Poeminha em língua de brincar

Autor: Manoel de Barros

Editora: Record

Cláudia Chaves Fonseca

Apesar de ser menos conhecida, a obra poética para crianças de Manoel de Barros (1916-2014) é tão encantadora quanto sua produção literária para adultos. Entre os títulos do autor destinados às crianças – entre eles os Exercícios de ser criança, O fazedor do amanhecer, Memórias inventadas para crianças e Histórias da unha do dedão do pé do fim do mundo – destaca-se o Poeminha em língua de brincar, publicado em 2007.

O livro, em versos, apresenta um menino que gosta de contar histórias na ‘língua de brincar’, uma forma de expressão infantil, que não segue qualquer regra gramatical ou estilística. A todo momento o garoto é questionado pela Dona Lógica da Razão, uma personagem que “usa bengala e salto alto”, resumindo a língua de brincar como “idiotice de criança”. O menino reage afirmando: “se o nada desaparecer, a poesia acaba”.

Com ilustração de Martha Barros, filha do autor, o livro chama a atenção das crianças para o valor da imaginação poética. Para o professor de literatura infanto-juvenil Rodrigo Araújo (http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/literatura/0160.html) , “a infância na poesia de Manoel de Barros admite um caráter lúdico e inovador. Lúdico por escrever com a inocência e a felicidade do discurso infantil, por incorporar seu próprio personagem para retratar um tempo de menino cuja memória está internalizada no jogo discursivo do poeta e também inovador por apresentar uma escrita intrigante quando desconstrói termos simples e primitivos para construir o “novo”. Em cada palavra inventada é destacável a recordação como volta a um passado, fazendo da poesia lugar da esfera lúdica, remetendo-nos ainda a uma complexidade de indagações sobre a memória e o ato de escrever.”

De acordo com o site oficial do autor (www.fmb.org.br), Manoel de Barros nasceu em Cuiabá-MT, em 1916. Até os 17 anos viveu entre a casa da família e um internato, onde iniciou os estudos. Sua vida acadêmica se passou na cidade do Rio de Janeiro, onde ficou até se formar bacharel em Direito, em 1941. Viveu também em Nova Iorque, Paris, Itália e Portugal.

Conheceu Stella, sua esposa e com ela voltou para o Pantanal-MS, para assumir uma fazenda de gado que recebera de herança, passando a dividir seu tempo entre o Rio de Janeiro e o Pantanal. Ainda que, nesta época, vivesse afastado dos círculos literários, sua poesia já vinha tomando corpo.

Pertencente à geração de 1945, em que despontaram os grandes poetas brasileiros da metade do século XX. Manoel constrói uma linguagem inovadora, que chega ao limite da agramaticalidade, cheia de neologismos e, ao mesmo tempo, remetendo a língua portuguesa às suas raízes mais profundas.

 “O que escrevo resulta de meus armazenamentos ancestrais e de meus envolvimentos com a vida”, disse o poeta. “Sou filho e neto de bugres, andarejos e portugueses melancólicos. Minha infância levei com árvores e bichos do chão. Penso que a leitura e a frequentação das artes desabrocha a imaginação para um mundo mais puro. Acho que uma inocência infantil nas palavras é salutar diante do mundo tão tecnocrata e impuro. Acho mais pura a palavra do poeta que é sempre inocente e pobre”.

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