não atuar como militante quando a verdade é a ação do atual governo que põe em prática um desmonte brutal da educação pública precarizando todas as relações sociais e escolarespara valorizar o ensino pago e privado. Impossível não atuar como militante quando a verdade se apresenta num esgarçamento do tecido social provocado deliberadamente como estratégia de governo penalizando mulheres, pobres, negros, LGBT’s e toda uma sociedade não branca e não heterosexual. Impossível não atuar como militante quando esse Governo, do qual Vossa Excelência é parte e partícipe, usa como estratégia política o uso da violência e do extermínio de opositores dessas e outras verdades que tem sido a nossa realidade como cidadãos e professores.

Se há, portanto, alguma confusão com outros partidos políticos é porque faz-se necessário perceber quem está mais próximo de solucionar problemas que são verdadeiros. Problemas que estão sendo anunciados nas ruas aos berros. Verdades ignoradas por este Governo.

Rumo ao 14 de junho quando colocaremos, mais uma vez, a Verdade na praça! E é lá na praça e nas escolas que continuaremos militando pela Verdade.


Imagem de destaque: Yolanda Assunção

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